PERSONAGENS NO NT — JUDEUS
VIDE: FARISEUS; ISRAEL Na Boa Nova a referência aos “judeus” não parece indicar, em momento algum, algo que possa ser uma referência à raça judaica (v. Geografia Sagrada), especialmente se consideramos os Evangelhos efetivamente como uma mensagem de “boa nova” e portanto em nada histórica e, no caso, notícia de um “mau passado”. Os “judeus” mencionados na Boa Nova são, com efeito, uma figura de linguagem, uma representação ou figuração do “meio” onde Jesus nasce enquanto originário do que há de mais puro e virgem neste meio, pela intervenção de Deus. Para em seguida crescer «em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens» (Lc 2,52), até vir a se constituir no Cristo. Caminho e progressão possível em cada um de nós. Este “meio” deve ser entendido no sentido notável dado a este termo pelo ensaio “SER E MEIO” de René Guénon, de onde retirei os principais pontos, aditando considerações de outros autores, formando a página “ser e meio”. Se transpormos esta noção para dentro de cada um de nós, como sempre deve ser feito com o que há de verdade no NT, temos então os chamados “judeus”, nossa multidão de “eus” ou fragmentos de nossa alma (v. Legião), ainda não unificada em Jesus o Cristo, o “Eu Sou”. Seus discípulos e seguidores originários deste mesmo “meio” são aqueles “eus” transformados pela necessária metanoia e que assim vão compôr o “centro magnético” do homem (no dizer de Gurdjieff), primeira etapa na unificação.
Michel Henry: EU SOU A VERDADE Observemos de passagem que, nos textos joanicos notadamente, “judeus” designa não os judeus em geral mas aqueles entre os judeus que não reconhecem Jesus enquanto Messias, sendo entendido que aqueles que o reconhecem ou o reconhecerão como tal são igualmente, em sua maioria, judeus, nos primeiros tempos, em todo caso.