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EVANGELHO DE TOMÉ - LOGION 111

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Jesus disse: Os céus passarão e a terra, em vossa presença; e o vivente saído do Vivente, não conhecerá nem morte, nem temor. Por isso disse Jesus: O que se encontra a si mesmo, o mundo não é digno dele. (Roberto Pla) Bíblia

  • E todo o exército dos céus se dissolverá, e o céu se enrolará como um livro; e todo o seu exército desvanecerá, como desvanece a folha da vide e da figueira. (Is 34,4)
  • ...e qual um manto os enrolarás, e como roupa se mudarão; mas tu és o mesmo, e os teus anos não acabarão. (Heb 1,12)
  • E o céu recolheu-se como um livro que se enrola; e todos os montes e ilhas foram removidos dos seus lugares. (Ap 6,14)
  • Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras jamais passarão. (Mt 24,35)
  • Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão. (Mc 13,31)
  • Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras jamais passarão. (Lc 21,33)

    Hermenêutica

    Roberto Pla

Que os céus e a terra não são eternos e terão fim é sabido, pois além de lógica seu término, posto que foram criados, o diz Jesus e se repete em muitos escritos testamentários.

Mas o logion acrescenta: “em vossa presença”, e com isso revela que o “passar” dos céus e da terra não só é uma dissolução universal, simultânea para todos que estejam no final dos tempos, mas também a consumação das coisas criadas que cada homem deverá presenciar em si mesmo, em sua consciência, quando venha a transformar-se no Vivente.

O Vivente é o que tem Vida eterna como propriedade. Jesus, Cristo oculto e pré-existente, é o Vivente e a fonte do Vivente. Tal como ocorre com o espírito do homem, que quando é ungido no Espírito se faz uno no Espírito; assim também, quem renasce do Alto, nasce como Vivente que sai do Vivente, uno na Glória infinita do Filho do homem.

Quem encontrou o mundo, e essa é a consciência natural do homem, tem diante de si a realidade do mundo; mas o que se encontra a si mesmo, já não se dá conta do “outro”, de que havia encontrado o mundo e que, em verdade, já não existe, porque passou.

De igual maneira, o que nasce como Vivente descobre que a única realidade é o tesouro inesgotável que é “uno” com o Pai.

Então o mundo se dissolve, para ele, deixa de ser. Os céus e a terra fogem da “presença” como névoa que se levanta ao amanhecer; e nada resta deles, como se nunca tivessem sido.

Resta o Vivente só, eterno, isento de medo, em realidade incomparável e suprema de ser sempre e para sempre na unidade de si mesmo.

“E todo o exército dos céus se dissolverá, e o céu se enrolará como um livro; e todo o seu exército desvanecerá, como desvanece a folha da videira e da figueira. ... Mas tu és sempre o mesmo e teus anos não terão fim.” (Isa 34:4)

De certo, o mundo não é digno dele, do Vivente. JEAN-YVES LELOUP

  • Para alguns comentadores este logion 111 seria o último por tratar de fim do mundo e parousia e do conhecimento de si que nos guarda livres, "sem temor", diante daquilo que acontece ou deve acontecer.
  • Apocalipse quer dizer Revelação, e portanto trata do dia da Revelação ou do Desvelamento daquilo que É.
  • Todos temos momentos de apocalipse, portanto trata-se do fim de um mundo, aquele de nossas representações e de nossas construções mentais.
  • Os homens adormecidos vivem cada um em "seu" mundo. Os Despertos vivem juntos no mesmo mundo.
  • O dia do Apocalipse é também o dia da parousia. A parousia em grego quer dizer "presença", não sendo reservado ao retorno do Cristo no final dos tempos.
  • A gnosis, enquanto conhecimento de si, é o que vai permitir a Realização do Apocalipse e da parousia.
  • Amados, agora somos filhos de Deus (gnosis), e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar (parousia), seremos semelhantes a ele; porque assim como é (apocalipse), o veremos. E todo o que nele tem esta esperança, purifica-se a si mesmo, assim como ele é puro. (1Jo 3,2-3) EMILE GILLABERT
  • Evocação das profecias de Enoque e de Daniel que atormentavam os espíritos da época. Os manuscritos de Qumram são reveladores da importância que os essênios davam a estas profecias. Os fariseus também vivem a psicose do "final dos tempos".
  • A atitude do gnóstico, que ele denomina aqui "O Vivente saído do Vivente", é de tranquilidade: "ele não verá nem morte nem medo". Àquele que se encontra a si mesmo: "o mundo não é digno dele" (Logion 56).
  • Como o mundo, fabricação do mental que Jesus qualifica de cadáver, poderia ser digno do Vivente saído do Vivente?
  • Vide Logion 11 HENRI-CHARLES PUECH
  • "Se encontrar a si mesmo"
  • Conhecer que pertence em si, por uma espécie de predestinação natural, ao Reino, onde, intemporalmente, o fim e o princípio de seu ser se reúnem, coincidem, fazem um.
  • Se conhecer e se reconhecer, se reencontrar em sua condição própria de "vivente saído do Vivente", assim assegurado de "não ver a morte".