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EVANGELHO DE TOMÉ - LOGION 78

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Jesus disse: Porque haveis saído pelo caminho? Para ver uma cana agitada pelo vento? Para ver um homem levando sobre si vestes delicadas? Vossos reis e grandes personagens levam sobre si vestes delicadas e não poderão conhecer a verdade. (Roberto Pla) EVANGELHO DE JESUS: João Batista

  • Ao partirem eles, começou Jesus a dizer às multidões a respeito de João: que saístes a ver no deserto? um caniço agitado pelo vento? Mas que saístes a ver? um homem trajado de vestes luxuosas? Eis que aqueles que trajam vestes luxuosas estão nas casas dos reis. (Mt 11,7-8)
  • E, tendo-se retirado os mensageiros de João, Jesus começou a dizer às multidões a respeito de João: Que saístes a ver no deserto? um caniço agitado pelo vento? Mas que saístes a ver? um homem trajado de vestes luxuosas? Eis que aqueles que trajam roupas preciosas, e vivem em delícias, estão nos paços reais. (Lc 7,24-25)

    Hermenêutica

    Roberto Pla Separado das afirmações de Jesus a respeito de João Batista com as quais este logion aparece ligado nos evangelhos de Mateus e Lucas, parece mais fácil interpretá-lo em seu puro sentido de ser uma definição do homem “visível”, do homem que a gente pode ver em todas as partes.

O corpo do homem, visível, é assim restrito a uma cana (oca?) que o vento, ou quiçá a paixão agita (gr. anemos é vento e paixão forte). É certo que essa cana primária — o corpo do homem — não costumamos vê-lo desnudo senão vestido, e em muitas ocasiões, quando desempenha na terra a função de ser personagem, costuma cobrir-se com trajes custosos, às vezes complicados e brilhantes... Mas isto não muda sua condição de ser uma cana movida pelo vento. De qualquer forma, a cana não pode conhecer a verdade. (a imagem da cana ao vento nos remete a Jalaluddin Rumi e a abertura de seu MASNAVI).

Esta é a definição “realista” do homem “visível”, sustentada e explicada por Jesus no evangelho. Insistamos: do homem “visível”.

Muitos exegetas afirmaram depois que o homem “completo”, agora e sempre, é uma conjunção inseparável da paixão (invisível embora perceptível), e da “cana”, elevadas ambas coisas à imortalidade, ao conhecimento da verdade.

Outros, ao contrário, firmes em conceder ao sentido da vista a máxima e às vezes a única fiabilidade, opinam que o que chamamos “homem” é somente a cana “visível” e sua experiência do vento (gr. anemos), uma conjunção que dá por si só o homem completo.

No entanto, quando Jesus quis, segundo o quarto evangelho, descrever o homem completo, duas vezes nascido (Nascer do Alto), primeiro de mulher e depois do Espírito, evocou juntamente ao homem visível e ao invisível: a cana e o vento com as funções e as terminações próprias de ambos:

  • O vento (pneuma) sopra onde quer, e ouves a sua voz; mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito. (Jo 3,8)

O vento sopra na cana visível e esta experimenta a ação de todos os ventos: do primeiro vento (anemos) como paixão, e do segundo vento (pneuma) como Espírito cujo desígnio o é desconhecido, porque o Espírito “não é deste mundo”.

Em qualquer dos casos a cana é visível e mortal, carne nascida da carne, mas o “nascido do Espírito, é espírito” e como tal, é imortal e invisível.

  • O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. (Jo 3,6)

E este e não outro é o cumprimento do Mistério em Cristo, pois o espírito, nascido em Espírito, conhece a verdade que o foi reservada desde o princípio dos tempos.