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EVANGELHO DE TOMÉ - LOGION 88

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Jesus disse: Os anjos virão até vós assim como os profetas, e eles lhes darão o que é vosso. E vós também, o que está em vossas mãos dai-lo e digai-lo a vós mesmo: qual será o dia em que eles virão e em que receberão o que é seu? (Roberto Pla) EVANGELHO DE JESUS: VINDA

  • Porque o Filho do homem há de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então retribuirá a cada um segundo as suas obras. (Mt 16,27)
  • Porquanto, qualquer que, entre esta geração adúltera e pecadora, se envergonhar de mim e das minhas palavras, também dele se envergonhará o Filho do homem quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos. (Mc 8,38)
  • Porque, quem se envergonhar de mim e das minhas palavras, dele se envergonhará o Filho do homem, quando vier na sua glória, e na do Pai e dos santos anjos. (Lc 9,26)

    Hermenêutica

    Roberto Pla

Os anjos que aqui se anunciam não hão de vir senão à consciência, porque cada homem que vem a este mundo “reveste” a seu santo anjo que está no céu desde um princípio, no céu interior da alma, de onde nunca baixou nem há de baixar. Mas ocorre que quando a alma descobre sua presença em seu próprio céu, esta presença é imputada como vinda do céu, como descida do que sempre esteve ali.

Isso o explica Jesus ao falar dos recém nascidos do Espírito, os novos descobridores do Cristo oculto, a quem denomina de pequeninos:

  • Vede, não desprezeis a nenhum destes pequeninos; pois eu vos digo que os seus anjos nos céus sempre vêm a face de meu Pai, que está nos céus. (Mt 18, 10)

Cada santo anjo é um raio de luz do Filho constituído no espírito puro do homem, posto que é isso mesmo, o “espírito do homem”. Se Jesus chama “anjo” o espírito, por ser puro e sem corpo, o faz no uso do mesmo modo de expressão que é comum no AT quando designa como Anjo de YHWH à “manifestação” da presença divina.

Espírito, ou essência desconhecida da alma, é como interpreta ao santo anjo o autor da epístola aos hebreus quando diz: “alguns, sem o saberem, hospedaram anjos” (Heb 13,2). Os hospedaram, e esse “alguns” que fizeram hospedeiros ignorantes, são guardados, não obstante, pelo anjo, pois ele exerce seu ofício de guardião da alma em qualquer direção que esta eleja. Assim foi ordenado: “A seus anjos te encomendarei para que te guardem” (Lc 4,10).

Por tudo isso, se esclarece a identidade constitutiva do Filho do homem e seus anjos, os que o acompanham sempre em sua Vinda. Todos são “lâmpadas” que irradiam desde a mesma luz. Ele é o que o dá a cada homem “o que é seu”, quer dizer, a bem-aventurança e a Vida eterna. O homem pneumático, o anjo guardião da alma, possui tudo isto porque o foi dado por Deus quando o entregou a seu Filho.

Isso é o que descrevem “em chave” aquelas perícopes nas quais Jesus predica o subir e baixar dos anjos sobre o Filho do homem. Então, diz, “o Filho do homem se declarará por ele (pela alma) ante os anjos de Deus” (Lc 12, 8-9).

Quanto à essência do homem “no homem”, os anjos são os ministros da luz, posto que eles são luz. Quando eles se reúnem, reunidos ficam os “eleitos”, pois eles são os “eleitos” (Mt 24,31 ; Mc 13,27); e separados ficam os “justos” Parábola da Rede); e separada fica a messe, pois eles são os “segadores” e a messe Cizânia). Eles são a messe que espera ser redimida da ignorância da alma; o cativo que há que restituir em liberdade. Daí a alegria que se consigna “entre os anjos de Deus” quando uma alma se converte (strepho) à glória do Pai, o lugar santo onde eles têm plantada sua tenda eterna.