EVANGELHO DE TOMÉ - LOGION 104
EVANGELHO DE TOMÉ — Logion 103<=LOGION 104=>Logion 105
Eles lhe disseram: Vem, oremos hoje e jejuemos. Jesus disse: Qual é o pecado que cometi, ou em que fui vencido? Quando o esposo tiver saído da câmara nupcial, então, que jejuem e orem! Roberto Pla
EVANGELHO DE JESUS
- Então vieram ter com ele os discípulos de João, perguntando: Por que é que nós e os fariseus jejuamos, mas os teus discípulos não jejuam? Respondeu-lhes Jesus: Podem porventura ficar tristes os convidados às núpcias, enquanto o noivo está com eles? Dias virão, porém, em que lhes será tirado o noivo, e então hão de jejuar. Mt 9,14-15)
- Ora, os discípulos de João e os fariseus estavam jejuando; e foram perguntar-lhe: Por que jejuam os discípulos de João e os dos fariseus, mas os teus discípulos não jejuam? Respondeu-lhes Jesus: Podem, porventura, jejuar os convidados às núpcias, enquanto está com eles o noivo? Enquanto têm consigo o noivo não podem jejuar; dias virão, porém, em que lhes será tirado o noivo; nesses dias, sim hão de jejuar. Mc 2,18-20)
- Disseram-lhe eles: Os discípulos de João jejuam frequentemente e fazem orações, como também os dos fariseus, mas os teus comem e bebem. Respondeu-lhes Jesus: Podeis, porventura, fazer jejuar os convidados às núpcias enquanto o noivo está com eles? Dias virão, porém, em que lhes será tirado o noivo; naqueles dias, sim hão de jejuar. Lc 5,33-35)
LEITURAS
Roberto Pla
Pela terceira vez no Evangelho de Tomé encontram-se referências ao jejum e à oração: Logion 6; Logion 14
Os discípulos convidam Jesus a cumprir duas das três principais práticas de justiça (oração, jejum e esmola), segundo a Lei; mas os discípulos falam destas práticas em sentido manifesto e Jesus os responde segundo a vertente oculta que implica numa interpretação em espírito. Esta diferença proporciona o contraste conveniente para que o logion se expresse no habitual estilo paradoxal.
- Para os judeus, a oração e o jejum eram, com a esmola, as três principais “práticas de justiça”.
O jejum que Jesus fala é a privação do alimento de Vida, o qual na linguagem de Jesus equivale ao pecado, posto que significa permanecer na deficiência, em ignorância da plenitude. Em seu sentido oculto o pecado se opõe à justiça, como as trevas à luz (vide Jejum).
Da oração diz Jesus que equivale à declaração de ter sido vencido e no Logion 14 havia dito: “Se orais os condenareis”. Isto se explica porque a oração entendida em seu sentido oculto, significa condenação da palha da alma e derrota do grão, do Ser; este é o duplo sentido, positivo e negativo, da oração, que convém entender (vide Oração).
Tanto esse jejum como essa oração de ordem manifesta que “eles” pedem, é coisa indicada para os que vivem em alguma das formas de dualidade. Por isso, não no sentido pejorativo, senão como o mais solidário de seus sentimentos, pede Jesus que “eles” pratiquem esse jejum e essa oração.
- Sobre a oração
JEAN-YVES LELOUP
- Se Deus está realmente presente, não há mais nada a orar nem a jejuar. Sua presença tudo preenche...
- A câmara nupcial está plena de seu perfume...
- Mas acontece que o Esposo sai da câmara, quer dizer que deixamos este estado de União entre o criado e o Incriado, então é necessário orar e jejuar para aí retornar...
- Retornar do "exílio da Shekinah", dizem os rabinos, não mais ser exilados da Presença, nos repousar na Sua câmara alta...
EMILE GILLABERT
- Mais uma vez os discípulos o convidam a orar e a jejuar com eles.
- Confirma a hipótese de que a companhia de Jesus muda com o lugar e o tempo.
- Na câmara nupcial, sou sem passado e sem futuro; não conheço nem Deus nem Lei. Se saio recaio sob o mando da lei.
- O gnóstico não pode mais mudar de estado. Não pode conceber de se encontrar no plano psíquico. Para ele, o dois se tornou Um, não pela fusão de dois seres no amor, mas pela descoberta "de outro que Ele não é" e logo que ele não é outro que Ele.