Evangelho Personagens

Considerando o Evangelho como o próprio nome indica uma “Boa Nova”, ou seja uma mensagem para os que neste mundo se encontram, fazendo lembrar de Deus e de seu reino (que não é deste mundo), seria interessante estudar os relatos desta mensagem (certamente não históricos) como quadros que guardam a mensagem em sua riqueza simbólica. Nestes quadros se faz uso de figuras humanas, angelicais, animais, além de objetos animados e inanimados. Este conjunto de entes compostos em um enredo configuram o que chamo de “quadro” da uma determinada mensagem a ser interpretada, para assim se obter o conhecimento salvífico, a gnosis. A chave de sua interpretação tem um princípio determinante de “Boa Nova”, ou seja algo absolutamente “novo”, fora do comum e ordinário, e fundamentalmente “bom”. Algo assim capaz de provocar, enquanto se torna gnosis, a metanoia necessária ao acesso ao reino de Deus. Nesta seção, se reúnem dados sobre os personagens deste diferentes quadros que compõem o Evangelho de Jesus, acreditando que cada um guarda um sentido relevante para compreensão do quadro onde aparece, e por conseguinte da mensagem que dele se serve.

Alguns personagens se destacam inteiramente por sua condição de eixo da mensagem em si. Outros se destacam por sua íntima associação com o eixo da mensagem. Outros, por fim, se destacam pela frequência com que aparecem em diferentes quadros desta mensagem. Por último temos aqueles “personagens acessórios” cuja presença aporta algum apoio para composição do quadro e por conseguinte sua compreensão.

Dentre os primeiros encontram-se evidentemente o PAI, o FILHO e o ESPÍRITO SANTO, assim como JESUS e o CRISTO. Dentre os segundos, um lugar especial cabe a MARIA, Mãe de Deus (THEOTOKOS); cabe também considerar JOÃO BATISTA e talvez alguns dos Discípulos. Em seguida viriam os demais personagens que podem ser ordenados por sua frequência de aparição e também pela relevância da mensagem do quadro em que aparecem.

É importante ressaltar que este tipo de estudo se assenta sobre algumas premissas fundamentais. No caso de desconsideradas estas premissas, o estudo não tem sentido, e nem merece ser lido. A primeira é, como foi dito, que estes personagens participam do significado de quadros que compõem uma “Boa Nova”. Para ser uma “nova” “boa” para quem vive na mundanidade do mundo, e assim reconhece como tal este mundo ordinário, decorre outra premissa, qual seja: os personagens como figuras históricas não aportam nenhum sentido mais profundo e transformador a nossa vida, mesmo enquanto retratos de vidas exemplares. Suas vidas históricas, embora nobres e admiráveis, se efetivamente retratadas nos evangelhos, só importam efetivamente aos próprios, em seu trabalho espiritual. Exceto como exemplo de vida, não faz qualquer sentido para nossa vida pessoal saber detalhes da possível existência histórica de Jesus, de Maria (sua mãe), ou de qualquer outro personagem.

Certamente não afeta em nada nossa vida, qualquer tentativa de biografia destes personagens, por mais notável que tenha sido a vida de cada um deles. O que foram e fizeram, pode ser uma linda história cheia de poesia, entretanto não contribui em nada ao que cada um de nós é e deve fazer. Por outro lado, a mensagem, a “Boa Nova”, em que se inserem, enquanto figuras de diferentes quadros de um drama cósmico do qual faço parte (embora ignorante e desatento), pode vir a se constituir em forma de gnosis, e promover a metanoia necessária ao engajamento responsável e consciente de cada um neste drama cósmico, e fortalecer a possibilidade concreta de união com Deus.

É na crença e no necessário afã de fazer da “Boa Nova”, nova e boa, e não histórica, “mundana” e social, que se desenvolvem os estudos que se seguem sobre os “personagens” do Evangelho de Jesus, levando em conta o que já foi apresentado e sempre incrementado, sobre o PAI, o FILHO, o ESPÍRITO SANTO, JESUS, CRISTO, MARIA e a THEOTOKOS. Assim sendo nosso primeiro personagem será JOSÉ, esposo de MARIA, embora recomende que se leia a GENEALOGIA DE JESUS, pelos personagens que nomeia, na abertura de dois dos quatro evangelhos canônicos (Mateus e Lucas).

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