PARÁBOLAS EVANGÉLICAS — O FARISEU E O PUBLICANO (Lc XVIII, 9-14)
EVANGELHO DE JESUS: Lc 18:9-14
10 «Dois homens sobem ao Santuário, para orar, o primeiro, um Paroush, o outro, um coletor.
11 O Paroush se põe de pé,
e ora assim, para si mesmo:
“Eu te agradeço, Elohîms, por não ser como o restante dos homens: ladrões, injustos, adúlteros, ou mesmo como esse coletor.
12 Jejuo duas vezes por semana
e dou o dízimo de tudo o que possuo.”
13 O coletor se mantém à distância
e não quer nem mesmo levantar os olhos para o céu. Mas bate no peito
e diz: “Elohîms, socorre-me, a mim que sou faltoso!”
14 Eu vos digo: este desce justificado para sua casa, aquele não.
Todo homem que se exalta é humilhado, quem se humilha, é exaltado.» [Chouraqui]
Antonio Orbe: CONVIDADOS; REINO DOS PEQUENINOS; MAIOR DENTRE TODOS
Marcion reteve a parábola para ridicularizar a hipócrita religiosidade judia, e para rechaçar o culto de Jeová. Seu pensamento se conhece através de Tertuliano.
- “E acercando-se certo fariseu, sacerdote, por nome Levi, saiu junto com eles e disse ao Salvador: ‘Quem te autorizou a pisar este lugar de purificação e ver os vasos sagrados, sem lavar-te e sem que teus discípulos se tenham banhado os pés? Pisastes não limpo o templo, lugar puro, que ninguém pisa se não quem se banhou e mudou a vestimenta, nem ousa olhar os vasos sagrados’. O Salvador parou com os discípulos e lhe contestou: ‘Então tu, que estas no templo, crês ser puro? Disse-lhe ele: Eu estou, pois me lavei no tanque de Davi e subi por uma escada separada da que empreguei para descer, e pus vestimentas limpas e brancas. E só então vim e me atrevi a olhar estes vasos sagrados’. ‘Ai de vós cegos que não veis. Te lavaste na água corrente onde se jogam cães e cerdos de noite e de dia. E, ao lavar-te, limpaste o exterior da pele, o que as meretrizes e flautistas perfumam, lavam e adornam para concupiscência dos homens; enquanto por dentro estão como cheios de escorpiões e toda sorte de malícia. Mas no tocante a mim e a meus discípulos, que dizes não nos termos banhado, nos lavamos em águas de vida eterna, que procedem de…’” Oxyrh. Pap
- O fariseu era o tipo ideal do judeu, antítese do verdadeiro cristão. Amigos de justiças externas, como seu Deus, e por elas canonizado. Cristo o reprovou, justificando ao injustificável publicano, do ponto de vista hebreu. Poucas parábolas ratificavam com tanta evidência para Marcion o signo do Evangelho, abertamente contrário ao templo, a seus adoradores natos e a seu deus.
O Comentário ao Diatessaron não permite descobrir as cláusulas de Taciano. Escreve Efrem: “O fariseu que orava, dizia de si coisas verdadeiras; mas por dizê-las com jactância, e o publicano (por sua vez), com humildade, seus pecados, a confissão das faltas deste agradou mais a Deus que a ostentação das esmolas daquele”.
- As linhas de Efrem correm com simplicidade. A eficácia da oração não depende da verdades das próprias ações, boas ou más, expostas diante de Deus, senão do modo de expô-las.
Taciano sabia apoiar a complacência divina no humilde pecador, acudindo à doutrina do Discurso contra os helenos: “Porque de suja a alma é trevas e nada luminoso há nela”.
- A luz chega ao homem qualquer que seja, do espírito de Deus; jamais de suas próprias “justiças”, que não são.
Tertuliano põe em relevo a modéstia e a humildade necessárias para a oração.
- Em pugna com Marcion, desenvolvia as teses habituais. Nada escondem as palavras do Salvador ofensivo para o Criador nem para o templo. Cristo ignora outro Deus, e templo, e adoradores, e justiça estranhos aos dos judeus.
Cipriano segue o mestre Tertuliano, enaltecendo ainda mais o publicano da parábola.
Clemente de Alexandria se contenta em citar sem comentário invertendo a ordem dos membros, com um paralelo com Platão.
Orígenes legou melhores elementos.
- O grande pecado do homem está na ignorância. O fariseu ignorava sua própria congênita enfermidade, a dependência continua de Deus para o bem, o denominador comum dos homens no pecado e na indigência do Criador. O publicano fazia profissão da miséria humana, como própria, e de sua indigência pessoal de um deus misericordioso.
Jean-Claude Larchet: TERAPÊUTICA DAS DOENÇAS ESPIRITUAIS
El orgullo empuja al hombre a medirse a sí mismo con su prójimo y antes de afirmar su superioridad en relación con él, afirmar lo que lo distingue, a creerse fundamentalmente diferente. El arquetipo de esta actitud nos es presentado en el Evangelio por el ejemplo del fariseo que dice: «Yo no soy como los demás hombres (…) ni como ese publicano» (Lc. 18, 11). Por el orgullo el hombre experimenta la necesidad de compararse, de establecer jerarquías, antes de concluir en su superioridad, absoluta o relativa en tal o cual ámbito, incluso en todos los que él se represente. Por esto, es especialmente llevado a juzgar desfavorablemente a su prójimo y a criticar casi sistemáticamente su manera de pensar y de vivir.
Maurice Nicoll: FARISEU E PUBLICANO