PARÁBOLAS — OS MAUS LAVRADORES (Mt XXI, 33-46; Mc XII, 1-11; Lc XX, 9-19)
EVANGELHO DE JESUS: Mt 21:33-46; Mc 12:1-11; Lc 20:9-19 ! Padres da Igreja — nosso site francês
Tomás de Aquino: Catena aurea — Mateus; Marcos; Lucas Roberto Pla: Evangelho de Tomé - Logion 65-66'' A sentença da pedra concluindo a parábola (veja sua exegese em Logion 65), de abundante uso veterotestamentário, serve a Jesus para “voltar” a um sentido geral, o relato particularizado da parábola. Segundo diz Mateus, pergunta Jesus acerca do destino daqueles vinheiros, e aquele auditório judaico de Sumos Sacerdotes e fariseus reunidos com ele naquele lugar responde de acordo com a linha de exegese eclesial “manifesta”, pois como explica em seguida o evangelista: “compreenderam que o dizia por eles”.
A pedra era pedra do “lugar do Pai”, sobre a qual reclinou Jacó sua cabeça e que o serviu como escada ou ponte estendida entre o céu e o mundo terrestre até erigi-la como Casa de Deus.
Esta pedra tem o mesmo sentido que o tesouro oculto ou que a fina pérola aludidas em outras parábolas: Tesouro Oculto e Pérola Preciosa. Com tudo isso se quer apontar um símbolo universal de Filho do homem, ou Filho de Deus, o Homem primogênito do sexto dia, de origem divino, idêntico enquanto raio de luz, ao Anthropos pai, que reina no céu.
O que quer dizer Jesus ao mencionar a pedra em sua conclusão ao relato da parábola é que a pedra é o Filho ou o homem interior. De passagem, explica Jesus que o Filho é a obra maravilhosa, eleita, preciosa e fundamental “que fez o Pai a nossos olhos”, quer dizer, em nós, acessível à alma somente pela fé em que esta pedra é nosso hóspede interior que pode ser feito manifesto. Diz o profeta que “quem tiver fé nela não vacilará”, e com efeito, tal pedra angular é o único fundamento que tem o homem para construir sobre si mesmo o edifício do homem perfeito.
Esta lição máxima, o ensinamento decisivo de sua Boa Nova, é sem dúvida a que quis explicar Jesus a Pedro; mas o lado oculto de suas palavras não foram bem entendidos por aqueles que só tentaram explicar a vertente manifesta. Pedro tem, em um instante crucial de sua vida, a intuição do Ungido, do Cristo interior, o Filho de Deus vivo. É seguro que começa a descobrir isto em Jesus, o qual é “Cristo em carne”, imagem de Deus vivo diante dele; mas também recebe, talvez, com isto e por isto, os primeiros lampejos de ser ele mesmo, interiormente, uno com Jesus, com o Cristo eterno e universal, o Filho de Deus vivo.
Não há dúvida de que uma intuição tão vasta e profunda, não a teve Pedro, tal como o adverte Jesus, pela carne e o sangue, senão por revelação interior que vem do Pai. Jesus confirma então: “Te digo que tu é Pedro” (de quem Simão é o “nome” ou imagem exterior feita de carne e sangue); tu és a pedra angular desprezada por muitos “chamados” a construir com ela em si mesmos o edifício perfeito.
Tal pedra “eleita”, preciosa, fundamental, que como disse o profeta Zacarias: “tira os pecados deste mundo em um só Dia”, é o Cristo “oculto” em todo homem, a pedra com a qual Jesus confia construir uma igreja ou congregação de homens fiéis e perfeitos, eleitos, eternos. Contra eles, por ser donos da imortalidade, as portas da mansão dos mortos não prevalecerão.
Quanto à dupla função dessa pedra ficou bem explicado por Lucas como colofão da parábola: “Todo o que cair sobre esta pedra será despedaçado; mas aquele sobre quem ela cair será reduzido a pó” (Lc 20:18). Na pedra está sempre o tropeço do homem que não purificou sua vinha; mas quando ela cai, como um estrela do céu à terra, sobre o eleito, é como um crivo sagrado que limpa o bom trigo e desfaz-se a restante. Como está dito, só se salva então, “o que leva na fronte o selo de Deus” (Ap 9,4).