Bom Samaritano (Lc X, 30-37)

PARÁBOLAS EVANGÉLICAS — O BOM SAMARITANO (Lc X, 30-37)

30 Iéshoua retoma e diz:
«Um homem desce de Ieroushalaîms a Ieriho e cai no meio de bandidos.
Eles o depenam, enchem-no de golpes, e vão embora, deixando-o quase morto.
31 Por coincidência,
um ministrante desce por essa estrada.
Ele o vê e toma o lado oposto.
32 Assim também um Lévi, passando por esse lugar. Ele o vê e toma o lado oposto.
33 Um Shômroni que passa por ali chega perto dele, vê, é tocado nas entranhas,
34 aproxima-se, faz curativos em seus ferimentos e lhe derrama óleo e vinho.
Depois o faz subir em sua própria montaria e o leva à pousada, onde cuida dele.
35 No dia seguinte, toma dois denários, entrega-os ao hospedeiro
e diz: “Toma conta dele.
O que gastares a mais,
eu te restituirei na minha volta.”
36 Em tua opinião, qual desses três foi o companheiro do homem caído nas mãos dos bandidos?»
37 Ele diz: «Aquele que o matriciou.»
Iéshoua‘ lhe diz: «Vai! Faze o mesmo tu também!» [André Chouraqui]


A parábola desenvolve uma figuração em resposta à pergunta “quem é o próximo?”, quem é aquele que devemos amar segundo o duplo mandamento: amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo (v. Nothomb Como a Ti Mesmo). A parábola faz uso de cinco personagens diante da necessidade de socorrer um deles, atacado por bandido e deixado à morte: o homem atacado, o sacerdote, o levita, o samaritano, o hospedeiro. O socorro é um ato de caridade, de atenção, de cura, que justamente caracteriza àquele que seria o próximo, e que portanto deve ser amado. O samaritano, figurando este “próximo”, é aquela única parte da alma que a socorre, que a atende, e garante que seu hospedeiro, o corpo, a mantenha com os recurso que “paga” para que o sustente. Cabe investigar o samaritano enquanto um tipo, com certo privilégio nos Evangelhos, ao mesmo tempo que rejeitado pelos judeus.


Clemente de Alexandria: BOM SAMARITANO

Orígenes: HOMÉLIES SUR SAINT LUC XXXIV — QUI EST MON PROCHAIN ?; O BOM SAMARITANO

Ambrósio de Milão: BOM SAMARITANO

Agostinho de Hipona

Un hombre bajaba de Jerusalén a Jericó: se trata de Adán; Jerusalén es la ciudad celeste de la paz, de cuya bienaventuranza cayó Adán; Jericó designa la luna y significa nuestra mortalidad, porque la luna nace, crece, mengua y muere. Los ladrones son el demonio y sus ángeles. Los cuales le despojaron, es decir, le privaron de su inmortalidad; le golpearon, incitándole a pecar; y le dejaron medio muerto, porque el hombre vive en la medida en que es capaz de conocer y comprender a Dios, y está muerto en la medida en que es debilitado y oprimido por el pecado; por eso se le califica de medio muerto. El sacerdote y el levita que le vieron y pasaron de largo designan al sacerdocio y al ministerio del Antiguo Testamento, que eran incapaces de procurar la salvación. Samaritano significa «guardián», y este nombre designa al mismo Señor. El vendar las heridas es la represión del pecado. El aceite es el consuelo de la buena esperanza; el vino, la exhortación a trabajar con espíritu fervoroso. La cabalgadura es la carne en que el Señor se dignó venir a nosotros. El ser colocado sobre la cabalgadura es la fe en la encarnación de Cristo. La posada es la Iglesia, donde los viajeros que regresan a su patria celestial reparan sus fuerzas después de la peregrinación. El otro día es el que sigue a la resurrección del Señor. Los dos denarios son los dos preceptos del amor o bien la promesa de esta vida y de la futura. El posadero es el Apóstol (Pablo). El pago supererogatorio es su consejo del celibato o bien el hecho de que él trabajara con sus propias manos para no ser una carga a ninguno de los hermanos más débiles cuando el evangelio estaba en sus comienzos, aunque le era legítimo «vivir del evangelio» (Quaestiones Evangeliorum, III, 19, ligeramente abreviado). (Exegese resumida por C.H. Dodd)

Tomas de Aquino: Catena Aurea


Marcion: BOM SAMARITANO

Valentino: BOM SAMARITANO

Antonio Orbe: Parábolas Evangélicas em São Irineu

  • A parábola não aparece nas notícias dos heresiólogos.
  • Os heresiólogos ensinam que o Jesus marcionita baixou desde o céu, no ano XV de Tibério, a Cafarnaum, e se pois a doutrinar na sinagoga.
  • A descida do salvador a Cafarnaum significava o arranque de uma nova economia.
  • O filho enfermo do régulo, em Cafarnaum, e o ferido da parábola do bom samaritano, a caminho de jericó, se prestam a mesma alegoria. Ambas descidas concordam com o simbolismo toponímico: um topos caracterizado pela enfermidade (chagas), ignorância, pecado; e governado por arcontes estranhos ao Deus supremo, opostos a salvação (saúde) humana.
  • Os valentinianos oferecem sugestivas considerações no Evangelho de Felipe:
    • O amor (agape) espiritual é vinho e bálsamo. O gozam quantos são ungidos com ele. Gozam (apolauein) também (dele) os que se mantém fora deles, enquanto junto a eles estão os consagrados. Os que são ungidos com o óleo, se se afastam deles e se vão: e os que não são ungidos, só quando estão longe deles permanecem ainda em sem seu mau cheiro. O samaritano não deu ao ferido outra coisa que vinho e óleo. Não é senão a unção. E sarou suas feridas, porque “o amor (agape) cobre uma multidão de pecados” (1Pe 4,8; Isaque 5,20).
    • O autor realça a eficácia da caridade, que cobre a multidão dos pecados e cura as feridas. O samaritano provavelmente simboliza o Salvador; o ferido, ao homem. O vinho e bálsamo (respectivamente vinho e óleo) evocam a unção dos enfermos, segundo o rito valentiniano com eficácia máxima sobre os “espirituais”. Mas entendidos aqui a um nível mas geral simbolizam a agape e a gnosis. Dotado de bom odor, se o comunica, em alguma forma a todos aqueles psíquicos a quem se aproxima como a próximos. Há uma leve alusão ao sacerdote e ao levita da parábola, que passam junto ao ferido e se vão, e o abandonam em seu mau odor. Enquanto o samaritano se detém a ungi-lo, outorgando-lhe com a saúde o aroma de Deus.
    • O autor, dissimuladamente, daria a entender que só é capaz de saúde perfeita (com definitivo odor) o homem espiritual. Enquanto os demais participam enquanto vivem unidos a ele — tal é o caso do psíquico vestido do espiritual — ou em sua zona de influência.

Taciano, que menciona la parábola, apenas permite restituirla. El v.36 — según él — leería: «¿Quién de éstos te parece haber sido prójimo para el herido?» 37: Díjole: «El que hizo misericordia. Díjole (Jesús) a él: También tú obra parecidamente». Ad graecos ofrece alguna perícopa que recuerda valiosos elementos.

«A la manera como los salteadores, por su carácter inhumano, se valen de la audacia para dominar a los semejantes, así también los demonios, después de sumir en la ciénaga de la malicia a las almas, entre vosotros solitarias, las engañan mediante ignorancias y fantasías».

Y capítulos después:

«Los demonios no curan, sino que artificiosamente esclavizan a los hombres. Con razón proclamó el muy admirable Justino que se asemejan a los ladrones. Estos acostumbran atrapar a unos y devolverlos luego a los familiares a precio de oro; así los demonios…».

Ninguno de los fragmentos denuncia su inspiración en Lc 10, 30ss. El recurso a los ladrones (lestai), muchas veces empleado por Taciano para indicar los demonios, resulta genérico e inspirado directamente en San Justino.


Maurice Nicoll: BOM SAMARITANO