Primeiro Mandamento (Mt XXII, 36-40; Mc XII, 28-34; Lc X, 25-28)

LOGIA JESUS — PRIMEIRO MANDAMENTO (Mt XXII, 36-40; Mc XII, 28-34; Lc X, 25-28)

EVANGELHO DE JESUS: Mt 22:36-40; Mc 12:28-34; Lc 10:25-28.

25 E eis, um instrutor da torá levanta-se para pô-lo à prova e diz:
«Rabbi, que fazer para herdar
a vida em perenidade?»
26 Ele lhe diz: «Que está escrito na torá?
Como lês tu?»
27 Ele responde e diz: «Amarás a IhvH, teu Elohîms, de todo teu coração, de todo teu ser, com toda a intensidade, com toda tua inteligência, e teu companheiro como a ti mesmo.»
28 Ele lhe diz: «Respondeste justamente.
Faze isso e viverás!» [Chouraqui]


Tomás de Aquino: Catena aurea — Mateus, Marcos, Lucas


Roberto Pla: Evangelho de ToméLogion 25

Esta condição objetiva da alma (nefes) se manifesta especialmente na perícope veterotestamentária na qual se menciona o primeiro mandamento, o maior da Lei, segundo o redator do Deuteronômio: “Amarás a YHWH, teu Deus, com todo teu coração, com toda tua alma (nefes) e com toda tua força” (Dt 6,5). Não há necessidade de entrar aqui a distinguir entre as três formas ou potências de amor que o autor sagrado nomeia, pois talvez se trate de uma forma tautológica, não muito definida, empregada para sugerir um amor total, completo.

  • Os evangelistas sinópticos diferem os três, cada qual a seu modo, do autor do Deuteronômio ao enumerar as potências amorosas: Mateus (22,37) — coração-alma-mente; Marcos (12,32) — coração-força-inteligência; Lucas (10,19): coração-alma-força-inteligência.

Mas ao designar várias áreas distintas, de ordem física e psíquica, além de afirmar a inter-relação orgânica do corpo com a psique, mostra o total alcance objetivo que desde o ponto de vista testamentário, em ambas escrituras, tem o conceito de alma. Aquele a quem o escritor sagrado pede que ame, não é uma alma que ama senão um Ser essencial que põe a contribuição todas as potências de sua coração, de sua alma, de sua inteligência, de sua mente e talvez sua própria força, em amar a seu Deus. Com isto se demonstra que o conceito teológico que vê ao homem como uma combinação binária de corpo e alma, é insuficiente e não justificável, e que tem razão Paulo Apostolo quando explica que a totalidade do ser humano está conformada pelo espírito, a alma e o corpo embora o primeiro destes, o espírito, é o grande desconhecido para a consciência psíquica natural do homem. Mas o espírito, a gota de Luz, é a essência da qual a alma carece.

  • E o próprio Deus de paz vos santifique completamente; e o vosso espírito, e alma e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. (1Tess 5:23)

Evangelho de ToméLogion 48

É verdade que mercê à persistência inesgotável desse perfume do Ser, não esquece nunca de todo a consciência que há nela, em seu transfundo, um contemplador que não é ela mesma, senão seu Ser real; por isso são comuns e nunca surpreendem as expressões nas quais se denota de maneira implícita a dualidade formada pela alma, transitando em estados diversos, e o Filho do Homem que contempla ditos estados: “E direi a minha alma: alma tens muitos bens” (Lc 12,19); “amarás ao Senhor, teu Deus… com toda tua alma” (Lc 1,46); “Engrandece minha alma ao Senhor” (Mt 22, 37); ou como se diz explicitamente naquele agraphon que transmite Clemente de Alexandria: “Salva-te tu e tua alma” Excerpta ex Theodotus; ou naquela exclamação belíssima e cheia de conhecimento, de Jesus: “Minha alma está triste até o ponto de morrer” (Mc 14,34).

Jean Borella

Um momento central da revelação cristã é aquele em que Cristo enuncia o mandamento supremo que se resume no “amor a Deus”. este amor engaja o homem inteiro, razão pela qual a Sabedoria eterna se expressando através de Jesus Cristo, enumera os elementos fundamentais do ser humano que devem participar deste amor, e que assim esgotam a natureza humana. Assim fazendo Jesus retoma uma palavra de Moisés que ainda hoje é a prece por excelência “Shema Israel” (“Escuta Israel, o Senhor nosso Deus; o Senhor nosso Deus é Uno. Amarás o senhor teu Deus de todo teu coração, de toda tua alma, de todas as tuas forças.”).

Referências Amar a Deus de toda de toda de toda
Deuteronômio (VI, 5) coração tua alma tua força
Mateus (XXII, 37) coração tua alma teu pensamento
Marcos (XII, 30) coração tua alma tua força teu pensamento
Marcos (XII, 33) coração teu pensamento (synesis) tua força
Lucas (X, 27) coração tua alma tuas forças teu pensamento