PHILOKALIA-TERMOS — APOPHASIS = DENEGAÇÃO, APÓFASE, VIA NEGATIVA
VIDE: NADA; INEFABILIDADE Modo de expressão dos Mistérios divinos que procede pela negação, pela ênfase naquilo que não são. Apófase vem do grego apophasis — apophanai cuja tradução linear é negação. Em português a palavra apófase significa “refutação feita àquilo que acaba de ser dito, cuja etimologia grega apophasis é negação, rejeição de uma crença, doutrina ou teoria. Para um aprofundamento VEJA AQUI
Maimonides: APOPHASIA !
Dionísio o Areopagita
Mestre Eckhart: A CARIDADE E A TEOLOGIA NEGATIVA
Versão francesa Aproximação de Deus que procede pela negação.
Jean Biès Deus é essencialmente Não-Ser (no sentido maior e positivo do termo), infinitamente além do Ser, O contendo no entanto. Escapa assim de toda definição. Pois uma definição (de-finir) é uma limitação antropomórfica. A teologia catafática (afirmativa) do Ocidente enumera e classifica os "atributos" de Deus; mas não se pode definir o Infinito. Dizer de Deus que Ele é belo (kallos), bom (agathon), clemente (kharis), terrível (phobos)..., é fazer declarações justas, mas inadequadas quanto à determinação de Sua verdadeira Natureza, a qual, enquanto "Trevas luminosas", é indeterminável. A teologia apofática do Oriente, ao contrário, recorre às declarações pela negativa — apophasia -, únicas que podem dar conta do Ilimitado. O homem só pode conhecer "gotas de noite". Diria-se portanto de Deus que Ele é "sem começo nem fim", "sem mistura nem modificação de separação", "indizível", "indivisível", "inacessível" , "indescritível", "impenetrável", "inapreensível", etc... A apophasia não é uma especulação, mas a experiência de uma contemplação (theoria), aquela que vai além de todo entendimento (dianoia); e isto, ao término de uma purificação (katharsis), de uma catharsis consistindo na superação dos contrários, mesmo aqueles dos planos divinos, para entrar insensivelmente no Increado.
Por outro lado, se Deus é totalmente incognoscível em sua Essencia ele se torna totalmente participante da Criação (genesis) por suas Energias também denominadas "poderes", "movimentos", "elãs de Deus", "raios de divindade", como tantos "transbordamentos" eternos do Princípio; perfeições infinitas se expandindo de Si-Mesmo em comunicação com sua plenitude superabundante... Se Deus está acima e fora de sua Criação, Ele está também em seu interior : Deus não está separado do mundo que Ele criou. As Energias descem sobre nós e nos penetram, elas sustentam o universo inteiro e o saturam, elas fazem resplandecer em tudo a divina magnificência. Toda a Criação aparece àquele cujos olhos veem como uma imensa Sarça ardente, impregnada, não consumida pelo fogo indelével destes logoi que alimentam a "chama das coisas", sobrenaturalmente natural, e que, sob forma de graça e luz incriada, se manifestam em certos momentos privilegiados nos hesicastas (hesychia) e alguns homens divinizados. (extrato sobre o pensamento de Gregório Palamas, adaptado de Athos — voyage à la Sainte Montagne, de Jean Biès. Dervy-Livres, 1981)
Paul Evdokimov A teologia chamada apofática — negativa — adverte-nos do perigo do conhecimento conceitual exclusivo: "os conceitos de Deus criam ídolos"; de Deus, só podemos saber o que ele não é. Tal teologia (theologia) procede pelo desconhecimento racional e conduz à união mística e à sua ciência razoável (episteme). (A Mulher e a Salvação do Mundo, Paulinas)