PHILOKALIA-AUTORES — MÁXIMO O CONFESSOR
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Segundo a tradução francesa da Philokalia a vida de Máximo (580-662) se aparenta de certo modo a do Apóstolo Paulo. O que Paulo foi entre os apóstolos, Máximo foi entre os monges. Poderia ter sido o oposto a um monge: nascido em uma família nobre de Constantinopla, e muito instruído, foi inicialmente um dos mais altos funcionários do Império Bizantino e sem dúvida os secretário do imperador Heraclius. mas, passados trinta anos, em 614, entrou em um mosteiro, inicialmente em Chrysopolis, do outro lado do Bósforo, depois em Cyzique. Desde 626, a invasão persa e a conquista árabe fizeram dele um errante. Passou grande parte de sua vida esclarecida na África. Tendo estudado muito os Padres e a Escritura, cultivou profundas amizades ortodoxas, em particular com Sophrone, o patriarca de Jerusalém, e assim guardou de sua frequentação com o poder um sentido agudo de sua responsabilidade de homem engajado na história. Acabou por se opor radicalmente ao compromisso doutrinal buscado pelo poder em Constantinopla para impedir as comunidades do Oriente seguidoras do monofisismo de bandear para o Islã.
Defendendo o dogma de Calcedônio (duas naturezas, logo também duas energias e duas vontades do Cristo, em uma única pessoa plenamente divina e plenamente humana), Máximo confirmava em nome de Cristo o direito do homem a liberdade de Deus. Mas, como o Cristo e como Paulo, deixou-se enredar em um processo político. Levado à força a Constantinopla em 653, várias vezes condenado, diversas vezes exilado, intratável, morreu em seu último exílio, no Cáucaso, aos 82 anos de idade, com a língua e mão decepadas.
A seleção constante da Philokalia demonstra o reconhecimento dos compiladores ao propósito que comungam: transmitir ao mundo e confiar à história a silenciosa profecia dos monges e seu amor da beleza divina. O material escolhido (quatro centúrias sobre a caridade, sete centúrias sobre a teologia, e um comentário sobre a oração dominical) são acima de tudo filocálicos. Eles só levam em consideração nossa relação fundamental com o mistério e a revelação do Deus vivo.
As quatro centúrias sobre a caridade são sem dúvida uma das primeiras obras de Máximo, composta na calma do mosteiro de Cyzique, antes de 626. Máximo condensou aí sete séculos de vida cristã atestando a preeminência absoluta do amor. As sete centúrias sobre a teologia são elas mesmas a reunião de duas obras diferentes: uma (duas primeiras centúrias) foi escrita provavelmente no início do exílio na África, entre 630-634; a outra (capítulos diversos da terceira à sétima centúria) é uma compilação que data provavelmente do século XI, onde se sucedem excertos de obras de Máximo (Cartas, Questões a Thalassius, Ambigua), comentários do compilador e algumas passagens dos escritos de Dionísio o Areopagita. Nestes últimos escritos percebe-se claramente uma posição fundamental de Máximo: “Só conhecer o Verbo na carne, para progredir para a glória”. A energia divina que criou o mundo está em operação e se realiza em nós no sexto dia porque lhe foi dado passar do sexto ao sétimo, da criação à hesychia, e do sétimo ao oitavo, da hesychia à deificação.Assim tudo é dado, mas tudo deve ser recebido, assumido, realizado. Máximo o afirma: “Cada um é o intendente de sua própria graça”.
A interpretação do “Pai Nosso” foi sem dúvida escrita por volta de 630. É uma obra forte e densa — ao mesmo tempo meditação e exortação — que faz passar e brilhar através das palavras da oração dominical o alento da vida e da luz do conhecimento (gnosis): uma lição de teologia humilde e magistral.
O teólogo Hans Urs von Balthasar apresentando o espírito de Máximo cita um episódio de sua vida. Em seu julgamento, diante da acusação de Theodosius a respeito das duas vontades em Cristo, Máximo ateve-se às “palavras simples” da Escritura, sem entrar em elaboradas especulações, a resposta de Máximo define bem sua cristologia, que ora pretendemos captar:
“Dizendo isto, Theodosius, tu estás introduzindo novas regras para exegese, estranhas à tradição da Igreja. Se não se pode aprofundar nos ditos da Escritura e dos Padres com uma mente especulativa, toda a Bíblia se desmantela, Antigo e Novo Testamento. Ouvimos por exemplo que Davi diz: ‘Abençoados aqueles que estudam seus testemunhos, que o buscam de todo seu coração’ (Salmo 119:2); isto significa que ninguém pode buscar e encontrar Deus sem um estudo penetrante. De novo ele diz, “Dá-me compreensão, para que possa estudar sua lei, e assim possa guardá-la com todo meu coração” (Salmo 119:34); pois o estudo especulativo dirige para um conhecimento da lei, e este conhecimento edifica o amor e o desejo, e faz com que aqueles que têm valor possam guardar a lei em seus corações pela observação de seus santos comandos.” (retirado do livro de von Balthasar, “Liturgia Cósmica”)
Escritos na Internet
Recomendamos uma tradução em português das Centúrias sobre a Caridade, feita por Carlos Ancêde Nougué, publicada pela Landy Editora. Abaixo, relação do que se pode encontrar na Internet:
*PATROLOGIA GREGA — MIGNE
*grego: OBRA ORIGINAL (GREGO)
*português: APRESENTAÇÃO E ALGUNS ESCRITOS EM PORTUGUÊS
*espanhol: SELEÇÃO DE TEXTOS
*inglês
**MAXIMUS THE CONFESSOR
**MAXIMUS THE CONFESSOR, EXCERPT OF LETTER II
*francês
Estudos
*Liturgia Cósmica
*Introduction to Maximus the Confessor (Excerpt)
*Maxime le Confesseur (580-662)
Excertos e citações
*EXCERTOS NESTE SITE
*EXCERTOS EM NOSSO SITE FRANCÊS