Amem

Nicolas Boon

AU COEUR DE L’ÉCRITURE

O termo AMN, amen, desempenha uma função litúrgica importante. Seu valor numérico é 1 + 40 + 50 = 91, a saber 7 x 13. Vimos que o número do Pão é 6 x 13 (lechem) 30 + 8 + 40 = 78. Este número significa o Uno (AChD, 13) presente nas seis direções do espaço ou da Cruz perfeita ou nos seis dias da Criação. O número sete é aquele do repouso (o re-pousar) ou a absorção de seis em seu centro. É também o sentido da palavra Amém.

Isso nos lembra o adágio: aquele que diz Amem é maior que o grande sacerdote que bendiz está voltado para o povo, para baixo. Ele se mantém no grau de Chesed (a Graça) como se fosse saído do Santuário, Binah. Aquele que recebe a bendição e que diz Amem sobe até a Fonte, entra no Santuário (Binah) e se une à Sabedoria. Se o grande sacerdote está voltado para baixo, aquele que diz Amém está voltado para cima. Amém é também um Nome divino. Lemos na Santa Escritura: “Amém disse”. Ele é o Princípio. Dizemos também: “Nos séculos dos séculos. Amém.” Aqui, Amém é o fim. Lemos ainda: “Amém, Amém, eu vos digo”. Aqui, Amém veicula o discurso ou o que se religa o Princípio e o Fim e o Meio de todas as coisas.

Amém é o Deus UM, em Três pessoas distintas e unidas em Um. O Pai é aquel que é (YHWH) 26. O Filho é aquele que é (YHWH) 26. O Espírito Santo é aquele que é (YHWH) 26. Os Três são Um (echad) 13; 26 + 26 + 26 = 13 = Amém, 91. Façamos de “Amém” a oração constante de nossa respiração. Sua origem é palavra (AMTh, emeth) que quer dizer “Verdade”. É também um meio poderoso de concentração espiritual que intensifica a intenção, além do domínio psicológico e moral, até o mais profundo do ser.

Jean Tourniac

A primeira ideia a reter é a que indica a raiz semita da palavra, pois está subjacente em todas as particularizações seguintes do vocábulo. Esta significação original é aquela dos verbos portar, suportar, garantir uma estabilidade e uma segurança; daí derivam as noções de certeza religiosa e de fidelidade. O Amem é então rocha da , ou testemunho da . Por extensão a palavra vai designar o acordo dado ao povo de Israel às vontades do Eterno, tipifica a garantia de fidelidade aos mandamentos, a resposta às promessas da Aliança. Compreende-se que acompanha para as confortar as orações e as bendições da Torá como também as atestações que menciona. A um grau mais elevado, é sinônimo da Verdade e vê-se aqui sua assimilação ao nome do Eterno.O Amem é citado em diversas passagens da Escritura. Amém-Aleluia, casamento de duas palavras hebraicas prefigura a liturgia apocalítica, sendo consanguíneos espiritualmente enquanto um e outro simbolizam o Verbo ou o Messias Redentor.

Identificado à Verdade, o Amem se torna por sua “face divina” a vestimenta do Nome do Santo — bendito seja — como em Isaías 65,16: “De sorte que aquele que se bendisser na terra será bendito no Deus da verdade (Elohey-Amen); e aquele que jurar na terra, jurará pelo Deus da verdade; porque já estão esquecidas as angústias passadas, e estão escondidas dos meus olhos.” (Is 65:16)

Encontramos o Amém citado em muitas passagens das Escrituras: Jeremias 11:5 e 28:6, I Reis 1:36, Deuteronômio 15:6, Neemias 5:13 e 8:6, etc. Em Gênesis 15:6, ela simboliza a inabalável de Abraão, mas também é usado como uma resposta doxológica nos Salmos 42:14, 72:19 e 89:12, ou se junta ao Aleluia em I Crônicas 16:36: “Bendito seja o Senhor, o Deus de Israel, para todo o sempre, e que o povo diga Amém-Alleluia”. Esse casamento das duas palavras hebraicas prefigura a liturgia apocalíptica que discutiremos mais tarde, e veremos que há uma espécie de consanguinidade espiritual entre elas, na medida em que ambas simbolizam o Verbo ou o Messias redentor.

O Amém vetero-testamentário também apoia uma afirmação, às vezes seguindo-a para reforçar sua veracidade e muitas vezes se repetindo duas vezes seguidas em precação (Números 5/22) e doxologia (Neemias 8/16). Por exemplo, quando o profeta Esdras abençoa o Senhor, o povo levanta as mãos, se curva e se prostra com a face para baixo, respondendo “Amém, Amém”.

Identificada com a Verdade, a “face divina” do Amém se torna a vestimenta do Nome do Santo — bendito seja Ele — como em Isaías 65/16: “Quem quiser receber uma bênção na terra a receberá por ‘Elohey-Amen’. Esse é o nome do Deus fiel que se lembra de sua aliança.

Além disso, não é esse aspecto supremo de Elohey-Amen que os piedosos cabalistas aguardam na forma messiânica quando, no ato de kawanna, procuram se unir agora àquele em quem todas as oposições e dualidades ou multiplicidades resultantes da queda são resolvidas?1.


Sur ce même thème, le franciscain Francisco Giorgi de Venise, écrivait en 1536 :

« Pourquoi notre Rédempteur employait-il aussi souvent le mot Amen, et que signifie-t-il ? A-t-il le sens de vraiment, si nous voulons suivre la lettre, puisqu’il est tiré d’une racine qui a ce sens ? C’est ainsi que l’Eglise à la fin de toutes les prières a placé ce mot, comme pour dire que ce qu’on demande soit ou soit fait. Si nous voulons monter plus haut, et écouter les plus secrets théologiens, ce mot n’est-il pas la conjonction des deux principes et sources d’où tout nous est donné ? L’un s’appelle YHWH et l’autre Adonaï. Le nombre de lettres de ces deux mots donne 91, ce qui est aussi la valeur numérale d’Amen. Ceci nous indique que dans ce mot est comprise la puissance des deux noms. Si quelqu’un savait conjoindre ces deux noms, comme les sages nous le disent, il pourrait produire des effets admirables. Ce qui est le propre des saints et des parfaits. Et c’est ce que firent Abraham et Isaac qui creusèrent ce puits qu’ils appelèrent Bersaba = puits de sept, parce que dans ce puits se rassemblaient les influences non seulement du Tétragramme mais des autres sources supérieures »2.

Nous rappellerons maintenant que le silence — (Has) —, a la même valeur que Hecal ou Adonaï, soit 65, et qu’aussi, comme nous l’avons précisé, Adonaï et Jehovah valent ensemble 91 comme le mot Amen. Ce nombre 91 est encore celui de Maleak (40 + 30 + 1 + 20) et de ha Elohim (lui les dieux) = 5 + 1 + 30 + 5 + 10 + 40). Vuillaud a d’ailleurs attiré l’attention sur le fait que le couple Maleak ha Elohim est composé de deux noms en opposition dont la traduction peut être « l’Ange de Dieu », l’Ange porteur du nom = mon Nom est en lui. Il désigne alors la Shekinah dont le parèdre est Metatron et dont l’ange est Mikaël, le grand prêtre. Mikaël, de son côté, s’il vaut 101, peut être écrit de façon défective et vaut alors 91 comme Amen. Mikaël est la gloire de la Shekinah dont la doctrine, selon Paul Vulliaud, est réservée à ceux qui suivent le chemin du « Pardès ». Mais sur ce point nous renverrons à tout ce que René Guénon a écrit sur le sujet dans « Le Roi du Monde ».


Il nous reste encore à reproduire un passage du « Zohar » (III 281a) qui met aussi en évidence, dans la version de Jean de Pauly, l’aspect rédempteur du mot Amen :

Aussi Moïse dit-il : « Je vais célébrer le nom du Seigneur a (YHWH). Rendez l’honneur qui est dû à la grandeur de notre Dieu (Elohénou). » Aussi il invoqua Jehovah d’abord et Elohénou ensuite. C’est le mystère du mot « Amen », ainsi que quelqu’un l’a dit en présence de Rabbi Siméon, à savoir que la réponse « Amen » attire les bénédictions de la « Source » du Roi des Rois à la Matrona… l’Amen assistera l’homme le jour où son âme quittera le monde. Rabbi Yehouda demanda : qu’est-ce que « Amen » ? Rabbi Siméon répondit : L’Aleph désigne le « puits profond » d’où jaillissent toutes les bénédictions, le Mem ouvert (initial) désigne le « fleuve » qui coule sans cesse. Il y a un Mem ouvert et un Mem fermé final. Le Noun désigne le Principe mâle et femelle ; car il y a un Noun courbé (initial) et un Noun droit (final). Quiconque entend son prochain prononcer une bénédiction et n’y répond pas « Amen », est appelé insulteur de Dieu… »

Comme on vient de le voir, l’Amen désigne donc le centre d’où partent les bénédictions. La tradition juive, se basant sur l’exégèse de « Berakot 53 b » : « plus méritant est celui qui répond Amen que celui qui recèle les bénédictions » déduira de ce texte, que « l’énonciation correcte d’« Amen » conditionne à un niveau supérieur à Hokmah, donc dans la première Sefira ou même l’Infini (En Sof), l’impulsion initiale du flux séfirotique que symbolise l’ouverture des « réserves », alors que les bénédictions ne font qu’attirer sur les niveaux séfirotiques voulus, le flux ainsi libéré »3.

Les bénédictions descendent d’En Sof vers les Sephiroth suprêmes, puis par Binah à Tiphereth, synthèse des six sephiroth inférieures et, de là, atteignent Malkouth qui les distribue à Israël4.

Il existe par conséquent un rapport entre le nom de l’Amen et celui de l’Eternel, entre l’invocation de l’Amen et celle de l’Eternel. Mais l’écoulement des bénédictions suggère une autre relation spirituelle qui unit cette fois l’Amen à la Shekinah dans le Judaïsme, et avec les noms de Jésus et Marie dans le Christianisme, le premier s’appliquant au Verbe fait chair source de grâces, le second désignant la Toute-Puissance suppliante « acque-duc des grâces » dans le langage de saint Bernard.


Paul Vulliaud dá a seguinte explicação desta passagem do Zohar consagrada à palavra “Amém”: “Hecal (palácio) é do mesmo valor numérico que Adonai. O Tetragrama YHWH se oculta neste palácio porque é pronunciado: Adonai. O adágio rabínico é bem conhecido: não se deve pronunciar o Nome somente em seu templo (palácio). Observemos que as letras hebraicas de YHWH-Adonai equivalem ao número 91, assim como a palavra Amém. Nesta passagem Amem se relaciona à sefira Yesod que é o órgão pelo qual se opera a conjunção de Tiphereth e de Malkuth (o Esposo e a Esposa). Yesod corresponde a “Todo” (Kol), segundo o que está escrito em I Paralip XXXI, 11 — todo aos céus e sobre a terra. A passagem relativa à conjunção dos nomes divinos é notável. A combinação de nomes sagrados tem sua aplicação, com efeito, na vida piedosa dos Cabalistas. Entrar no mistério, conhecer o mecanismo de sua composição é um dos elementos mais curiosos dos estudos a respeito do misticismo em geral… Os dois nomes de YHWH e Adonai designam, o primeiro, a misericórdia e o segundo o poder. Eles formam as combinação Yahadonai, os cabalista simbolizam o amor divino como um rio que se escoa sem cessar superabundante e que enchendo os cursos dos dois rios: a misericórdia e o poder. Mas ao mesmo tempo a expressão Yahadonai exprime o desejo do homem piedoso de estar em união com Deus, e ao mesmo tempo ainda, ela é uma profissão da Unidade divina. Ela é a afirmação da (Amém ou Omem). Em todas as circunstâncias da vida, qualquer que seja, o místico pronuncia esta composição de letras quer dizer que ele opera a ligação dos nomes sagrados, Ao mesmo tempo e sempre, pois há simultaneidade nestes atos de piedade, tendo as noções da misericórdia, do poder e da Unidade divina presentes a seu espírito que está unido a Deus, o devoto tem viva a noção de justiça divina. As quatro letras de Adonai são suscetíveis de 24 transposições. Estas letras formam o substantivo Dina (julgamento). Elas figuram os 24 tribunais para as 24 horas do dia e da noite. Tudo isto é muito fecundo em observações. Há uma que não se poderia negligenciar de exprimir: não se trata do ensinamento segundo o qual um piedoso silêncio constitui a suprema adoração de Deus. Não tenho necessidade de aditar que este silêncio não é vazio de todo intelectualismo…”

(Tracés de Lumière)


  1. Cf. Les origines de la Kabbale, Gershom G. Scholem (Aubier-Montaigne, ed.), cap. a le Centre de Gerone, p. 479 

  2. Cf. François Secret, Les Kabbalistes chrétiens de la Renaissance, V — l’Age d’or de la Kabbale chrétienne en Italie, page 138 (Dunod édit., 1964, Collection Sigma). Sur le dernier point relevé par F. Giorgi, on rappellera que l’Unité (Ehad — 13) portée aux six extrémités du monde et en son centre, proclame l’Amen (6 + 1 multipliés par 13 = 91).  

  3. Georges Vajda, Les Commentaires d’Ezra de Gerone sur le Cantique des Cantiques (Aubier-Montaigne édit., Collection Pardès). 

  4. Paul Vulliaud, La Kabbale juive, ch. « Les intermédiaires personnifiés ».