Máximo o Confessor — Centúrias sobre a Teologia e a Economia da Encarnação do Filho de Deus
Tradução em grande parte feita a partir da versão francesa da Philokalia, mas eventualmente utilizada a versão inglesa.
Primeira Centúria
Sexto Dia
51. O sexto dia, segundo a Escritura, introduziu a realização dos seres submetidos à natureza. O sétimo dia completa o movimento da temporalidade. E o oitavo dia significa o modo de estado mais alto que a natureza e o tempo.
52. Aquele que passa o sexto dia somente segundo a Lei, fugindo da potência ativa das paixões que aflige a alma, atravessa sem temor o mar para ir ao deserto. Ele celebra o sabá pela simples contenção das paixões. Mas aquele que atravessou o Jordão e se destacou deste estado onde nada se faz além de conter as paixões, este entrou na herança das virtudes.
53. Aquele que passa o sexto dia como o quer o Evangelho, depois de ter a princípio destruído os primeiros movimentos do pecado, alcança pelas virtudes o estado de impassibilidade de toda malícia. Ele celebra em sua inteligência o sabá que para esta pura imaginação das paixões. Mas este que atravessou o Jordão entrou no país do conhecimento, onde a inteligência, tal o tempo secretamente edificado pela paz, se torna a morada de Deus no Espírito.
54. Aquele que tem nele mesmo divinamente realizado o sexto dia pelas obras e os pensamentos necessários e que, com Deus, conduziu a termo suas próprias obras, superou pela compreensão toda hipóstase do que é submetido à natureza e ao tempo e entrou na contemplação mística dos séculos e das coisas eternas: ele celebra o sabá no desconhecimento, em sua inteligência, pelo total abandono e a total superação dos seres. Mas aquele que julgou digno o oitavo dia ressuscitou dos mortos, quero dizer de todo sensível e de todo inteligível, de todas as palavras e de todos os pensamentos que seguem Deus. E ele vive a vida bem-aventurada de Deus, que é o único dito e é propriamente de verdade a vida. Assim, pela deificação ele se torna ele mesmo Deus.
55. O sexto dia é a realização total das energias naturais dos ativos que praticam a virtude. O sétimo dia é a realização e o repouso dos pensamentos naturais dos contemplativos que recebem o conhecimento inefável. O oitavo dia é a mudança da ordem, que faz passar pela deificação aquele que dela são dignos. E mostrando sem dúvida este sétimo e este oitavo dias mas misticamente que jamais, o Senhor o denominou dia e hora da realização, desde então que um tal dia completa os mistérios e as razões de todas as coisas. Estes dias, não será absolutamente possível às potências celestes e terrestres de conhecê-los antes de tê-los experimentados. Só o pode a Divindade bem-aventurada ela mesma, que fez estas coisas.
56. O sexto dia significa a razão de ser dos seres. O sétimo dia designa o modo do bem-estar dos seres. O oitavo dia anuncia o mistério inefável do bem-estar eterno dos seres.
57. Sabendo que o sexto dia é o símbolo da energia ativa, quitemos neste dia a dívida das obras da virtude, para que também seja dito de nós: “E Deus viu tudo que tinha feito, era muito bom”.
58. Aquele que, pelo corpo, dedica a sua alma todo seu cuidado à diversidade bem ordenada das virtudes, quita a dívida da bela obra louvada por Deus.
59. Aquele que alcançou a preparação das obras da justiça, alcançou ao repouso da contemplação gnóstica, pela qual, abraçando divinamente as razões dos seres, repousa do movimento da inteligência que cerca esta contemplação.
60. Aquele que participou no repouso do sétimo dia que Deus quis para nós, participará igualmente a sua energia do oitavo dia na deificação que nós é oferecida, quer dizer no repouso místico, pelo qual ele mesmo deixou no túmulo o lençol pousado e o sudário da cabeça. Aqueles que os veem, como Pedro e João, creem que o Senhor ressuscitou.