Caim e Abel

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René Guénon: AS CONDIÇÕES DA EXISTÊNCIA CORPORAL

Esto está muy claramente expresado en el simbolismo bíblico: en lo que concierne a la aplicación cosmogónica especial del mundo físico, Qaïn (“el fuerte y potente transformador, aquel que centraliza y asimila”) corresponde al tiempo, Habel (“el dulce y pacífico liberador, quien libra y sosiega, quien evapora, quien fue el centro”), al espacio, y Sheth (“la base y el fondo de las cosas”) al movimiento (ver los trabajos de Fabre d’Olivet). El nacimiento de Qaïn precede al de Habel, es decir, la manifestación perceptible del tiempo precede (lógicamente) a la del espacio, al igual que el sonido es la primera de las cualidades sensibles; la muerte de Habel en manos de Qaïn representa entonces la destrucción aparente, en la exterioridad de las cosas, de la simultaneidad por parte de la sucesión; el nacimiento de Sheth es consecutivo a esta muerte, está como condicionado por aquello que representa, y no obstante Sheth, o el movimiento, no procede de Qaïn y Habel, o del tiempo y el espacio, aunque su manifestación sea una consecuencia de la acción del uno sobre el otro (considerando entonces al espacio como pasivo respecto al tiempo); como ellos, nace del propio Adam, es decir, procede tan directamente como ellos de la exteriorización de las potencias del Hombre Universal, quien, como dice Fabre d’Olivet, lo ha “generado por medio de su facultad asimiladora y su sombra reflejada”. El tiempo, en sus tres aspectos de pasado, presente y futuro, une entre sí todas las modificaciones, consideradas en tanto que sucesivas, de cada uno de los seres a quienes conduce, a través de la Corriente de las Formas, hacia la Transformación final; así, Shiva, bajo el aspecto de Mahâdêva, con sus tres ojos y esgrimiendo el trishûla (tridente), se mantiene en el centro de la Rueda de las Cosas. El espacio, producido por la expansión de las potencialidades de un punto principial y central, hace coexistir en su unidad la multiplicidad de las cosas, que, consideradas (exterior y analíticamente) como simultáneas, están todas contenidas en él y penetradas por el Éter, que todo lo abarca; del mismo modo, Vishnu, en su aspecto de Vâsudêva, manifiesta las cosas, las penetra en su esencia íntima a través de múltiples modificaciones, repartidas en la circunferencia de la Rueda de las Cosas, sin que la unidad de su Esencia suprema sea alterada (cf. Bhagavad Gita, X). En fin, el movimiento, o de toda modificación o diversificación en lo manifestado, ley cíclica y evolutiva, que manifiesta Prajâpati, o Brahma considerado en tanto que “Señor de las Criaturas”, al mismo tiempo que es “el Substanciador y el Sustentador orgánico”.

Roberto Pla: Evangelho de ToméLogion 87

Na saga genesíaca de Caim e Abel, o primogênito era lavrador e fazia oblação a Deus “com frutos do solo” e Abel, pastor, fazia sua oblação a Deus com os primogênitos de seu rebanho. O autor sagrado, diz que “YHWH teve um olhar propício a Abel, e sua oblação, mas não olhou propício a Caim e sua oblação”. E porque a oblação de um olhou propício e a do outro não? É seguro que não quis dizer o redator que YHWH era um Deus arbitrário e caprichoso, senão que a oblação de Caim, de tão baixo nível, feita de produtos “do solo”, não podia agradar a Deus.

  • O “solo” do Paraíso é o “solo” psíquico, apegado à carne, psicossomático (v. Paul Nothomb).

Tal como se disse mais tarde da parelha mítica Esaú e Jacó, também Caim e Abel constituíam “duas nações” (v. Nações), duas regiões psíquicas bem diferenciadas, saídas “das mesmas entranhas”, mas chamadas a dividir-se.

  • Como as duas mulheres (almas) evangélicas que moem juntas, e os dois homem que trabalham o campo juntos, conforme a VINDA DO FILHO DO HOMEM.

Excepcionalmente, no relato dos irmãos Caim e Abel, é ao segundo que corresponde morrer. Esta parelha mítica, a primeira desta espécie que se menciona na Escritura, tem um signo inverso, por ser prototestamentária e com ela não se narram ainda, nem sequer “em imperfeição”, a subida ao Calvário, senão a descida genesíaca da consciência ao mundo. Por isto, morreu Abel e restou Caim. Mas este último não prevaleceu, em opinião do autor sagrado, e ademais foi severamente advertido: “Ainda que lavres o solo não te dará mais seu fruto (de perdição)”.


Leo Schaya: A CRIAÇÃO EM DEUS [LSCD]

O ato de união de Adão e Eva no “conhecimento do bem e do mal”, se substituindo a sua união no “Deus Vivo” ou na Árvore de Vida, se repetiu em sua nova existência terrestre. É o primeiro ato destacado pela Bíblia depois da descrição de seu pecado e de sua expulsão do Éden: “Adão conheceu Eva; ela concebeu e deu à luz a Caim, e ela disse: ‘Formei um homem com (a ajuda) YHWH (Deus em seu aspecto misericordioso)”. Ela ainda deu à luz a seu irmão Abel” (Gen 4, 1-2).

Eva, que havia “deformado” — a princípio nela mesma, depois em Adão, — o ser primordial e deiforme do homem provocando assim a reação do Rigor divino ou de Elohim, disse ter agora “formado” um homem com a ajuda de YHWH ou da Graça de Deus. É, presentemente, a manifestação da “Graça no Rigor” da terra maldita, depois da atualização do “Rigor na Graça” edênica. Mas o novo homem, Caim, não é “nascido de Deus” e da “terra virgem”, etérea e incorruptível, como Adão, nem tirado do homem inocente, como Eva. Caim nasceu do homem e da mulher depois da Queda; sendo ao mesmo tempo engendrado com a “ajuda de YHWH”, porta a marca do pecado original, do “assassinato” da alma deiforme cometido por seus pais no Éden. Ele concretizará a imagem deste crime interior assassinando seu irmão Abel, a personificação da alma em sua afirmação pura de Deus. Apesar de seus pais que, se afastando interiormente de Deus, se ocultaram “longe de sua Face” no Paraíso, Caim, ele também, acabou por se “ocultar longe de Sua Face”; é o que caracteriza o estado de Queda, de separatividade, de Dualismo. É o estado do bem relativo destacado do Bem absoluto e atualizando o mal, a negação do Infinito pelo finito, da Vontade Divina pelo querer humano, do Espírito Santo pelo espírito “adverso”, tentador e enganador, a “serpente antiga”.


Paul Nothomb: O HOMEM IMORTAL [PNHI]

A palavra que se traduz geralmente por “pecado” na Bíblia se diz em hebreu heth cuja raiz significa “não alcançar sua meta”, “mirar errado”. Esta palavra aparece pela primeira vez no texto bíblico logo antes do assassinato de Abel por Caim, como um aviso a este. “Atenção, diz Deus a Caim, ofendido porque sua oferenda foi recusada, o pecado te faz mal” (Gn 4,7). Mas Caim vai “visar mal”, e em cedendo a seu rancor fazer o que é bom a seus olhos e matar seu irmão. E comete o “ra’” em buscando o que estima na sua cólera ser o “tov” para ele (v. ÁRVORE DA ONISCIÊNCIA). Como seus parente, ele crê saber melhor que Deus o que o tornará feliz e se condena ele mesmo a infelicidade. Erro de apreciação, estrabismo intelectual que se acentuará, até chegar, depois do Dilúvio, à constatação do “instinto mau do coração do Homem desde sua juventude”.


Meditações Tarô

A distinção entre essas duas formas da simbólica (simbolismo tipológico e simbolismo mitológico) é inteiramente desprovida de alcance prático; é à sua confusão que se devem atribuir muitos erros de interpretação das fontes antigas, inclusive da Bíblia. Assim, por exemplo, alguns autores consideram a narração de Caim e Abel como tipológica. Eles querem ver nela os símbolos das “forças centrífugas e centrípetas” etc. Mas a história de Caim e Abel é um mito, isto é, exprime, na forma de narração de um caso particular, uma ideia “eterna”, referindo-se, consequentemente, ao tempo e à história, e não ao espaço e à sua estrutura. Ela nos mostra que irmãos podem tornar-se inimigos mortais pelo fato de adorarem, do mesmo modo, o mesmo Deus. Essa história revela a fonte das guerras de religião; a sua causa não é a diferença de dogma, de culto ou de rito, e sim unicamente a pretensão à igualdade ou, se preferirmos, a negação da hierarquia. Temos aqui também a primeira revolução do mundo — o arquétipo (o Urphanomen de Goethe) de todas as revoluções passadas e futuras da humanidade, uma vez que a causa de todas as guerras e revoluções — numa palavra, de toda violência — é sempre a mesma: a negação da hierarquia. Essa causa já se encontra em germe num nível tão elevado como é o ato comum de adoração do mesmo Deus por dois irmãos, e nisso está a revelação perturbadora da história de Caim e Abel. E como os homicídios, as guerras e as revoluções continuam, a história de Caim e Abel permanece sempre válida e atual. Ela é um mito e um mito de primeira ordem.