«Rabbi, dize a meu irmão
que reparta comigo a herança.»
14 Ele lhe diz: «Homem,
quem me nomeou juiz ou árbitro sobre vós?»
15 Ele lhes diz: «Vede, guardai-vos de toda cobiça, porque, mesmo em meio à abundância,
a vida do homem não depende de seus bens.»
16 Ele lhes dá um exemplo e diz:
«A propriedade de um homem rico produz muito.
17 Ele reflete consigo mesmo e diz:
“O que farei?
Não tenho onde reunir meus frutos.”
18 Ele diz: “Farei isto: derrubarei meus celeiros e construirei outros maiores.
Aí reunirei todo o meu trigo e meus bens.
19 E direi a meu ser:
Meu ser, tens muitos bens, para muitos anos.
Repousa, come, bebe, e deleita-te!”
20 Elohîms lhe diz: “Louco,
ainda esta noite, teu ser te será pedido!
Aquilo que preparas, será para quem?”
21 Assim ocorre com aquele que entesoura para si próprio, em lugar de se enriquecer em Elohîms.» [Chouraqui]
Basílio de Cesareia: HOMILIA SOBRE A CARIDADE
Romano Guardini: Guardini Rico Tolo
V 16: anthropou tinos = un gran terrateniente
V 18: En tas apothekas «no se trata de trojes donde se conserva la mies hasta que pueda ser trillada, sino de graneros o almacenes en los que mas tarde se recoge el grano»
V 20: eipen de auto o theos = «Dios le dijo» Dios hace decirle (tal vez en sueños por el ángel de la muerte) ten psychen sou apaitousin (3 pers pl = Dios) apo sou = «se te va a pedir tu alma» la vida es un préstamo que Dios da y cuya devolución manda anunciar para la noche siguiente “A de etomasas = «lo que has adquirido», cf Herm sim 1, 126 Sobre el v 21, cf pags 131s En el Evangelio de Tomás (cf pag 201, N 262) la parábola esta notablemente abreviada.
Este labrador rico, que, según cree, no tiene que temer durante muchos años las malas cosechas (v. 19), es un loco (v. 20), es decir, según el lenguaje bíblico, un hombre que prácticamente niega a Dios (Sal 14, 1). No cuenta con Dios, no ve la espada de Damocles sobre su cabeza, la muerte inminente. Pero aquí es preciso evitar un fatal desenlace No se trata, en efecto, como parece a primera vista, de que Jesús quiera inculcar a sus oyentes la máxima antigua «rápidamente toca la muerte al hombre » Más bien, el tenor general de todas las admoniciones y advertencias de Jesús muestra que, como peligro inminente, considera no la muerte inopinada de un individuo, sino la catástrofe escatológica y el juicio inminentes Así también aquí Lc 12, 16-20 es una parabola escatológica. Jesús espera que los oyentes refieran el final a su situación: tan locos como el rico insensato amenazado por la muerte somos nosotros, si recogemos bienes — a la vista del diluvio.
Evangelho de Tomé: Evangelho de Tomé – Logion 3 — Estais na pobreza… ; Evangelho de Tomé – Logion 63
O personagem da parábola crê que esses “agregados” com os quais se sente acrescido e confortado, são computáveis para a vida eterna, e daí que se dê muita consideração em reunir no celeiro da alma seus frutos dos campos mundanos. Mas ocorre que o grão verdadeiro, a semente semeada pelo Pai, quer dizer, a essência, o Eu real de um mesmo, ademais de não ser do mundo, é único e e nada lhe pode ser acrescido. A beleza e grandiosidade do grão não consiste em aparecer revestido, rico, porque ele é completo, senão em ser pobre, puro e desnudo para que sua luz intensa brilhe sobre todos.
Durante aquela “noite” de sua ignorância, o homem rico em “agregados”, os quais interpretou como bens, morreu, porque nenhuma imagem mortal sobreposta ao Ser pode eludir sua condição de mortal, nem ainda o dia em que o imortal se revela em seu cativeiro provisional. Em tal ocasião solene, quanto mais sejam e mais arraigados estejam os bens mortais levados para revestir a pobreza do “espírito que dá vida”, mais mortal será a morte do que é passível e mortal. Então é quando o imortal resplandece por si mesmo.
No relato lucano o sentido soterrado da parábola permanece idêntico, mas o evangelista incorpora uma tensa referência à alma, que resulta ser muito reveladora. Consequente com sua “noite” de ignorância, o homem rico deposita todos seus bens em seu novo celeiro psíquico por ele construído para acumular ali todas suas reservas para a eternidade. Diz a sua alma: “alma, tens muitos bens”. Mas Deus o adverte, segundo a parábola, que a alma lhe vai ser “reclamada” no curso desse mesma “noite” e com ela, com a alma, se irão os bens. E Deus pergunta: “As coisas que preparastes, para quem serão?”
O que há de entender — e este é o propósito: que muitos dos que não entenderam o sentido verdadeiro da parábola o entendam agora — é que o Ser verdadeiro, o si mesmo de cada um, não é a alma, senão aquele que no íntimo de si, diz à alma: “alma, tens muitos bens”. O que diz isto à alma não é a alma senão a essência, o Eu Sou, que não necessita celeiros onde juntar a colheita, porque ele mesmo é o grão — o único grão — verdadeiro e eterno, e todos os “bens” do mundo levados aos celeiros psíquicos são somente a palha transitória separada para o fogo do tempo que não se apaga e que tudo consume.
Por isso, o evangelista põe na boca do Deus da parábola a sentença definitiva: “Assim é o que atesoura riquezas para si (para sua alma) e não se enriquece em conformidade a Deus (em descobrir a presença do Filho do Homem”.
É evidente que os bens que atesoura o “homem” da parábola, são bens de conhecimento. Posto que se entregam à alma para sua custódia, não há dúvida que tais bens consistem em ser riquezas próprias da alma. Mas ao ser “riquezas para si” há que entender que os frutos saídos do campo daquela “homem” são idênticos a essa “sabedoria do mundo que Deus entonteceu”, que mencionou Isaías e corroborou Paulo.
- …portanto eis que continuarei a fazer uma obra maravilhosa com este povo, sim uma obra maravilhosa e um assombro; e a sabedoria dos seus sábios perecerá, e o entendimento dos seus entendidos se esconderá. (Isa 29:14)
- Onde está o sábio? Onde o escriba? Onde o questionador deste século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo? (1Cor 1:20)
Para albergar os abundantes grãos daquela sabedoria mundana, que se funda em “conhecer sem ser”, não bastam os pequenos grãos da memória, e daí o projeto de edificar outros maiores (talvez, no hipotético reino do livro), onde seja possível acumular toda essa chamada sabedoria. O Rico Tolo toma estes celeiros por salvaguarda para sua alma e descansa confiado, sem reparar na possível pergunta do Deus da parábola: “As coisas que preparastes, para que serão?”
O que diz a parábola é que se o conhecedor subsiste protegido atrás de suas reservas de bens, é que “atesoura riquezas para si”. O conhecedor verdadeiro toma a Vida e o conhecimento que o Filho lhe dá, para queimar-se a si mesmo em seu fogo. Tal conhecedor que conhece não é uma dualidade, senão somente o conhecimento mesmo, “uno” com o Filho. Assim se cumpre o conhecimento verdadeiro, que consiste em “ser” o conhecimento. Estas são riquezas “em ordem a Deus”.
Este mistério do conhecedor que quando conhece em verdade se transfigura em conhecimento (pneuma, espírito, vento), tem duas referências no evangelho: “Que saístes a ver no deserto? um caniço agitado pelo vento?”. Ou também: “8 O vento sopra onde quer, e ouves a sua voz; mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito” (Jo 3:8).
Com tudo isto se poderia dar por encerrado o comentário sobre o logion e a parábola; mas o relato lucano descobre em seu transcurso, uma vez mais, a tricotomia constitucional do homem completo. É possível perguntar-se: quem é, naquele homem da parábola o que fala com a alma e o diz: “Alma, tens muitos bens”. Ou também, é possível perguntar: a quem “o reclamarão a alma” aquela mesma noite?
Não será o interlocutor em todos os casos o espírito, o qual é o único depositário real do conhecimento, ainda que ele é tão inapreensível como o vento que sopra nos caniços? Em verdade, tudo isso é um mistério para a consciência, que só conhece ao espírito quando ela cessa e deixa de ser ela mesma, o conhecedor, para ser uma só coisa, isto é, conhecimento verdadeiro, com o Filho e o Pai, como está dito: “Que eles também sejam um em nós” (Jo 17,21).
Evangelho de Tomé – Logion 81 — Perigo de acumular riquezas agregadas à alma…
Abade Stephane
Insistiremos una vez más sobre una forma de ingenuidad más sutil, menos evidente, pero también más fundamental y más enraizada. Queremos hablar de la certeza con la cual el hombre se comporta frente al mundo exterior y de las leyes aparentes que lo rigen. Hay evidentemente fenómenos, tales como el movimiento de los astros por ejemplo, que parecen dotados de leyes inmutables, mientras que otros, por ejemplo la lluvia y el buen tiempo, parecen condenados a una anarquía perpetua. En un sentido se podría decir que los primeros simbolizan la inmutabilidad del Olimpo y los segundos, ligados a la Tierra, simbolizan la inestabilidad y el desorden inherentes al hombre caído, pero no es así como lo ven nuestros contemporáneos irremediablemente cerrados a todo simbolismo: en lugar de mirar la invariabilidad relativa de los fenómenos astronómicos como un símbolo imperfecto de la Inmutabilidad divina, ellos le confieren, así como a las otras leyes de la naturaleza, un carácter absoluto. Así, para vulgarizar la cosa, constatamos que todos los hombres están convencidos de que el Sol se levantará mañana. A una tal certeza podemos oponer dos objeciones mayores: objetivamente, nada puede impedir el Creador el modificar instantáneamente las leyes de la astronomía; no hay ninguna razón por la que la Tierra gire siempre a la misma velocidad, ni que el eje de la Tierra esté siempre inclinado a 23’27’ sobre el plano de la elíptica; un enderezamiento instantáneo de la línea de los polos puede producirse, puede provocar la desaparición de la presente humanidad. Pero subjetivamente, la objeción es todavía más impresionante: para el hombre que morirá esta noche, se puede decir que el sol no se levantará mañana. Ahora bien, ¿qué hombre tiene la certeza de no morir esta noche? En vano, se objetará que el Sol se levantará para los supervivientes, ya que nada prueba que ocurrirá, y si no hay más seres vivos para asistir al amanecer, ¿se puede decir que el Sol se levanta? Si no hay nadie para ver al Sol dar vueltas, ¿podemos decir todavía que el Sol da vueltas? En otros términos, ¿qué queda de la manifestación sin la consciencia que es la «razón de ser» de la manifestación? Y finalmente ¿que es el Ser sin el Conocimiento? ¿Qué es el Padre sin el Hijo? ¿Qué es el SAT sin el CHIT? SOBRE LA INGENUIDAD
Maurice Nicoll
Recuerdo que una vez Gurdjieff disertó en Francia sobre lo que puede sernos quitado. Es preciso comprender que si nos fundamos sobre la “Falsa Personalidad”, descansamos sobre fundamentos que nos darán constantes disgustos en cuanto a la conservación del equilibrio. Gurdjieff dijo que se podía comparar el hombre con un departamento de tres habitaciones. Habló un rato acerca de este departamento de tres habitaciones y de todo cuanto estaba en desorden en él y de los útiles que no estaban en su lugar, etc. Luego prosiguió y dijo que un hombre estaba siempre en deuda, era siempre insolvente, siempre expuesto a que lo intimaran, por más dinero que tuviese. Claro está que es preciso comprender que se refería a la insolvencia del Hombre de un modo particular, en efecto, del modo en que se habla tan a menudo del Hombre en algunas de las parábolas como, por ejemplo, en la parábola del siervo — es decir, usted — que debe a su Señor millones de talentos. Gurdjieff dijo que el alguacil puede entrar en su departamento en cualquier momento y que tiene derecho por “ley” a llevarse todo excepto la “cama”” que está en la tercera habitación o habitación interior. Por eso es menester pensar sobre qué se descansa interiormente más. Hay algo que no puede serle quitado. ¿Ha llegado ya a ese lugar? Todo lo demás puede serle quitado por los “alguaciles”, que en cualquier momento pueden aparecer y sacar todo cuanto no le pertenece.