Judaísmo Individualidade Humana [VPRJ]

A CONSTITUIÇÃO DO SER HUMANO NO JUDAÍSMO

O Ocidente originário do ramo monoteísta de Sem, de Abraão, de Jacó-Israel, de Jesus (vide GENEALOGIA DE JESUS CRISTO).

O ramo de Ismael, filho de Abraão, arqueiro e homem do deserto, de onde provém o Profeta Maomé e o Islã, nos informa dos estados póstumos através da obra de Henry Corbin.

A obra de Isha Schwaller de Lubicz e de Grégoire Kolpaktchy nos informa sobre a tradição egípcia.

Referências constantes à obra de Claude Tresmontant, que parte de um postulado de base: “o universo hebraico não é dualista” e só conhece um só Princípio, único: YHWH. Aqui, portanto, não há dualismo alma-corpo; o corpo não é distinto da alma, de onde a ausência de referência à imortalidade da alma”. A “imortalidade da alma” refere-se ao helenismo e ao gnosticismo mal compreendido dos séculos XIX e XVIII, influenciados pelo dualismo cartesiano “espírito-matéria”.

Não se pode verdadeiramente compreender o sentido da encarnação do Verbo se se atém ao dualismo alma-corpo e à imortalidade da alma que, em um sentido, “esvazia a perspectiva da ressurreição dos corpos” ou não a postula. Eis o germe do docetismo, a negação do Deus-Homem e o gnosticismo de tipo hegeliano.

Retorno à Torá para não trair a Boa Nova. União do homem e da mulher é iniciação ao grande mistério que Paulo evoca, “dois em uma só carne”, posto que o corpo não é distinto da alma viva e reciprocamente. A “união mística” (anakrasis) é “conhecimento intelectivo e carnal.

O homem da Bíblia é carne-Espírito, mas a unidade “carne” — chamada a ressuscitar é corpo e alma tudo junto.

O homem bíblico é criado “alma viva”; deste fato a alma compreende o homem individual em sua integralidade; o verbo ter não tem sentido no tocante a alma, sendo o vivente humano denominado indiferentemente Nephesh (alma) ou Bschr (carne).

O Verbo divino não se fez “corpo” (soma) ou “alma” (psyche) mas “carne” (sarx), e não se fez hindu, chines ou grego, mas judeu.

Todo vivente é carne (alma e corpo) por recepção do “sopro de vida”; eis uma terceira noção: o Espírito ou o sopro. (E de toda a carne, em que havia espírito de vida, entraram de dois em dois para junto de Noé na arca. Gen 7:15)

de vida sopro em ele este que em carne tudo
Haim Ruah Bo Ascher Ba char Mikol

Assim a alma identificada ao homem vive e morre; não é imortal, o que não significa que não possa “se prolongar” de certa maneira até o juízo final, como veremos.

O Ruah divino nunca é dito “morto”.

A alma bíblica experimenta paixões (pathos) e preenche funções orgânicas:

  • a alma ama, odeia, se apega, come e bebe, se agita e pode até possuir bens;
  • a alma detém funções corporais, em revanche o corpo e seus órgãos desempenham papeis “psicológicos”; elas exultam, são cruéis, como os rins que “advertem” e “exultam” também, em lugar da alma!…