1 Ele lhes diz um exemplo a propósito de: é preciso orar sempre e não esmorecer.
2 Ele diz: «Havia um juiz em uma cidade, que não estremecia diante de Elohîms e não tinha consideração pelo homem.3 E havia uma viúva nessa mesma cidade.
Ela vem até ele e lhe diz:
“Faze-me justiça sobre meu adversário.”
4 Ele recusa-se, por um tempo; mas, depois, ele diz a si mesmo:
“Mesmo que eu não estremeça diante de Elohîms e não tenha consideração pelo homem,
5 essa viúva me atormenta e eu lhe farei justiça, por temer que, ao final, ela me venha
dar um soco no olho.”»
6 O Adôn diz:
«Ouvi o que diz esse juiz da iniquidade!
7 Elohîms, ele mesmo, não faria justiça a seus eleitos que clamam por ele, dia e noite?
E ele os faria esperar?
8 Eu vos digo: ele lhes fará justiça prontamente. Entretanto, quando o filho do homem vier, encontrará adesão sobre a terra?» [Chouraqui]
São João da Cruz: A subida do Monte Carmelo
4. Y en las demás ceremonias acerca del rezar y otras devociones, no quieran arrimar la voluntad a otras ceremonias y modos de oraciones de las que nos enseñó Cristo (Mt. 6, 9-13; Lc. 11, 1-2); que claro está que, cuando sus discípulos le rogaron que los enseñase a orar, les diría todo lo que hace al caso para que nos oyese el Padre Eterno, como el que tan bien conocía su condición y sólo les enseñó aquellas siete peticiones del Pater noster, en que se incluyen todas nuestras necesidades espirituales y temporales, y no les dijo otras muchas maneras de palabras y ceremonias, antes, en otra parte, les dijo que cuando oraban no quisiesen hablar mucho, porque bien sabía nuestro Padre celestial lo que nos convenía (Mt. 6, 7-8). Sólo encargó, con muchos encarecimientos, que perseverásemos en oración, es a saber, en la del Pater noster, diciendo en otra parte que conviene siempre orar y nunca faltar (Lc. 18, 1). Mas no enseñó variedades de peticiones, sino que estas se repitiesen muchas veces y con fervor y con cuidado; porque, como digo, en estas se encierra todo lo que es voluntad de Dios y todo lo que nos conviene. Que, por eso, cuando Su Majestad acudió tres veces al Padre Eterno, todas tres veces oró con la misma palabra del Pater noster, como dicen los Evangelistas, diciendo: Padre, si no puede ser sino que tengo de beber este cáliz, hágase tu voluntad (Mt. 26, 39). Livro III, Capítulo 44
Antonio Orbe: Parábolas Evangélicas em São Irineu
- Aphraates em um agraphon: “Segundo está escrito. ‘Falou nosso Senhor: Orai e não canseis’” Agrapha
- “Não deixes de apresentar ao Senhor a súplica de tua alma, e a alcançarás. mas se em tua oração te deixas levar pelo desânimo ou pela dúvida, culpa-te a ti mesmo e não ao que te dá”.
- “Aquele de ‘clama, a que nos dê a luz’, indica isto: que elevemos a Deus com simplicidade nossas orações e não desfaleçamos como a que não dão a luz”.
- “Ó tu (senhor) que nos escolhestes para o apostolado das pessoas!… Que te destes a conhecer através de toda a natureza, que mesmo entre as bestas te manifestastes. que fizestes serna e tranquila a alma deserta e selvagem… Que te manifestastes a ela, vencida por Satanás, e vencestes ao inimigo dela quando ela acudia a ti em busca de ajuda. Tu que a deste a mão para a elevá-la do domínio do Hades… Que a revelaste ao próprio adversário (echthros)… Acta Iohannis
- A animada versão evangélica entre a viúva e o antidikos se traduz pelas relações entre o diabo e a Alma — símbolo da Igreja espiritual terrena —, um tempo submetida ao cativeiro (e ainda possessão) do inimigo e redimida já mercê à fé ou gnosis do Salvador. O argumento decisivo se funda no termo antidikos e seu contexto. Ela, a Alma, como a viúva do Evangelho, acude ao Senhor em busca de ajuda contra o inimigo que a havia a longo tempo atropelado. «Venceste ó Senhor a seu inimigo (ton antidikon) autes) — termo peculiar a Lc 18,3 — contra quem invocava à Alma auxílio, refugiando-se em ti».
- O epíteto “heremos”, designado igualmente à psyche, acentua sua condição de viúva. A Alma, redimida pelo Salvador mediante seu apóstolo, era — durante seu cativeiro sob o inimigo — «desolada» e viúva (do Salvador). Uma vez salva, volta a unir-se em matrimônio com Ele.
- A Alma, símbolo da Igreja espiritual (das gentes), tinha algum tempo vivido em matrimônio com o Salvador (= Logos, Unigênito). Tal matrimônio se desfez pelo pecado. A Alma se uniu com o diabo, inimigo dela e do Salvador. Desolada (heremos) como uma viúva (Vide 1Tim 5,5), arratou o adultério muito tempo, até os dias dos apóstolos. A Igreja ressuscitou graças a fé no Salvador anunciada por eles. E voltou ao matrimônio primeiro. O Esposo (= o Salvador) responde, já não como juiz, senão como Esposo, ao chamamento da Igreja das gentes, e a redime do cativeiro para uni-la definitivamente a si, condenando o inimigo e vindicando como «juiz de iníquos» à viúva.
- Marcion
- Em seu Evangelho considerou esta parábola segundo Tertuliano, como adotou a parábola do Amigo Importuno, por motivos análogos.
- Exegese provavelmente na linha de Cirilo de Alexandria que não indicaria «o juiz iníquo» mas o «vingador da iniquidade». O Deus bom, diferentemente do criador, não só incomoda a iniquidade senão a economia da mera justiça. Espontaneamente benéfico, acode a quem o invoca contra um atropelo. A viúva injustamente atropelada pelo inimigo representa o regime dos verdadeiros cristãos (= marcionitas), iniquamente molestados pelos hebreus e eclesiásticos vulgares. Deus defende os seus, vindicando-lhe pela bondade — como Pai —, não por justiça, como juiz de bons e maus.
- Os adversários da viúva não recebem castigo de Deus. O Pai os abandona a merce de suas iniquidades, contente com liberar deles à viúva.