ELIAS

PERSONAGENS — ELIAS E ELISEU

BÍBLIA: 2Reis 2:1-18

Por estas palavras de wp-pt:Eliseu, a Escritura indica que se encontrou mais Elias, porque ele tinha efetivamente sido elevado ao céu. Ora, segundo a tradição judeu-cristã, o profeta Elias não somente subiu vivo ao céu, mas depois de sua ascensão, muitas vezes desceu secretamente e continua a se manifestar na terra de maneira misteriosa. Assim está, no judaísmo, invisivelmente presente em cada circuncisão de uma criança masculina no oitavo dia depois de seu nascimento, e cada ceia pascal celebrada pelas famílias; além do mais, se manifesta visivelmente a certos seres espirituais para os iniciar nos Mistérios da Escritura. Sua presença significa para a maioria de Israel a benção que desce imediatamente do céu, e para a elite mas particularmente a influência iluminadora. A manifestação de Elias é destinada, em um mundo que caminha para seu fim, a animar o estudo e a observância da Lei de Moisés e, em particular, a realização espiritual de seus mistérios. É o que decorre hermeneuticamente desta passagem final de wp-pt:Malaquias (3, 22-24): “Lembrai-vos da Lei de Moisés, Meu servidor, aquela que dei em Horebe, para toda Israel, preceitos e ordenamentos. Eis, eu vos enviarei Elias, o profeta, antes que venha o dia de YHWH, grande e temível. Ele conduzirá o coração dos pais a seus filhos, e o coração dos filhos a seus pais, temendo que não venha atingir a terra de anátema”.

A passagem escriturária que acabamos de citar é rica de significação; indica entre outros aspectos duas missões diferentes de Moisés e de Elias: a primeira se refere antes de tudo à “Lei” ou “Doutrina” (Torá) — o Pentateuco —, a segunda aos “Profetas” Nebiim) — e, em um sentido entendido, aos “Hagiógrafos” Ketubim) também —, o conjunto de todas as revelações constituindo o AT. A Lei de Moisés ou o Pentateuco comporta a integralidade do exoterismo e do esoterismo de Israel; seus textos são relembrados e desenvolvidos — e aumentados de relatos dos eventos pós-mosaicos da história santa — pelos Profetas e os Hagiógrafos (estes últimos reunindo os Salmos, Provérbios, , Cântico dos Cânticos, Rute, wp-pt:Lamentações, wp-pt:Eclesiastes, Ester, Daniel, Esdras, Neemias, Crônicas). Quanto a Elias, o Tishbita, ele não deixou escrito profético, mas figura, acabamos de ver, nos Livros dos Reis: ele representa, entre os profetas, o tipo de “Mestre Oculto”, aquele que inicia a elite de Israel à Sabedoria esotérica e universal da Torá. Em outros termos, na passagem precitada de wp-pt:Malaquias, “Moisés” significa a parte exotérica de Israel “implicando o esoterismo”, enquanto “Elias”, é a animação do exoterismo a partir do “esoterismo explicado” à elite e realizado por ela. Em fim, “Elias” não significa somente o esoterismo e sua influência sobre o exoterismo judeu, mas ainda o esoterismo em sua universalidade, que religa os Mistérios da Torá àqueles de todas as tradições autênticas do Oriente e do Ocidente. A tradição islâmica conhece uma função espiritual correspondendo àquela de Elias, e dela afirma o exercício notadamente por duas personagens tendo cada um sua esfera de atividade própria. Não falamos aqui de Elias ele mesmo, mencionado o Corão ao lado de Jesus (VI,85) e em sua luta contra os adoradores de wp-en:Baal (XXXVII, 123-132); trata-se em primeiro lugar de wp-es:Al-Khidr ou Al-Khadir, o “Verde” ou “Verdejador”, que reveste na tradição esotérica do Islã as mesmas características fundamentais que Elias, pelo menos aquelas de sua função de Mestre espiritual “sempre vivo” e desdendo subitamente de um mundo supra-terrestre, para se manifestar em secreto a tal sedento do Absoluto. Ele é Mestre sobretudo espíritos solitários, seres de elite a quem ele se revela como um oceano de sabedoria iniciática e universal, uma fonte abundante de iluminação, um detentor e doador de “água da vida”. Quanto ao outro personagem refletindo Elias no Islã, é aquele que virá ao final, para estabelecer o que a tradição judeo-cristã chama o “Reino do Messias Glorioso”: é o Al-Mahdi, o “Guiado” por Deus.

[[Leo Schaya]

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