Evangelho de Jesus

A “Boa Nova” de “Jesus” nos importa enquanto algo novador e bom, tradição-transmissão salvífica, nascida entre os judeus e disseminada desde então a todos. ESTA PALAVRA É E POR ELA, COM ELA E DELA SE É. Desde seu nascimento até sua morte e ressurreição ela se inicia, se dá e se realiza em cada ser humano, segundo a medida de cada um.

O Novo Testamento foi escrito em grego, mas pensado em hebraico. A língua hebraica não só oferece muitos elementos para sua compreensão, mas posso garantir-lhe uma coisa: ele só é inteligível através do Antigo Testamento. As palavras são gregas com sotaque semita, de ponta a ponta.


Os quatro Evangelhos são quatro grandes parábolas, que encerram uma infinidade de símbolos, todos eles convergentes em algumas ideias fundamentais, particularmente a na vida e na ressurreição: a nova criação.

Você não acha significativo que dois Evangelhos, o de Marcos e o de João, comecem com as palavras do Gênesis “No princípio” (Bereshith), “Princípio” (Reshít)? Mateus e Lucas também fazem alusão explícita ao Gênesis: “Bíblos Genéseos Iésu Christú” (Mt) e “Oi ap’Archés” (Lc).

— Se tudo isso é parábola, onde ficam os fatos?

— Quem disse que uma parábola destrói os fatos? O maior fato do universo é a VIDA, a criação, a ressurreição. É precisamente isso que nos vem falar os Evangelhos. Os Evangelhos são uma profissão de fé na perenidade da obra criadora, na vida e na ressurreição. (excertos de Rômulo Cândido de Souza, “Palavra, Parábola)


Os Evangelhos são somente dramatizações — ou, em outras palavras, christianizações — da tragédia de Lydda. São rituaes dramáticos, e os trez primeiros evangelhos — os chamados synopticos — são primeiras redacções: só no Quarto Evangelho está acabada a dramatização, e postos os sellos mágicos. Porisso, para o Catholico verdadeiro, são dispensáveis os outros Evangelhos. Quanto ao Velho Testamento, não é para elle mais que litteratura hebraica, que pode ler como homem, mas não acceitar como crente.Diz-se que a Grande Reforma, como a pensou a Ordem de Christo, se baseava nos cinco pontos seguintes (1) As bases do Christianismo, isto é do Catholicismo Liberto e Puro, seriam (a) o Evangelho de S. João, (b) as Epístolas de Paulo, (c) o Apocalypse; (2) tudo mais que está na Bíblia, Velho e Novo Testamento, seria rejeitado como impuro e «não acceito».

Dada a tragédia de Lydda, os Demiurgos ergueram o Martyr em Verbo.

Tudo quanto o V. T. poderia ministrar de verdadeiro está fechado no 4.° Evangelho.

Os Evangelhos são rituais dramáticos, nada tendo que ver com qualquer realidade histórica. [Fernando Pessoa — SUBSOLO (Esp. 54-74)]


É possível distinguir entre os textos neotestamentários as formas expressivas peculiares da escola palestinense de Mateus, muito relacionada ao que parece com os métodos utilizados pela comunidade de Qumram; a escola talmúdico-midrástica de João, em Éfeso; a elaboração peculiar de Lucas, entranhada com os procedimentos de Paulo, e sobre tudo isso, a base hermenêutica geral proporcionada com agilidade surpreendente pelo trabalho construtivo de Marcos. [RPET]

EVANGELHOS: EVANGELHO DE MATEUS; EVANGELHO DE MARCOS; EVANGELHO DE LUCAS; EVANGELHO DE JOÃO