PSYCHIKOS — PSÍQUICO


EVANGELHO DE JESUS:
Ora, o homem natural (psychikos de anthropos) não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. (1Cor 2:14)

Semeia-se corpo natural (soma psychikon), ressuscitará corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual. Assim está também escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito em alma vivente; o último Adão em espírito vivificante. Mas não é primeiro o espiritual, senão o natural; depois o espiritual. (1Cor 15:44-46)

Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal (psychike) e diabólica. (Thiago 3:15)

Mas vós, amados, lembrai-vos das palavras que vos foram preditas pelos apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo; Os quais vos diziam que nos últimos tempos haveria escarnecedores que andariam segundo as suas ímpias concupiscências. Estes são os que causam divisões, sensuais (psychikoi), que não têm o Espírito. (Judas 1:17-19)


Segundo o léxico do NT de Walter Bauer já em Aristóteles se usava em oposição a somatikos, assim sendo usado também por Philon, como “pertencendo à alma ou vida”, sempre denotando a vida do mundo natural e o que quer que a ela pertença, em contraste com o mundo sobrenatural, que é caracterizado por pneuma.

O psychikos anthropos é o homem não espiritual, aquele que vive no puro plano material, sem ser tocado pelo Espírito de Deus, como afirma Paulo Apostolo (referência acima). A sabedoria que não vem de Acima é chamada epigeios, psychikos (não espiritual), daimonioudes como em Thiago 3:15 (acima citado).

Judas chama os mestres do erro de psychikoi (vide citação acima), homens mundanos, que não têm o Espírito, portanto usando a terminologia dos gnósticos.


Roberto Pla: Evangelho de Tomé – Logion 46

O autor do quarto evangelho assinala em seu Prólogo algumas peculiaridades básicas para ajudar a entender ao homem psíquico universal significado pelo Batista. Segundo diz, o homem psíquico não é a luz (isto bem o sabe cada homem quando tenta penetrar em sua própria psique), senão que vem “como testemunha para dar testemunho da luz”.
*Houve um homem enviado de Deus, cujo nome era João. Este veio para testemunho, para que testificasse da luz, para que todos cressem por ele. Não era ele a luz, mas para que testificasse da luz. (Jo 1:6-8)

Graças ao testemunho que proporciona a razão, a reflexão lógica e em última instância a intuição, podem todos os homens, depois de submergir-se com insistência na água da purificação, adquirir a necessária para crer na luz própria. Esta que não é possível construir com a vontade, pois vem com liberdade plena quando a transparência das águas deixam ver aos olhos do conhecimento, a luz interior do Reino, como testemunho do tesouro.

Em sua qualidade de “homem primeiro” corresponde ao psíquico ir diante, como precursor, para abrir os caminhos do Senhor oculto à consciência que o ignora, mas ocorre que este, que vem atrás dele, o “homem segundo”, o Filho do homem, se coloca, quando a transformação da consciência se consumiu, diante dele, pois o homem eterno, segundo explica Jesus, “já era antes que Abraão nascesse”.
*Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão existisse, eu sou. (Jo 8:58)