Paul Nothomb — O SEGUNDO RELATO
Gen 3,18 Espinhos e sarças ela fará crescer para ti, e tu comerás a erva dos campos.
Este curto versículo mostra claramente que a adama neste relato não tem o sentido agrícola ou simplesmente territorial que tomou em hebreu moderno. Ela designa um «não-lugar» de onde está ausente a Realidade do Éden, o vazio de uma sub-realidade decepada, amputada em relação à verdadeira. Imaginada então por Deus, a título de hipótese logo abandonada, em relação ao «adam» genérico, ela serve para designar isto de que se separa, se extrai e se afasta em entrando no jardim ou em Criando o Homem. Ela não quer dizer «solo» senão por oposição a «pó». Aqui ela não está, na boca de Deus, o solo de onde sairá a parca nutrição prometida ao Homem, se deixa o jardim. É bem dito que o que ela fará crescer para ele são «espinhos e sarças», todas as dificuldades e os sofrimentos da «condição humana». A erva dos campos, jamais mencionada no jardim, é símbolo da terra árida diante da Criação (Gen 2,5) que o Homem encontrará em exílio como vegetação selvagem e da qual, fora do jardim, deverá então se contentar.