Máximo o Confessor — Centúrias sobre a Teologia e a Economia da Encarnação do Filho de Deus
Tradução em grande parte feita a partir da versão francesa da Philokalia, mas eventualmente utilizada a versão inglesa.
Primeira Centúria
Trinta
79. O Senhor se faz conhecer quando tem trinta anos. Por este número, ensina secretamente àqueles que têm o dom da clarividência os mistérios que o tocam. Pois o número trinta, considerado e transposto misticamente, representa o Senhor como o Criador e a Providência do tempo, da natureza e dos seres inteligíveis que estão acima da natureza visível. Ele é o Senhor do tempo pelo sete, pois o tempo é septenário. Ele é o Senhor da natureza pelo cinco, pois a natureza é penta, os sentidos sendo divididos em cinco. E ele é o Senhor dos seres inteligíveis pelo oito, pois a gênese dos seres inteligíveis está acima do período que mede o tempo. Ele é a providência pelo dez, pela santa década dos mandamentos que faz entrar os homens no bem, e pela letra inicial que o Senhor deu misticamente a seu nome, quando se fez homem. Adicionando portanto o cinco, o sete, o oito e o dez, totaliza-se os número trinta. Assim, aquele que sabe que segue o Senhor, como seu mestre,no bom caminho, não ignorará a razão pela qual ele se mostrará, ele também, com a idade de trinta anos para poder pregar o Evangelho do Reino. Quando com efeito, ele criará irrepreensivelmente por sua ação o mundo das virtudes como uma natureza visível, sem alterar o período que, como um tempo, se completa em sua alma através dos contrários, quando tiver colhido infalivelmente pela contemplação o conhecimento, e que poderá portar providencialmente aos outros um tal estado, então ele também, como se fosse a idade de seu corpo, terá em espírito trinta anos, revelando, com seus próprios bens, a energia que dá aos outros.
80. Aquele que está paralisado pelos prazeres do corpo não é capaz de trabalhar na virtude e não se volta facilmente para o conhecimento. Por conseguinte, não há ninguém, quer dizer nenhum pensamento sábio, a fim de, quando a água está agitada, de jogá-lo na piscina, quer dizer na virtude que recebe o conhecimento e que cura toda doença, se todavia o doente, atrasado pela negligência, não foi precedido por um outro que o impeça de alcançar à cura. Eis porque, depois de trinta e oito anos, ele se deita com a doença. Pois aquele que não contempla a criação visível para dar glória a Deus, e não eleva piedosamente seu pensamento para a natureza inteligível, permanece justamente doente durante o número de anos anos que acabamos de dizer. Com efeito, o número trinta, tomado naturalmente, significa a natureza sensível, assim como, considerado na prática, significa a virtude ativa. E o número oito, compreendido misticamente, designa a natureza inteligível dos incorporais, assim como, contemplado gnosticamente, designa a totalidade da sábia teologia. Aquele que a natureza inteligível e a teologia não se voltam para Deus permanece paralítico, até que o Verbo venha lhe ensinar a via curta da cura, dizendo: “Levante-se, tome teu leito e ande”, o encorajando assim a substituir a inteligência ao amor do prazer que o domina, a portar seu corpo sobre os ombros das virtudes e a retornar a sua morada, quer dizer ao céu. Pois mais vale que o pior seja levado pelo melhor sobre os ombros da ação para alcançar à virtude, ao invés de que o melhor seja portado pelo pior para ir, através da moleza, para o amor do prazer.