“A Ciência não pode abolir a fé no oniciente Deus, sem adorar em Seu lugar o intelecto cego. A verdadeira fé ocorre quando o espírito da alma entra com sua VONTADE e deseja naquilo que não vê e não sente”. (Quatro Complexões…, 85)
“O homem natural nada sabe sobre os mistérios do reino de Deus, porque ele está fora e não dentro do estado da divindade, sendo provado diariamente pela ação dos filósofos que brigam por causa dos atributos e da VONTADE de Deus; de fato, eles não conhecem a Deus, porque não ouvem a palavra de Deus dentro de suas próprias almas”. (Cartas, XXXV. 5).
“Ó, quão perto está Deus de todas as coisas. No entanto, nada pode compreendê-lo, a menos que esteja tranquilo e entregue sua VONTADE própria à Ele. Se isso for realizado, então a VONTADE de Deus estará agindo através da instrumentalidade de todas as coisas, como o sol que age por todo o mundo”. (Mysterium Magnum…, 45).
“Não há centelha de vida divina naquele que está sem Deus. Não se deve culpar à Deus por isso, mas a própria pessoa. Tais pessoas tem a si mesmas, e por VONTADE própria, entraram em tal estado, abafando a consciência elevada, enquanto que a jóia preciosa, embora desconhecida deles, continua oculta no centro. Deixe, portanto, que eles saiam novamente da ignorância intencional ou malignidade, por VONTADE própria, e entrem novamente na VONTADE de Deus”. (Encarnação de Cristo…, 3, 5).
“Deus”, segundo Boehme, é “a VONTADE da sabedoria eterna”. Se fortalecer em Deus é se fortalecer naquela VONTADE à qual se entrega o sábio. Esta é a verdadeira fé, da qual Boehme diz que: “não se trata apenas de um certo método de pensar, ou a crença em certas ocorrências históricas, mas no recebimento do espírito e poder de Cristo no ser”. (Cartas, XLVI. 39).
“Tua própria audição, VONTADE e visão te impede de ver e ouvir à Deus. Através do exercício de tua VONTADE própria tu te separas da VONTADE de Deus; pelo exercício de tua visão própria, tu vês apenas dentro de teus próprios desejos, enquanto que teu desejo obstrui a tua audição, fechando teus ouvidos com aquilo que pertence as coisas materiais e terrestres. Tudo isso te encobre, de modo que não podes ver o que está além de sua própria natureza humana e supersensual. Mas se ficares quieto, desistir de pensar e sentir com seu próprio ser pessoal, então a audição, a visão e a palavra eterna serão revelados a ti, e Deus irá ver e ouvir e perceber através de você”. — (Vida Suprasensual…, 1-5).
“O único e verdadeiro caminho através do qual Deus pode ser percebido em Sua Palavra, Essência e VONTADE, é quando o homem alcança um estado de unidade consigo mesmo, e quando — não só em sua imaginação, mas em sua VONTADE, possa deixar tudo o que é eu pessoal, ou o que pertence ao eu: dinheiro e bens, pai e mãe, irmão e irmã, esposa e filhos, corpo e vida, quando o seu próprio eu se transforma num nada. Ele deve entregar tudo e se tornar mais pobre que um pássaro no ar, que possui um ninho. O homem não deve ter um ninho para o seu coração neste mundo. Não que se deva fugir de casa, abandonar esposa, filhos ou parentes, cometer suicídio, ou jogar fora suas propriedades, a fim de não estar corporalmente presente; deve-se matar e anular a VONTADE própria, aquela que clama por todas essas coisas como sua possessão. O homem deve entregar tudo isso ao seu Criador, e dizer com todo consentimento de seu coração: ‘Senhor, tudo é seu’! Sou indigno de governar tudo isso, mas como Tu me colocastes ali, devo cumprir meu dever entregando minha VONTADE a Ti, de forma total e completa. Aja através de mim da forma que quiseres, a fim de que a Sua VONTADE seja feita em todas as coisas e em tudo que eu seja chamado a fazer para o benefício de meus irmãos, a quem sirvo segundo o teu mandamento. Aquele que penetra neste estado de resignação suprema entra em união divina com Cristo, a fim de ver ao Próprio Deus. Ele fala com Deus e Deus fala com ele, ele sabe qual é a Palavra”, a. “Essência, e a VONTADE de Deus”. (Mysterium, XLI. 54-63).
“Siga meu conselho, deixe de buscar o conhecimento de Deus, através da sua VONTADE egoísta e de teu raciocínio; jogue fora tua razão imaginária, aquela que teu eu mortal pensa que possui, então tua VONTADE será a VONTADE de Deus. Se Ele encontrar a Sua VONTADE como sendo a sua VONTADE na Dele, então a Sua VONTADE irá se manifestar em sua VONTADE, como se fosse em Sua própria propriedade. Ele é Tudo, e o que quer que desejes saber no Tudo está Nele. Não há nada oculto diante Dele, e tu verás em Sua própria luz.” (Quarenta Questões…, I.36).
“Tudo o que se busca e se investiga sobre os mistérios divinos num espírito de egoísmo é inútil. A VONTADE própria não pode compreender nada de Deus, porque essa VONTADE não está em Deus, mas é externa à Ele. A VONTADE num estado de tranquilidade divina, compreende o divino, porque é um instrumento do Espírito, e é o espírito em que a VONTADE é tranquila que tem a faculdade de tal compreensão. Há muitas coisas, sem dúvida, que podem ser investigadas, aprendidas e compreendidas num espírito de egoísmo, mas a concepção assim formada pela mente não passa de uma aparência externa, e não há compreensão do fundamento essencial.” (Assinatura… 15,33)
“A VONTADE deve buscar ou desejar nada mais do que a misericórdia de Deus no Cristo; deve entrar continuamente no amor de Deus, e não permitir que nada a afaste deste objetivo. Se a razão externa triunfa e diz: ‘Eu tenho o verdadeiro conhecimento’ então a VONTADE deve fazer a razão carnal curvar-se à terra, fazendo com que entre num estado mais elevado de humildade, e com que repita sempre para si mesma as palavras: ‘És tola. Tu nada possuis senão a misericórdia de Deus’. Tente penetrar essa misericórdia e tornar-se um nada em si mesmo, e afaste-se de todo o seu próprio conhecimento e desejo egoísta, reconhecendo-os como algo inteiramente impotente. Então a VONTADE própria natural, irá entrar num estado de abandono, e o Espírito Santo de Deus irá tomar uma forma viva dentro de ti, inflamando a alma com suas chamas de amor divino. Assim, o conhecimento elevado e a ciência do Centro de todo ser irá surgir. O eu humano irá começar a perceber o Espírito de Deus, tremulamente e na alegria da humildade, e será capaz de ver o que está contido no tempo e na eternidade. Tudo está perto de uma alma nesse estado, pois a alma não é mais propriedade sua, mas um instrumento de Deus. Em tal estado de calmaria e humildade a alma deve permanecer, como uma fonte permanece em sua própria origem, ela deve, sem cessar, atrair e beber daquele poço, e nunca mais desejar deixar o caminho de Deus”. (Quietude…, 1, 24).
“É de se lamentar como os homens são guiados de forma tão cega por aqueles cegos, e que a verdade é impedida de se manifestar em sua glória e pureza por causa de nossas concepções das formas e figuras externas; pois quando o poder divino em todo o seu esplendor se torna manifesto e ativo no fundamento interior da alma, a ponto do homem desejar sinceramente abandonar os caminhos desprovidos de Deus e sacrificar todo o seu ser por Deus, então toda a Divindade trina estará presente na vida e na VONTADE da alma, e o céu, onde Deus reside, se abrirá para essa alma.” (Mysterium Magnum…, LX. 43).
“A nossa visão e o nosso conhecimento estão em Deus. Ele revela a todos neste mundo, segundo a Sua VONTADE, e na medida em que sabe ser útil para ele. Não estamos em possessão de nosso próprio ser. Nada sabemos sobre Deus. O Deus Propriamente dito é o nosso conhecimento e visão. Não somos nada, a fim de que Ele possa ser Tudo em nós. Devemos ser cegos, surdos e mudos, e não saber nada, não tomar conhecimento de vida que seja propriedade nossa, a fim de que Ele possa ser a nossa vida e a nossa alma, e a fim de que nossa obra possa ser a Sua”. (Encarnação de Cristo…, II. 7,9).
“Quando meu espírito, cheio de sofrimento, movimentando-se como que numa grande tormenta, sinceramente surgiu em Deus, carregando consigo todo o meu coração e minha mente, com todos os meus pensamentos e com toda a minha VONTADE; quando eu não podia mais parar de lutar contra o amor e a misericórdia de Deus, a menos que sua Benção descesse sobre mim — ou seja, a menos que Ele iluminasse minha mente com Seu Espírito Santo, para que eu pudesse compreender a Sua VONTADE e me livrar de minha dor, então a luz do Espírito rompeu das nuvens. Enquanto que em meu fervor, lutava poderosamente contra os portais do inferno, como se tivesse mais forças do que as que estavam em minha posse, desejando arriscar a própria vida (que teria sido insuportável, sem o auxílio de Deus); após duras lutas contra os poderes das trevas, meu espírito rompeu as portas do inferno, e penetrou a essência mais íntima da Divindade recém-nascida, onde foi recebida com grande amor, tal qual aquele oferecido por uma noiva ao receber seu amado noivo. As palavras não podem expressar a grande satisfação e triunfo que experimentei então; tampouco poderia comparar tal satisfação com qualquer outra coisa, senão com o estado no qual a vida nasce da morte, ou com a ressurreição do morto. Durante este estado, meu espírito imediatamente viu através de todas as coisas, e reconheceu à Deus em todas as coisas, até mesmo nas ervas e nas pragas, e soube o que era Deus e qual era a Sua VONTADE. Então, minha VONTADE cresceu rapidamente nessa luz, e recebi um forte impulso de descrever o estado divino.” (Aurora, XIX. 4).
“Eu nunca desejei saber nada sobre os mistérios divinos, nem compreendo como posso busca-los ou encontrá-los. Tudo o que busquei foi o coração de Jesus Cristo (o centro da verdade), onde devo me ocultar e encontrar a proteção da temível cólera de Deus; peço a Deus sinceramente que me conceda o Seu Espírito Santo e a Misericórdia, que Ele possa me abençoar, conduzir e afastar de mim tudo o que nos separa, a fim de que eu não viva em minha VONTADE própria, mas na Dele. Engajado nessa busca e nesse desejo sincero, a porta me foi aberta, de modo que em um quarto de hora, vi e aprendi mais do que se estivesse estudado por muitos anos nas universidades.” (Cartas, XII 6,7).
“Não sou um mestre da literatura ou das ciências deste mundo, mas um homem de mente simples. Nunca desejei aprender ciência alguma, mas desde tenra idade busquei a salvação de minha alma, e descobrir como poderia herdar ou possuir o reino do céu. Encontrei em meu interior um poderoso contrarium, ou seja, os desejos pertencentes ao corpo e ao sangue; Ingressei numa árdua batalha contra a minha natureza corrupta, e com o auxílio de Deus, decidi superar a VONTADE demoníaca que havia herdado, vencê-la e penetrar totalmente no amor de Deus no Cristo. Daquele momento em diante, resolvi considerar-me como um morto quanto a minha forma herdada, até que o Espírito de Deus tomasse forma em mim, para que Nele e através Dele, pudesse conduzir a minha vida. Isso era praticamente impossível, mas permaneci firme em minha sincera resolução, travando uma dura batalha contra mim mesmo. Enquanto buscava e lutava, com o auxílio de Deus, uma luz maravilhosa surgiu em minha alma. Era uma luz completamente estranha à minha natureza descontrolada; nela reconheci a verdadeira natureza de Deus e do homem, a relação existente entre eles, algo que nunca havia compreendido, e que nunca teria buscado”. (Tilken… 20-26).
“Espero continuamente pelo meu Redentor, desejando me submeter inteiramente à Ele, seja o que quer que Ele faça. Se Ele quiser que eu saiba qualquer coisa, então quero saber; mas se Ele não quer, então não desejo saber. Nele coloquei a minha VONTADE, meu conhecimento, minha ciência, meu desejo e a minha realização”. (Cartas, VIII.60).
“Acima de tudo, examine consigo mesmo, o propósito de conhecer os mistérios de Deus, e se estais preparado a empregar aquilo que receber para a glorificação de Deus e para o benefício do próximo. Você está pronto para morrer inteiramente para sua VONTADE terrestre e egoísta, e desejas, sinceramente ser um com o Espírito? Aquele que não tiver tais propósitos elevados, e busca apenas um conhecimento que satisfaça o seu eu, ou para ser admirado pelo mundo, não está apto a receber tal conhecimento”. (Clavis, II. 3).
“Quem lê esses escritos e não pode compreendê-los, não deve colocá-los de lado, imaginando que nunca serão compreendidos. Deve buscar mudar a sua VONTADE, elevar sua alma à Deus, rogando-lhe a graça e a compreensão, e então ler novamente. Com certeza, irá perceber mais verdade do que antes, até que por fim o poder da VONTADE de Deus se manifeste nele, atraindo-o para as profundezas, para o fundamento supranatural — isto é dizer, na eterna unidade de Deus. Então ele irá ouvir as reais mas inexprimíveis palavras de Deus, que irão conduzi-lo através da radiação divina da luz celestial, mesmo com as formas mais grotescas da matéria terrestre, e daí novamente de volta para Deus; e o Espírito de Deus irá buscar todas as coisas nele e com ele”. (Clavis, Prefácio, 5).
“Dentro do não fundamento (que alguns escritores denominam de ‘Não-Ser’ — um termo sem nenhum significado) não há nada senão tranquilidade eterna, um eterno repouso sem começo e sem fim. É verdade que mesmo ali Deus tenha uma VONTADE, mas essa VONTADE não pode ser objeto de nossa investigação, já que qualquer tentativa de investigá-la produziria pura confusão em nossa mente. Concebemos essa VONTADE como constituindo o fundamento da Divindade. Ela não tem origem, mas concebe a si mesma em si mesma”. (Encarnação de Cristo…, XXI. 1).
“A Inteligência Divina é uma VONTADE livre. Ela nunca se origina do poder ou através do poder de qualquer coisa. Ela é ela mesma, e reside unicamente dentro de si, sem ser afetada por qualquer coisa, porque não há nada fora ou anterior á ela”. (Mysterium, XXIX. 1).
“A Liberdade Eterna possui a VONTADE, e é a VONTADE. Na VONTADE há um desejo de realizar ou um impulso de desejar alguma coisa. Não há nada além dessa VONTADE, para o que tal impulso pudesse ser dirigido. A VONTADE portanto vê em si mesma como na eternidade; ela vê o que é, e assim cria em si um espelho”. (Quarenta Questões…, I.13).
“Deus é a VONTADE da sabedoria eterna, a sabedoria eternamente gerada Dele, em Sua revelação. Essa revelação ocorre através de um espírito ternário. Primeiro através da VONTADE eterna, em seu aspecto de Pai; depois, através da VONTADE eterna em seu aspecto de amor divino, o centro ou o coração do Pai; e finalmente através do Espírito, o poder que emana da VONTADE e do amor.” (Mysterium I. 2,4).
“O Pai é a VONTADE do não fundamento (Absoluto). Essa VONTADE concebe em si mesma o desejo de manifestar-se. Esse amor ou desejo é o poder concebido pela VONTADE ou Pai, dentro de si — ou seja, o Filho, coração ou morada (a primeira fundação dentro da não fundação ou não fundamento), o primeiro princípio dentro da VONTADE. A VONTADE é falada através da concepção de si mesma, e essa emissão da VONTADE em fala ou respiração é o Espírito da Divindade”. (Mysterium, I.2).
“A primeira VONTADE inconcebível, sem qualquer origem, gera em si mesma o único e eterno Deus — uma VONTADE conceptível, sendo o filho da VONTADE sem causa, mas igualmente eterna com a primeira. Esta outra VONTADE é a sensibilidade e conceptibilidade da VONTADE primordial, pela qual aquilo que não é nada se encontra como sendo algo. Ao fazer isso, a VONTADE inconcebível sem causa, emerge o que encontrou eternamente, penetrando um estado de meditação eterna sobre seu próprio ser. A primeira VONTADE sem causa é chamada de Pai eterno; a VONTADE concebida e gerada do não fundamento é seu Filho congênito; a emissão da VONTADE insondável através do Filho concebido é o Espírito. Assim, a VONTADE única do Absoluto, através da concepção primeira, eterna e sem princípio, manifesta uma atividade ternária, mas permanece sendo uma VONTADE indiferenciada”. (Grace, I 5-12).
“Deus em seu aspecto primitivo não deve ser concebido como um ser, mas como um poder ou inteligência constituindo a potencialidade para ser — uma VONTADE insondável e eterna, onde tudo está contido e que embora sendo tudo é um, mas desejoso de revelar-se e de entrar num estado de ser espiritual. Isso ocorre através do fogo no desejo do amor, ou seja, no poder da luz”. (Mysterium, VI 1).
“Não temos porque falar que Deus é três pessoas, nesse ponto, mas Ele é ternário em sua evolução eterna. Ele dá nascimento a Si mesmo na trindade; nesse desdobramento eterno continua sendo um ser, nem o Pai, nem o Filho, nem o Espírito Santo, mas unicamente a vida eterna ou Deus. A VONTADE ternária torna-se compreensível em Sua eterna revelação, só quando Ele revela a Si mesmo por meio da natureza eterna — ou seja, na luz através do fogo”. (Mysterium, VII 9 — 12).
“Aquilo que é tranquilo e sem ser, repousa em si mesmo, não contém as trevas, mas é uma felicidade lúcida, clara e calma. Isso é, pois a eternidade, sem nada mais, e significa acima de tudo Deus. Mas como Deus não pode existir sem um ser, Ele concebe em Si mesmo uma VONTADE, e essa VONTADE é amor”. (A Vida Tríplice…, II 75).
“A totalidade do Ser divino está num estado de contínua e eterna geração, comparável à mente de um homem, mas imutável. Os pensamentos nascem continuamente da mente de um homem, e deles surgem o desejo e a VONTADE. Do desejo e da VONTADE surge a ação, e as mãos realizam suas obras, de modo a se tornar substancial. Desta forma, a ação está com a evolução eterna”. (Três Princípios…, IX 35).
“No princípio, a VONTADE é fraca como um nada; depois, ela deseja e aspira a ser algo e a manifestar-se. Esse nada faz com que a VONTADE entre num estado de desejo; esse desejo é uma imaginação. A VONTADE observando-se no espelho da sabedoria faz com que sua própria imagem apareça no não fundamento, criando o fundamento em sua própria imaginação”. (Encarnação de Cristo…, II 1).
“Deus introduz Sua VONTADE na natureza, a fim de revelar Seu poder na luz e na majestade, para constituir um reino de alegria. Se não houvesse uma natureza originando-se na unidade eterna, não haveria nada mais do que a tranquilidade eterna. A natureza entra num estado de dor, a tranquilidade transforma-se em movimento, e os poderes tornam-se audíveis como as palavras”. (Grace, II . 16).
“A VONTADE emergindo do estado de unidade (ao assumir uma posição contra a unidade, desejando seu próprio ser) entra num estado de desejo; esse desejo é magnético, ou seja, interiorizador, mas a unidade como tal é exteriorizadora; ela deseja exprimir-se, a fim de tornar-se revelada. Tendo a VONTADE sido expressada do estado de unidade, deseja penetrar a si mesma, de modo a alcançar sensações na unidade, e para que com isso, a unidade possa alcançar a sensação na VONTADE”. (Theosophical Questions, III. 9)
“A VONTADE é como uma vida insensível, mas encontra o desejo, e querendo o desejo se constitui num ser. A VONTADE é superior ao desejo, pois embora o desejo seja uma causa excitante para a VONTADE, a VONTADE é uma vida sem uma causa e é também inteligência. É, portanto, senhor do desejo. Ela rege a vida do desejo e o usa como convém. Essa vontade-espírito eterna, sabemos ser Deus, mas a vida ativa do desejo é a natureza eterna”. (Inner Mysterium Magnum…, I I, III 2).
“A Essência eterna, desejando revelar-se a si mesma (para obter auto consciência), teve que conceber em si uma VONTADE; mas como em si mesma não havia objeto para sua VONTADE ou desejo, exceto o Verbo poderoso, que na eternidade tranquila não existia, os sete estados da natureza eterna tiveram que nascer ali. Daí procede então, de eternidade em eternidade, o Verbo poderoso, o poder, o coração e a vida da eternidade tranquila e de sua sabedoria eterna”. (A Vida Tríplice…, III 21).
“Cada uma dessas formas divinas de vida deseja governar; cada uma possui sua VONTADE própria. Ao contrário não haveria nem sensibilidade, nem perceptividade, apenas uma eterna tranquilidade. Nenhuma delas faz pressão, a fim de manifestar-se mais do que as outras, todas estão em perfeita harmonia”. (Cons. Stiefel…, II. 348). 38
“A primeira qualidade é o desejo. Ela pode ser comparada com a atração magnética, é a compreensibilidade da VONTADE. A VONTADE se concebe como algo. Por esse ato de impressão ou contração ela encobre a si mesma e se torna treva”. (Clavis, VIII. 38).
“O desejo é uma qualidade (contrativa) atraente, adstringente e ácida. É um poder ativo, e sem ele nada haveria senão tranquilidade. Ele se contrai e se preenche de si mesmo; mas aquilo que é atraído constitui nada mais do que trevas, um estado que é mais compacto que a VONTADE original, sendo essa tênue como um nada, depois se torna plena e substancial”. (A Vida Tríplice…, II. 12).
“O Desejo, sendo uma forte atração, causa a liberdade etérea , que é comparável a um nada, para contrair e entrar num estado de trevas. A VONTADE primitiva deseja ser livre das trevas, pois deseja a luz. A VONTADE não pode reter essa luz, e quanto mais ela deseja a liberdade maior será a atração causada pelo desejo”. (Seis Pontos Teosóficos…, I 38).
“Deve haver uma oposição, pois a VONTADE não deseja ser trevas, e este mesmo desejo causa as trevas. A VONTADE ama o excitamento causado pelo desejo, mas não ama a contração e o obscurecimento. A VONTADE propriamente dita não se torna obscura, apenas o desejo que nela existe. O desejo está nas trevas, e, portanto uma grande angústia resulta dentro da VONTADE, na medida em que o desejo pela liberdade se fortalece, mas por esse desejo torna-se mais áspera e obscura”. (Quarenta Questões…).
“A terceira qualidade, a angústia, é desenvolvida da seguinte maneira: a adstringência é fixa, o movimento é volátil; uma qualidade é centrípeta, outra centrifuga; mas como são um, e não podem se separar uma da outra (nem do seu centro) tornam-se como uma roda giratória, onde uma força para cima e a outra força para baixo. A solidez fornece substancialidade e peso, enquanto o “amargor” (desejo em movimento) fornece espírito (VONTADE de liberdade) e vida volátil. Tudo isso causa uma circulação dentro e para fora, sem no entanto, ter um destino. Aquilo que a atração do desejo faz com que se torne fixo, torna-se novamente volátil através da aspiração por liberdade. Ocorre então a grande inquietude, comparável a uma loucura furiosa, de onde surge uma terrível angústia”. (Mysterium, III. 15).
“Quanto mais o primeiro princípio acumular sua aspereza, a fim de capturar o segundo princípio, maior a ação desse princípio, e mais forte é a fúria e a ruptura. O amargor recusa-se a ser subjugado, mas a VONTADE (de onde se origina) o aprisiona fortemente, impedindo-o de seguir seu impulso. Ele luta para subir, a VONTADE para descer, pois a adstringência puxa para dentro, e se torna pesada. Assim, um luta para surgir, no alto, o outro para mergulhar, em baixo, sendo que nenhum dos dois atinge seu objetivo; com isso a natureza eterna torna-se como uma roda giratória”. (Encarnação de Cristo…, II. 4).
“O fogo é originalmente, trevas, aspereza, frio eterno e secura, e não há nada nele, senão uma fome eterna. Como então se transforma em fogo? O Espírito de Deus, em seu aspecto de luz eterna, vem em auxílio da fome-ígnea. A fome origina-se da luz, porque quando o poder divino espelha-se nas trevas, essas se tornam cheias de desejo da luz, e esse desejo é a VONTADE (da natureza eterna). Mas a VONTADE ou o desejo na secura, não podem atingir a luz, consistindo então de angústia e súplica pela luz. Essa angústia e essa súplica persistem até que o Espírito de Deus entre como que um raio de luz”. (Três Princípios…, XI.45).
“A liberdade por meio da VONTADE eterna alcança as trevas, essa alcança a luz da liberdade, mas não pode retê-la. A VONTADE aprisiona-se pelo próprio desejo que há em si, tornando-se trevas. Dessas duas coisas, ou seja, da impressão de trevas e do desejo da luz ou liberdade, que é direcionado para as trevas, resulta o raio de luz nas trevas, a condição primitiva do fogo. Mas como a liberdade é um nada, e portanto inapreensível, não pode reter a impressão. Assim, a impressão entrega-se à liberdade; essa, por sua vez, devora a natureza obscura da impressão. Assim, a liberdade governa nas trevas, e não é compreendida por ela”. (Assinatura…, XIV. 22).
“A unidade eterna ou liberdade, per se, é de infinito amor e brandura, mas as três qualidades são ásperas, dolorosas e até mesmo terríveis. A VONTADE das três qualidades anseia pela unidade branda, e a unidade anseia pelo fundamento ígneo e pela sensibilidade. Assim, um penetra o outro, e quando isso ocorre o raio de luz aparece, comparável à chispa produzida pela fricção entre a pedra e o aço. É desta forma que a unidade retém a sensibilidade, e a VONTADE da natureza recebe a unidade suave. Assim a unidade torna-se uma fonte de fogo, e o fogo penetrado pelo desejo, uma fonte de amor”. (Clavis, IX. 49).
“Quando o fogo e a luz espirituais são acesos nas trevas (tendo, contudo, queimado desde a eternidade), o grande mistério do poder e do conhecimento divino revela-se eternamente ali, porque no fogo todas as qualidades da natureza aparecem exaltadas na espiritualidade. A natureza permanece o que é, mas a sua expressão, ou seja, aquilo que ela produz, torna-se espiritualizado. A VONTADE obscura é consumida no fogo, expressando com isso o puro espírito-fogo, penetrado pelo espírito-luz”. (Clavis, IX. 64).
“Como o sol no plano terrestre transforma a amargura em harmonia, do mesmo modo age a luz de Deus nas formas da natureza eterna. Essa luz brilha dentro delas e fora delas; a luz incendeia as formas, a fim de que obtenham sua VONTADE e se rendam à ela completamente. As formas então, abandonam sua própria VONTADE e tornam-se como se não tivessem poder algum, desejando unicamente o poder da luz”. (Seis Pontos Teosóficos…, V. 3). Pela união do fogo e da luz o terceiro princípio conquista a substancialidade.
“Assim como a terra continua a produzir plantas, flores, árvores, metais e seres de várias espécies, um mais glorioso, forte e belo que o outro; e como no nosso plano terrestre uma forma aparece enquanto outras perecem, havendo um contínuo trabalho e envolvimento das formas, do mesmo modo a geração eterna com o santo mistério, continua ocorrendo com grande poder; em consequência dessa contorção de poderes espirituais, os frutos divinos aparecem um ao lado do outro, todos e cada um deles, numa radiação de belas cores. Tudo aquilo pelo qual estamos rodeados no mundo terrestre, não passa de um símbolo terrestre, que existe no reino celestial numa bela perfeição, num estado espiritual. Não existem ali meramente como um espírito, uma VONTADE ou um pensamento, mas numa substancialidade corporal, em essência e poder, e aparece inconcebível se comparado com o mundo material externo” (Assinatura…, XVI. 18).
“A VONTADE eterna, o Pai, conduz Seu coração, Seu Filho eterno, pelo fogo, ao grande triunfo, ao Seu reino de glória”. (Grace, II. 21).
“Sempre haverá que se fazer uma distinção entre a Divindade e a humanidade, entre a VONTADE humana e a VONTADE de Deus”. (Stief, II. 95).
“Não podemos dizer como é que aquilo que estava eternamente na essencialidade de Deus entrou em movimento, pois não havia nada que pudesse ter feito Deus se movimentar, e a VONTADE de Deus é eterna e imutável. Só podemos dizer que o Três estava desejoso de ter filhos de sua própria espécie”. (Quarenta Questões… I. 273).
“O Pai, sendo a VONTADE primordial, pronuncia todas as coisas através do Verbo, do centro da liberdade; mas a emissão do Pai através do Verbo é o espírito do poder, e esse espírito dá forma àquilo que foi falado, a fim de que apareça como um espírito”. (A Vida Tríplice… II. 63).
“Na eternidade, na VONTADE eterna, havia uma natureza, mas ela existia ali apenas como um espírito, e sua essencialidade não estava manifesta exceto no espelho daquela VONTADE, ou seja, na sabedoria eterna”. (Assinatura…, XIV. 8).
“O mundo criado existia antes do mysterium magnum, pois todas as coisas encontravam-se numa condição espiritual na sabedoria, como numa contínua atividade ou luta de amor. A VONTADE única concebeu essa forma espiritual no Verbo, e permitiu a inteligência (a consciência separada, ou seja, a qualidade azeda e adstringente), agir sem restrição, a fim de que cada poder pudesse entrar ou se construir numa forma de acordo a essa própria qualidade específica”. (Grace, IV. 12).
“A Mente eterna está sempre desejosa de poder, e o poder é a adstringência, e a adstringência é a contração, atração, ou o Fiat eterno, que cria e torna corporal aquilo que a VONTADE eterna deseja em sua própria benevolência. A VONTADE deseja através do Fiat agudo, trazer para a substancialidade (tornar objetivo) aquilo que mantém na Sabedoria eterna”. (Três Princípios… XIV.74).
“O centro de cada coisa é espírito, coexistindo com o Verbo. A separação (diferenciação) de algo (através da qual esse algo se distingue do resto) está na qualidade de sua VONTADE, através da qual assume uma forma ou estado de ser de acordo com seu próprio desejo essencial (predominante)”. (Cartas, XLVII. 5).
“Se Deus irá ou não criar algo mais de Sua VONTADE, após o fim desses tempos, não é perceptível pelo meu espírito, pois ele não vai além do próprio centro onde habita, e ali é o paraíso e o reino do céu”. (Princípios, IX. 41).
“Se desejas ouvir o Espírito Santo, manifestado pela boca de outro, é preciso primeiro que tu mesmo penetre com tua VONTADE no espírito de santidade”. Jacob Boehme.
“Saiba que o demônio sempre luta com os anjos. Quando a alma do homem está segura em Deus, então o demônio deseja entrar, mas ele é impedido, não podendo realizar a sua VONTADE. Sempre que a alma imagina, fazendo com que surjam os desejos luxuriantes, ocorre a vitória do demônio”. (A Vida Tríplice…, XIV.13).
“Cada anjo que deseja viver na luz e poder de Deus deve abandonar o egoísmo da dominação do fogo no desejo; deve render a si e tudo o que lhe pertence à VONTADE de Deus; deve morrer com relação à sua VONTADE própria e desdobrar-se na luz do amor, como um fruto do amor divino, a fim de que a vontade-espírito (a VONTADE espiritual) de Deus comande sua vida”. (Stiefel 11. 49).
“A vida da criatura eterna era em seu princípio inteiramente livre, porque estava em temperatura harmoniosa e apropriada. Os anjos foram criados pelo céu, e mesmo se o mundo de trevas, com o reino da fantasia estivessem contidos ali, era numa condição latente, e não manifesta. Pela ação da VONTADE livre nos anjos caídos o mundo das trevas tornou-se objetivo neles; porque estavam inclinados para a fantasia (especulação), e consequentemente essa tomou posse deles, surgindo em essência”. (Graça, IV. 45).
“Quando Lúcifer viu que era tão bonito, e quando percebeu seu nascimento elevado, e grande poder, o espírito que ele havia gerado em si (ou seja, sua própria VONTADE livre) manifestou-se e desejou triunfar sobre o divino nascimento, e exaltar-se acima do coração de Deus”. (Aurora, XIV. 13, 32).
“Se os espíritos que surgiam (em Lúcifer) tivessem interagido pacificamente e segundo a VONTADE de Deus, teriam gerado um filho, o qual seria como o Filho de Deus e seu amado irmão; mas quando surgiram num estado de absoluta ignição, geraram um filho triunfante, auto planejado, que, de acordo com a primeira qualidade, era duro, áspero, frio e escuro; e de acordo com o segundo princípio, de uma aparência ígnea, ardente e amarga. O som nele era um duro som-fogo, e no lugar do amor havia um inimigo orgulhoso. Assim, na sétima forma da natureza apareceu um monstro orgulhoso que fantasiou estar acima de Deus, como não havia outro igual. O amor esfriou; o coração de Deus não podia mais tocar esse ser pervertido. Sempre que aquele coração, cheio de benevolência e graça, movimentava-se para encontrá-lo, o coração do monstro aparecia escuro, frio, duro e ígneo”. (Aurora, XIII. 40-47).
“O reino escuro da fantasia e a criatura que está constituída pelos anjos caídos, são uma coisa só, uma VONTADE, um ser; e como essa VONTADE rebelada não quis residir e governar sozinha na fantasia, mas quis governar também no santo poder, onde apareceu de imediato, o santo poder repeliu-o para fora de si e se ocultou, logo em seguida — isso quer dizer, o céu interior se fechou, fora de seu próprio estado, a fim de que ele não visse a Deus. Assim é que morreu para o reino da boa VONTADE”. (Graça, IV. 46).
“Se nos lançarmos no desejo terrestre, seremos por ele capturado, e a angústia do abismo será o nosso senhor. Mas se pelo poder de nossa VONTADE nos elevarmos acima deste mundo, então o mundo da vida irá capturar nossa VONTADE, e Deus será nosso Senhor”. (Pontos Teosóficos, VI.5)
“Pode ser que se pergunte: Por que Deus não restringiu Lúcifer do desejo maligno? Mas como isso poderia ser feito? Se esse ser de fogo fosse levado ainda mais para a humildade e para o amor, sua luz gloriosa se manifestaria ainda mais para ele, e sua ígnea VONTADE própria cresceria ainda mais com isso. Deveria Ele educá-lo punindo-o? O Objetivo de Lúcifer já era o de excitar em si a fundação mágica, e brincar com o centro das qualidades”. (Mysterium, IX.14).
“Se Lúcifer quiser novamente se tornar um anjo, terá que extrair novamente da unidade e do amor de Deus; seu fogo-vida terá que ser consumido pelo amor, transformado-se em humildade; mas isso o fundamento infernal (a VONTADE) nos demônios recusa a permitir”. (Questões Teosóficas, VII.5).
“Deus, a luz eterna e a VONTADE eterna, brilha nas trevas e as trevas capturaram a VONTADE (recebeu sua atividade). Nessa VONTADE surgiu a ansiedade, e nela está o fogo, e no fogo a luz. Assim, as estrelas foram produzidas do fogo; o sol, do poder dos céus”. (Três Princípios… VIII. 22).
“A mente de Adão era inocente como a de uma criança, brincando com as maravilhas de seu Pai. Não havia nele nenhum auto conhecimento da VONTADE demoníaca, nenhuma avareza, orgulho, inveja, raiva, mas um puro desfrutar do amor”. (A Vida Tríplice…, XI 23).
“A vontade-espírito do homem penetrava todas as criaturas, sem ser injuriada por nenhuma delas, pois nenhuma podia alcança-la. Nenhuma criatura pode apreender o poder e a luz do sol em sua VONTADE própria, mas deve permanecer passiva para ser penetrada por ela; esse era o caso da vontade-espírito do homem”. (Grace, VII 2).
“Assim o santo mundo divino era predominante nos três princípios da qualidade humana, e havia um acordo igual, sendo que nenhum inimigo ou VONTADE oposta estava manifestado entre os princípios”43. (Mysterium, XVII 20).
“Deus possui a eterna e imutável VONTADE para gerar Seu Coração e seu Filho, e assim a alma deveria colocar sua VONTADE imutável no coração de Deus. Então ela estaria no céu e no Paraíso, desfrutando da felicidade inexprimível de Deus o Pai, a que Ele desfruta no Filho; a alma ouviria então as palavras inexpressíveis no coração de Deus”. (Três Princípios… X 14).
“Adão foi concebido no amor de Deus e nasceu neste mundo. Tinha posse de uma substancialidade divina e sua alma era de VONTADE, o primeiro princípio, a qualidade do Pai. Essa VONTADE deveria ser dirigida, juntamente com sua imaginação, no coração do Pai, ou seja, no Verbo e no Espírito do amor e da pureza. A alma humana reteria então, a substância de Deus no Verbo da Vida”. (Encarnação de Cristo…, I 10 2).
“Se a alma mergulha sua VONTADE na humildade, ou seja, na obediência de Deus, torna-se uma fonte do coração de Deus, recebe o poder divino e todas as suas essências tornam-se angélicas e deleitosas. Suas essências ásperas também se tornam úteis, aparecendo-lhe mais humildes e úteis do que se tivessem sido inteiramente doce e humilde desde sua origem”. (Três Princípios… XIII 31).
“A luz e o poder da luz é um desejo, e quer possuir a nobre imagem feita à semelhança de Deus, porque foi criada para o mundo da luz. O mundo das trevas ou a cólera aguda deseja o mesmo, pois o homem tem todos os mundos em si, e há uma grande batalha ocorrendo dentro dele. Aquele princípio com o qual ele se identifica em seu desejo e VONTADE, é o que o governará”. (Tilk I 38 I).
“Sendo a alma essencial e sua substância um desejo, fica claro que está em dois tipos de Fiat. O primeiro é sua própria propriedade-alma; o outro pertence ao segundo princípio, emanado da VONTADE de Deus na alma. A alma deseja Deus, a fim de se tornar Sua imagem e semelhança; esse desejo de Deus atua como um Fiat em seu próprio centro; pois o desejo de Deus quer possuir a alma. Por outro lado, ela própria deseja possuir o centro no poder do fogo, onde a vida da alma se origina”. (Eye, VII).
“A VONTADE da alma é livre, e ela pode mergulhar no nada de si mesma e se conceber como o nada, quando irá despontar como um ramo da árvore da vida divina, e provar do amor de Deus; ou poderá em sua vontade-própria surgir no fogo e desejo de se tornar uma árvore separada”. (Quarenta Questões… II. 2).
“Todo o desejo do homem deveria ser colocado na luz; então a luz teria se mostrado em suas essências e desejo, preenchendo todas as coisas como se fosse uma só VONTADE”. (Tilk, I 542).
“A alma de Adão poderia ter governado poderosamente sobre o princípio externo, caso tivesse entrado novamente com sua VONTADE no coração de Deus, na palavra do Senhor”. (Quarenta Questões… IV 2).
“O demônio introduziu sua imaginação venenosa na qualidade humana. Daí resultou no homem o ardente desejo de provar do bem e do mal e de viver na vontade-própria; quer dizer, sua VONTADE deixou a harmonia da unidade e foi para a multiplicidade das qualidades. O demônio, através da serpente, representou à ele que seria como Deus, e que seus olhos se abririam; isso realmente ocorreu na queda, de modo que agora ele reconhece, prova, vê e sente o bem e o mal”69 (Mysterium XVII 37).
“A substância da serpente, seu aspecto celestial, era um grande poder, assim como havia um grande poder no demônio, pois ele era um príncipe de Deus. Desta forma, ele introduziu sua esperteza e mentiras num forte estado de VONTADE, a fim de que a humanidade se iludisse e o visse como se fosse seu próprio Deus”. (Mysterium XX 16).
“O terceiro princípio, ou o mundo elemental visível é uma espécie de produto do primeiro e segundo princípios, produzidos pelo movimento e respiração do poder divino e da VONTADE divina. Nisso está figurado o mundo espiritual segundo a luz e as trevas, e trazido a uma condição criada (objetiva)”. (Tabulae Principice, 5).
“Os quatro elementos surgiram do elemento único, que possui uma única VONTADE; eles existem agora num único corpo, havendo entre eles muita luta e disputa. O calor está contra o frio, o fogo contra a água; o ar está contra a terra e cada um causa a morte e o rompimento do outro”. (Assinatura… XV 4).
“Nos seres deste mundo encontramos em todo lugar dois seres em um — primeiro, um ser eterno, divino e espiritual e depois um que tem um princípio, que é natural, temporal e corruptível. O desejo soprado, ou seja, o amor do poder divino pela natureza, de onde a natureza e a vontade-própria se originaram — busca livrar-se da VONTADE natural pervertida, e está destinada, no final dos tempos, a ficar livre da ilusão adquirida, e a ser trazida para uma natureza clara e cristalina”. (Contemplations, I 30).
“A alma em sua substância é um fluxo mágico de fogo da natureza de Deus, o Pai. A alma é um desejo ardente pela luz. Assim, Deus o Pai, deseja seu coração, o centro de luz, de forma muito forte e desde toda a eternidade; Ele a gera em Sua VONTADE desejante, da qualidade do fogo”. (Quatro Complexões…, II).
“A alma possui as sete qualidades do mundo espiritual interior (modificadas) segundo a natureza; mas o espírito não tem qualidade alguma; ele está fora da natureza e na unidade de Deus. Através de sua natureza ígnea, o espírito se manifesta na alma, pois é a verdadeira semelhança de Deus, uma ideia através da qual o próprio Deus age e reside, providenciando que a alma penetre com seu desejo em Deus, rendendo-Lhe a sua VONTADE. Se isso não ocorre, então essa ideia, ou espírito, permanece mudo e inativo, como uma pintura no espelho que some e não tem substância, como foi o caso de Adão em sua queda”. (Tabulae Principice, 66).
“A essência da alma, que emana da VONTADE insondável, não morreu. Nada pode destruí-la. Ela permanece para sempre um VONTADE livre. Mas perdeu o estado divino, onde queimava a luz de Deus e o fogo de Seu amor. Não que esse amor havia se tornado um nada, embora isso tenha ocorrido na alma criada (não manifestada) e inconsciente; mas o santo poder, ou seja, o espírito de Deus, que era a vida ativa ali, tornou-se oculto” (Grace, VI 2).
“A alma é per se um fogo-tortura, e contém em si o primeiro princípio, a acidez áspera, que tem por seu objeto o fogo. Se deste nascimento (evolução) for extraída da alma a humildade e o amor de Deus, ou se ela tornar-se fortemente contaminada pela matéria (desejo material grosseiro) ela permanecerá sendo uma dureza severa, consumindo-se e, no entanto, gerando continuamente nova ânsia em sua VONTADE própria”. (Encarnação de Cristo…, I 2).
“Depois que o homem penetrou o reino da satisfação egoísta, afastando sua VONTADE de Deus, começou a produzir figuras infernais, tais como a mentira, a blasfêmia e a maldição”. (Oração…, 53).
“Quando Eva alcançou a árvore e arrancou o fruto, ela o fez através do limus terrestre e através da VONTADE da alma, que desejou o conhecimento do centro da natureza. Ao realmente comer do fruto, a essência de seu corpo, ou seja, a essência humana, tomou a essência na árvore”107. (Mysterium XX 29).
“O tempo tem um começo e um fim, e como a VONTADE, com seu desejo, permite ser rodeada pelo guia temporal, o corpo morre e perece da mesma forma”. (Assinatura…, V 9).
“A soma de toda humanidade constitui o Adão único e original. Deus o criou único, e deixou com ele a produção de outros seres. Ele deveria ter entregado sua VONTADE inteiramente a Deus, e com Deus gerado outros homens em conformidade e a partir de si mesmo”. (Mysterium, lxxi 31).
“O coração é a verdadeira origem da alma, e no sangue interior do coração (a VONTADE) está a alma, o fogo, enquanto que na tintura a alma é seu espírito (sua luz); o espírito flutua sobre o coração, e comunica-se ao corpo e a todos os órgãos”. (Quarenta Questões…, XI 3).
“A VONTADE chamada à ação, durante o ato conjugal é ternária. Primeiro surge entre os pais da criança o desejo animal que se mistura, e durante essa mistura o centro do amor se abre, mesmo se tivessem insatisfeitos um com o outro. Esse amor participa nas qualidades de um elemento, e esse elemento com o paraíso; mas o paraíso está diante de Deus”. (Três Princípios…, XV 30).
“A alma separou sua VONTADE da VONTADE do Pai g penetrou na luxúria desta vida. Não haveria outra forma de redenção, exceto que a VONTADE pura do Pai penetrasse outra vez em sua substância trazendo-a novamente ao estado que ocupava primeiramente, de modo que sua VONTADE fosse novamente direcionada para o coração e luz de Deus”. (Três Princípios…, XXII 67).
“Ouça e veja qual era o desejo de Adão e Eva antes e depois da queda. Eles desejaram o reino terrestre e a mente de Eva estava direcionada para as coisas terrestres. Quando ela deu à luz a Caim, disse: ‘Eu tenho o Homem, o Senhor’. Ela pensou que ele era aquele cujo calcanhar esmagaria a cabeça da serpente, afastaria o demônio. Ela não pensou que deveria morrer quanto a sua VONTADE carnal, terrestre e falsa e renascer na VONTADE divina. Tal VONTADE (egoísta) ela carregaria com sua semente, e Adão, da mesma forma, resultando a VONTADE na essência-alma.145 A árvore produziu um galho de sua própria natureza, pois os pensamentos de Caim tiveram a mesma propensão, tornando-se senhor desta terra. Quando Caim viu que Abel era maior do que ele no amor de Deus, sua VONTADE animal livre surge com o propósito de matar Abel, pois ele preocupava-se apenas com a possessão do mundo externo, e de ser seu senhor, enquanto Abel procurava apenas o amor de Deus”. (Mysterium, XXVI 23).
“Com relação ao seu estado humano externo, Abel também foi pecador; mas em seu interior o mundo angélico e a imagem do Paraíso, floresciam. Então o homem interior colocou seu calcanhar sobre o monstro-serpente do falso desejo, e por outro lado, o monstro-serpente mordeu o calcanhar de sua VONTADE Angélica” (Mysterium, XXVIII 2).
“Adão, através de sua Eva, produziria ainda um novo ramo da árvore da vida, um filho, cuja imagem poderia ser similar e semelhante à Adão, chamado Set (uma raça); nele um raio da vontade-amor está preservado dentro da VONTADE ígnea; tal raio ainda se encontrava aprisionado pela essência do mundo externo, a casa corrupta (matéria que mais tarde se tornaria) carne”. (Mysterium, XXIX 24).
“Noé disse: ‘Louvado seja o Deus de Sem, e Jafé deve viver nas cabanas de Sem’. Pela expressão ‘Deus de Sem’, compreende-se o Verbo santo no pacto, e como se manifestaria, de modo que os Jafitas ou gentis, aqueles que viviam apenas pela luz da natureza, chegariam à luz da graça, manifestada em Sem, penetrando assim a ‘morada de Sem’ e passariam a viver ali. Mas Ham, o espírito da luxúria carnal, deveria tornar-se um servo dos filhos da luz, segundo sua qualidade, porque os filhos de Deus o forçariam a se tornar submisso à Ele, afastando sua desprezível VONTADE própria”151 (Mysterium, XXXIV. 31).
“De Esaú segue-se Jacó como a imagem do Cristo, concebido na essência da fé e assegurando-se no calcanhar de Esaú. A imagem Adâmica criada por Deus havia primeiro que nascer e viver eternamente, mas não em seu estado animal e grosseiro de existência. Com a expressão ‘Jacó apegando-se ao calcanhar de Esaú’, está simbolizado que o outro Adão, ou seja, o Cristo, deveria nascer depois do primeiro Adão, e alcança-lo por trás, atraindo-o de volta da direção de sua VONTADE própria para a primeira matriz, onde a natureza originou-se, a fim de que renascesse”. (Mysterium, LII 37).
“Os gentis ficaram com sua magia própria. Aqueles que deixaram o desejo da corrupção e penetraram a luz da natureza, porque não conheciam à Deus, mas que, no entanto, viviam na pureza, eram filhos da VONTADE livre, e neles o espírito da liberdade desenvolveu grandes maravilhas, como pode ser visto nas obras da sabedoria que deixaram”. (Terrestrial and Celestial Mysterium, VIII.9).
“Antes da encarnação de Cristo a humanidade redimia-se através da palavra incorporada em nome de Jesus. Aqueles que direcionavam sua VONTADE em Deus e para Deus receberam a palavra da promessa, porque a alma foi aceita. Assim, toda a lei relacionada ao sacrifício nada mais é do que um antítipo da humanidade de Cristo. Aquilo que o Cristo fez como homem, quando através de seu amor reconciliou a cólera divina, foi feito (simbolicamente) através do sangue dos animais. A palavra da promessa estava no pacto, e no meio tempo Deus concebeu uma figura (símbolo), e pelo poder do pacto fez com que fosse reconciliado simbolicamente, pois o nome de Jesus estava no pacto, e através da imaginação reconciliou a fúria e a cólera da natureza do Pai”. (Encarnação de Cristo…, I 7 12).
“Todo sacrifício sem fé e desejo divino é uma abominação diante de Deus, e não alcança o portão da glória divina; mas se o homem penetrar ali com o poder da fé, renderá ao ato sua VONTADE livre e seu desejo, e através desta instrumentalidade, penetrará a VONTADE livre e eterna de Deus”. (Mysterium, XXVII 13).
“Por que os irmãos (Caim e Abel) desejaram fazer sacrifício a Deus, sendo que o pacto só é encontrado no sincero desejo pela misericórdia de Deus, na oração e no convencimento do próprio homem da necessidade de abandonar sua VONTADE própria e demoníaca, da necessidade de transformar e arrepender-se e de trazer sua fé e esperança para a misericórdia de Deus? A VONTADE livre da alma é tênue como um nada; ainda que seu corpo (material) esteja envolvido por algo (substancial), sua essência concebida e própria encontra-se num estado de falso desejo, devido ao pecado. Se, então, essa VONTADE livre, com seu desejo (acompanhada pelo) deve atuar em direção a Deus, terá, em primeiro lugar, que se projetar de seu próprio algo ilusório, e toda vez que de lá se projetar, estará nua e impotente, e novamente dentro do nada original. Se a VONTADE deseja penetrar em Deus, deve morrer para seu próprio egoísmo e deixar o (eu) ilusório; toda vez que a VONTADE abandona o eu, fica como que nada e não pode agir, lutar ou realizar nada. Se a VONTADE deseja mostrar seu poder, deve estar dentro de algo onde possa conceber e formar a si mesma, como é o caso da fé; pois, se há uma fé ativa, então essa fé deve conceber algo (ter algum objeto) onde possa agir. Até mesmo a VONTADE livre de Deus concebeu a si mesma (tem como objeto) o mundo espiritual interno, através do qual atua. Assim, a VONTADE livre da alma do homem, tendo sua origem no abismo (a VONTADE incognoscível e primordial), deve conceber a si mesma em algo, a fim de manifestar-se e movimentar-se diante de Deus”. (Mysterium, XXVII. I 4-6).
“O corpo de Adão foi criado do Limus da terra, e também do Limus do céu da santidade; mas o Limus do céu, onde a VONTADE livre poderia conceber-se numa forma celeste e assim mover-se, agir, pensar e orar diante de Deus estava enfraquecido em Adão, e, portanto, os dois irmãos inflamaram (sacrificaram) os frutos da terra. Caim trouxe dos frutos da terra (matéria), mas Abel trouxe do primogênito seus rebanhos (do espírito), e isso foi inflamado através do fogo”. (Mysterium, XXVII 7).
“Embora madeira e animais haviam sido usados nos sacrifícios, o fogo usado ali não fora produzido por meios externos, mas originado da mais elevada tintura da fundação paradisíaca. Esse fogo santo consumiu as vítimas através da imaginação e inflamação de Deus, e assim, a VONTADE humana, introduzida ali e que ainda estava inclinada à condição terrestre, foi (e ainda é) purificada no fogo e redimida do pecado. A grosseria dos elementos havia de ser consumida, e desta consumação pelo fogo deveria emanar a imagem espiritual, bela, pura e verdadeira, criada em Adão; a qual, enquanto contida no fogo da cólera divina, não podia aparecer em sua clareza através desse fogo santo”. (Batismo, II 2 16).
“Havia uma qualidade animal, a alma animal, originária dos planetas, anexada à mente do homem, em consequência da qual sua VONTADE e oração não eram puras diante de Deus, portanto o fogo-cólera de Deus consumiu esta vaidade animal dos homens através do sacrifício; mas a concebida imagem da graça seguiu com a oração para o fogo santo. Assim, os filhos de Israel foram reconciliados com Deus e libertados de seus pecados de forma espiritual, e com relação a futuros, porque o Cristo estava por vir, tomar o estado humano e penetrar em Deus como um sacrifício para o Seu fogo-cólera, transformando a cólera em amor”. (Baptism, II 25).
“Deus desejou cheirar (durante o sacrifício) nada além do que a VONTADE do homem, ou seja, a vida humana, a qual, antes do tempo deste mundo encontrava-se dentro da palavra de Deus — não ainda como um ser criado, mas como um poder, soprado na imagem criada. Isso é o que foi “cheirado” por Deus através do sacrifício e na essência de Cristo ou a graça, comunicada ao homem e foi o que reajustou a VONTADE por meio da graça no fogo resultante da combinação do fogo-vida humano e do fogo-amor divino, constituindo assim um verdadeiro sacrifício do pecado e da restituição, porque o pecado foi sacrificado ao fogo da cólera divina, para que ali fosse consumido”. (Communion, I 32).
“O Verbo, ou a segunda pessoa na Divindade, tem estado no Pai por toda eternidade, e ao encarnar na humanidade, não mudou sua natureza, tornando-se uma outra coisa, mas permaneceu no Pai, em seu centro e lugar, como tem sido por toda eternidade. A outra (segunda) formação, ocorreu de forma natural, na ocasião da anunciação pelo anjo Gabriel, quando a virgem disse ao anjo: ‘Que seja feita a tua VONTADE’. A plenitude deste Verbo foi efetuada no elemento celestial, como foi a criação do primeiro Adão antes da queda. A terceira formação ocorreu simultaneamente a segunda, de uma só vez, assim como uma semente terrestre é semeada enquanto uma criança cresce”. (Três Princípios…, XVIII 45).
“Maria, em quem o Cristo tornou-se homem, foi verdadeiramente a filha de Joaquim e Ana, segundo a carne externa, gerada a partir de suas semente; mas quanto a VONTADE, era a filha do pacto da promessa, o objeto do pacto, onde o mesmo se realizou”. (Encarnação de Cristo…, I 8 2).
“O Verbo da promessa, que era para os judeus uma espécie de antítipo, ou como uma imagem no espelho, onde o pai colérico imaginou e onde extinguiu Sua cólera, começou a se movimentar essencialmente, como se não tivesse se movimentado desde a eternidade; pois, quando o anjo Gabriel trouxe a Maria a mensagem de que teria um filho, e quando ela expressou seu desejo dizendo: ‘Que seja feita a tua VONTADE’, o centro da Santíssima Trindade movimentou-se; isso quer dizer que, a virgindade eterna perdida por Adão, se abriu nela, no Verbo da vida. O fogo do amor divino no ser de Maria, na essência virginal corrompida em Adão, fora novamente restaurado”. (Encarnação de Cristo…, I 8, 3. 4).
“A primeira coisa que uma criança (no ventre) recebe é a tintura de sua mãe. O mesmo aconteceu com o Cristo. Quando o anjo anunciou à Maria a futura encarnação de Cristo, foi a VONTADE da mãe, e a tintura que receberam o Limbus de Deus que a impregnou e passou a lhe pertencer. Se, então, a alma da criança está na Santíssima Trindade, não pensam vocês que sua luz gloriosa ilumina maravilhosamente a mãe, e que esta mãe coloca, corretamente, seus pés sobre a Lua, ao ser exaltada acima de tudo o que é de natureza terrestre? Ela deu à luz o Redentor do mundo sem nenhum contato carnal, e dela originou-se o corpo que atraiu todos os membros, ou seja, os filhos de Deus em Cristo, os filhos da Luz”. (Três Princípios…, XVIII 93-98).
“Podemos comparar o sol à Cristo em Seu aspecto de ser criado, e toda a profundidade do espaço pode ser comparada ao Pai. Se observarmos então, que o sol brilha na total profundidade do espaço, enviando seu calor e poder a todo lugar, não podemos dizer então, que na profundidade o poder e a luz do sol estejam fora do corpo do sol; pois se a luz e a substância do sol não estivessem em toda parte, o espaço não receberia o poder da luz do sol. Dois poderes ou princípios de uma natureza similar são necessários para serem receptivos um ao outro. A profundeza (do espaço) contém sua luz de forma oculta (latente). Pela VONTADE de Deus, toda a profundidade seria sol”. (Menschwerdu, I 8).
“O Cristo veio para curar o dano que Adão sofreu quando morreu para o reino celeste; para despertar o homem interior, desaparecido em Adão; para regenerá-lo em Seu poder; para esmagar, para sempre, a cabeça da serpente, cheia de ira e falsidade, (ou seja), para matar a VONTADE terrestre (egoísta)”. (Cons. Stiefel…, II 168).
“Foi da VONTADE de Deus transmutar a humanidade numa qualidade celeste, após esta ter se tornado terrestre, transformar a terra humana (elemento material) em céu, fazer dos quatro elementos apenas um e transformar a ira de Deus, na qualidade humana, em amor. Mas a ira de Deus, tento sido inflamada no homem, era um poder de fogo e fúria, ao qual se deve resistir e transformar em amor, era necessário que o amor propriamente dito, penetrasse a ira, circundando-a totalmente. Não bastava para tanto, que Deus permanecesse no céu (em Sua própria auto consciência divina) olhando para a humanidade de forma amorosa. Isso não teria subjugado o poder da fúria e da cólera, a humanidade tão pouco poderia penetrar um estado de amor”. (Assinatura…, XI. 7).
“A essência humana não poderia ser concebida na santidade de Deus, sem a presença de um mediador apropriado; a VONTADE encontrava-se separada dessa essência. Portanto, Deus tornou-se homem, a fim de que pudesse doar ou abençoar a humanidade com Sua divindade, e para que Ele pudesse ser concebido por nós”. (Baptism, II. 36).
“Quando os dois reinos, a cólera de Deus e o amor de Deus estavam lutando um contra o outro, o Cristo surgiu como herói. Desejando render-Se à cólera (ao sofrimento causado pelos princípios baixos despertados para a consciência em consequência do pecado), Ele a extinguiu com Seu amor. Ele veio de Deus para este mundo e tomou nossa alma para Si, a fim de poder nos tirar do estado terrestre para Si próprio e nos conduzir à Deus. Ele nos regenerou em Si próprio, para que fossemos capazes de viver novamente em Deus, e para que pudéssemos colocar nossa VONTADE Nele. Com Ele fomos conduzidos ao Pai, à nossa primeira morada, ou seja, ao Paraíso, o qual Adão havia deixado”. (Encarnação de Cristo…, I II 6).
“Depois que a alma de Cristo recebeu o pão celeste, era preciso observar se ela se manifestaria no poder do fogo da vaidade, ou, se plena de humildade, se manteria unicamente no coração e na VONTADE de Deus, entregando Sua alma e se tornando um anjo da humildade. Nota-se aqui, a astúcia do demônio, pois ele toma as Escrituras e diz: ‘Os anjos irão conduzi-lo sobre suas mãos’. Esta passagem tem sido mal aplicada, pois não se refere ao corpo físico, mas à alma. Isso ele quis introduzir no orgulho, para que se confiasse em ‘ser carregado pelos anjos’; mas o Redentor disse: ‘Também está escrito: Tu não tentarás o Senhor teu Deus’. Desta forma, ele venceu o orgulho do demônio para penetrar a humildade e o amor de Seu Pai celestial”. (Três Princípios…, XXII 108).
“Quando o Verbo pronunciado de Deus na qualidade humana aprisionou-se no Redentor, a essencialidade que havia morrido em Adão, mas que se tornou novamente viva em Cristo, clamou juntamente com a alma: ‘Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonastes?’ Isso significa que a cólera de Deus havia penetrado, através da qualidade da alma, a imagem da essencialidade divina, e que havia absorvido a imagem de Deus, porque era essa a imagem da serpente na alma ígnea, a cabeça da cólera de Deus, para transformar seu poder ígneo na vida-sol eterna. Como uma vela se extingue ao queimar-se, e assim como desta morte surge a luz e o poder, da mortificação e da morte de Cristo havia que surgir o sol divino e eterno na qualidade humana. Assim, havia que morrer, neste caso, não só o egoísmo da qualidade humana, ou seja, a vontade-própria da alma com relação à (seu desejo pela) vida no poder do fogo, e se perder na imagem do amor; mas, essa mesma imagem do amor havia que penetrar a cólera da morte, a fim de que tudo mergulhasse na morte e através da morte e da humildade perfeita, e na VONTADE e misericórdia de Deus, surgisse novamente na substancialidade paradisíaca, a fim de que o espírito de Deus pudesse ser tudo em tudo”. (Assinatura…, XI 87).
“A humanidade de Cristo se entregou como sacrifício à cólera do Pai, penetrando inteiramente em Seu fogo-essência; o amor-espírito de Deus venceu a essência colérica do fogo, de modo que esta não pode consumir a humanidade (a qualidade humana). Ele simplesmente retirou da humanidade sua vontade-própria, trazendo-a novamente para a VONTADE universal primordial, de onde a VONTADE foi originalmente concedida ao homem. A VONTADE humana veio novamente ao encontro da VONTADE do Pai, como se estivesse em sua primeira raiz (fonte ou origem)”. (Mysterium, XXXIX 24).
“A crença de que o Cristo teve uma morte natural em Sua qualidade humana não deve ser compreendida como se Sua alma criada houvesse morrido, e menos ainda que Ele houvesse perecido em Seu aspecto de ser divino, ou com relação à Sua essencialidade celeste e tintura celeste. Ele morreu unicamente com relação à Sua egoidade, ou seja, com relação à VONTADE e regime do mundo externo que governava no homem. Ele morreu com relação à VONTADE própria e aos poderes próprios da egoidade criada. Ele entregou tudo isso inteiramente nas mãos do Pai, o fim da natureza, o grande mistério do Pai; mas não para que isso fosse a morte, mas para que o Espírito de Deus estivesse ali, com toda a sua vida, e o poder divino existisse na personalidade de Cristo”. (Assinatura…, XII I).
“A atividade externa e a vida sensível, onde a cólera de Deus estava queimando, morreram, mas não que se tornaram um nada, apenas descenderam ao nada; ou seja, neste caso, na VONTADE de Deus, em Sua ação e sentimento. Com isso, ela se tornou livre da VONTADE do mundo externo, cuja VONTADE é boa e má, e não mais viveu no mundo e nas constelações com os quatro elementos, mas buscou a natureza do Pai, no elemento puro e divino. Assim, a verdadeira vida humana veio novamente a ocupar a posição que havia sido perdida por Adão, e entrou novamente no Paraíso”. (Assinatura…, XII 5).
“Para se produzir um verdadeiro Cristão, não basta satisfazer-se com uma crença meramente histórica e científica, no Filho de Deus, que um dia viveu sobre a terra. Não seremos recompensado por uma espécie de Deus externo, que nos atribuirá retidão, por conta de nossa confissão em tal crença; mas, o reconhecimento da verdade divina deve nascer e ser recebida dentro de nós de forma pueril. A carne está condenada à morte, e temos que nos tornar como uma criança que nada sabe, mas que se apega (instintivamente) a mãe que lhe deu à luz. Da mesma forma, a VONTADE do Cristão deve morrer para a sua VONTADE própria e auto afirmação, tornar-se como uma criança em Cristo. Então, se a VONTADE e o desejo da alma é dirigido unicamente à sua fonte, irá surgir do espírito de Cristo uma nova VONTADE e obediência na justiça divina, a partir da morte da vontade-própria; não mais será uma VONTADE pecadora”. (Regeneração, I).
“Se, então, a alma participa deste alimento celestial, ela é acesa pelo grande amor que habita no nome Jesus. Sua angústia se converte em grande alegria e um sol real surge dentro dela, enquanto se torna regenerada em uma outra VONTADE. Ocorre então o casamento do Cordeiro, do qual os cristãos da boca para fora, falam sem nada compreenderem”. (Regeneration, IV).
“Para que a alma receba um real benefício e proveito da oração, então sua VONTADE deve se afastar de todas as criaturas e coisas terrestres e permanecer pura diante de Deus. Que a carne com seus desejos não co-opere (na oração) a fim de que os desejos terrestres não sejam introduzidos no efeito divino na alma”. (Oração…, XXXIV).
“A VONTADE necessária para realizar a oração é fraca na medida em que estiver em nosso poder o fato de orarmos ou não, mas se ela atua pelo poder divino ela se torna desperta, ígnea, e cheia de desejo. Dentro deste desejo o próprio Deus está atuando. Assim, o homem fala com Deus em verdade, e Deus fala em verdade com a alma do homem”. (Oração…, XXIX).
“Através da introdução da VONTADE divina o homem reúne-se a Deus e renasce em sua natureza emocional. Ele começa a morrer com relação ao egoísmo do falso desejo (dentro dele) e a se regenerar em novo poder. Ainda há a qualidade carnal atraída a ele, mas no espírito ele caminha com Deus; desta forma, nasce no homem de carne terrestre um novo homem espiritual com percepções divinas e com uma VONTADE divina, matando dia após dia, a luxúria da carne, e pelo poder divino, começa a render o mundo, ou seja, a vida externa; Ele começa a fazer com que o céu, ou o mundo espiritual interior, se torne visível no mundo externo; Deus torna-se homem e o homem Deus, até que a árvore, finalmente, atinja a sua perfeição, quando a casca externa irá cair, e ela aparecerá como árvore espiritual da vida no jardim de Deus”. (Mysterium, Supplement, VIII).
“Se uma pessoa está na ansiedade do inimigo, e a picada da morte e da raiva move-se dentro dele, tornando-o avarento, invejoso, raivoso e irritável, não se deve permanecer na essência maligna; é preciso parar, considerar e atrair (da fonte eterna) uma outra VONTADE, ou seja, a VONTADE de sair da malícia e penetrar na liberdade de Deus, onde há perpétuo repouso e paz. Se sua angústia provar da liberdade, então a tortura da angústia ficará terrificada, e neste terror de morte, será destruída; pois esse terror serve de grande satisfação e consiste num assassinar a vida de Deus. Por esse intermédio, o ramo de pérolas aparece, e o homem permanece numa alegria trêmula, mas também em grande perigo, pois a morte e a tortura da angústia são sua raiz; do mesmo modo, a angústia na natureza externa possui a qualidade que sai do demônio, ou seja, da angústia nasce grande vida. Da natureza, por exemplo, um belo ramo verde cresce, tendo, é claro, uma constituição, um odor e um estado diferente (de vida) daquele que o produziu” (Encarnação de Cristo…, XI 8).
“As crianças iluminadas de Deus são amedrontadas por grandes perigos; muitas das que desfrutaram da grande visão da santidade de Deus, nas quais o triunfo da vida é alcançado, a razão carnal se espelha ali e busca introduzir seu egoísmo no centro interior, de onde a luz brilha. Disso resulta o orgulho miserável e o auto conceito; a razão egoísta — sendo, mais que nada, um reflexo da luz eterna — fantasia ser mais do que isso. Ela pensa agora poder fazer o que quer, e que, o que quer que faça, é a VONTADE de Deus fazendo por ela, acredita ser um profeta. No entanto, ela não penetra lugar algum, senão com seu próprio ser, e se movimenta com seu próprio desejo, através do qual o centrum naturae logo começa a aparecer. Surge então, o demônio da bajulação e o homem se torna embriagado pelo auto conceito, persuadindo a si mesmo que é Deus quem o compele a agir de tal forma. É assim que ele arruína o bom princípio, durante o qual a luz de Deus começa a brilhar na Natureza, e a luz de Deus o abandona. Nada fica, senão a luz da natureza exterior na criatura, mas o convencimento se manifesta e fantasia ser ela a luz original recebida de Deus”. (Quietude…, I 8).
“Há dois tipos de VONTADE a serem distinguidas na constituição do homem. Uma surge com o lírio e cresce no reino de Deus; a outra afunda nas trevas da morte e desejos pela terra, sendo ela sua mãe. Essa irá lutar contra o lírio, constantemente, e o lírio voa para longe de sua aspereza. Um broto cresce da terra, e assim a substância da qual é formada voa da terra e é atraída para a luz do sol até se tornar uma planta ou uma árvore. Então o Sol divino atrai o lírio humano, ou seja, o novo homem em seu poder, fora da substância do demônio, até que ele finalmente se torne uma árvore no reino de Deus. Ele deixa a árvore má ou a casca cair na terra, sua mãe que tanto busca, para deixar crescer a nova árvore”. (Encarnação de Cristo…, XI 8).
“O desejo é a introdução (da VONTADE) em algo, e do desejo resulta a formação de um ser corpóreo (no plano astral). Ali está oculta a fonte do pecado. É muito mais fácil afastar o desejo do que destruir o corpo (formado pela ação). Isso é muito difícil. Portanto, é aconselhável que se volte os olhos para longe dos maus desejos, para que a tintura (o princípio da vida) não penetre a essência e a mente não seja preenchida por eles, pois é através da mente que o desejo se torna substancial, o que exigirá uma ruptura (forçada)”. (Três Princípios…, XX 28).
“Muito mais fácil é destruir o desejo do que destruir depois a substância com grandes dores. Se a VONTADE livre, já no começo (de um desejo) destrói o desejo, a fim de que ele não se torne substancial, então o médico (para a cura da doença) já nasceu, não haverá a necessidade de grande empenho, como é preciso para aquele que quer sair da companhia de monstros que ele mesmo criou, a fim de destruir o ser que ele trouxe à forma dentro de sua própria alma”. (Mysterium, XXIV 25).
“O comer demais e a intoxicação causam o pecado, porque a VONTADE pura que emana do fogo-vida fica aprisionada e afogada no desejo, o que torna o homem impotente na batalha”. (Seis Pontos Teosóficos…, CXI 29).
“A VONTADE, quando reta, é fé, e como tal pode dar ao corpo uma nova forma, de acordo com o espírito externo; pois o homem interior é o senhor do exterior; este tem que obedecer o primeiro, e o interior pode colocá-lo sob nova forma, mas não permanentemente”. (Quarenta Questões…, VI 10).
“Muitos santos dirigidos pelo Espírito de Deus saíram deste estado de submissão, de volta para o egoísmo; ou seja, para seu próprio raciocínio e VONTADE própria”. (Quietude…, I 34).
“Um verdadeiro Cristão abomina a VONTADE da carne e a rejeita. Ele é, constantemente, seu próprio acusador, e considera-se indigno, e de todo coração desejará penetrar a misericórdia de Deus. Nunca irá dizer coisas do tipo, ‘Sou um Cristão’; lutará para penetrar a misericórdia de Deus e desejar Sua graça, a fim de se transformar num verdadeiro Cristão. Toda sua vida é um arrependimento contínuo, sempre desejando alcançar a graça divina, na medida em que essa graça o alcança”. (Communion, IV 27).
“O reino celeste nos santos é ativo e consciente em sua fé, por onde sua VONTADE se integra a Deus; mas a vida natural é cercada pela carne e pelo sangue e está relacionada, ao contrário, à cólera de Deus. Assim, a alma está sempre na angústia quando o inferno precipita-se sobre ela, desejando nela se manifestar; mas ela mergulha na esperança da graça divina, e permanece como uma bela rosa entre os espinhos, até que na morte do corpo o reino deste mundo dela se afasta. Só então, quando não há mais nada que a obstrua, ela será plenamente manifestada no reino de Deus”. (Vida Suprasensual…, XXXIX).
“Onde quer que o eu não habite, ali habita o amor. Na tranquilidade do fundo da alma, onde ela morre para si mesma, e onde ela nada deseja senão o que Deus deseja (nela), ali reside o amor. Na medida em que a VONTADE própria morre, a mesma medida é ocupada pelo amor. No lugar onde antes se encontrava a VONTADE própria, agora não há nada, e toda vez em que não houver nada, só ali estará ativo o amor de Deus”. (Supernatural Life, XXVIII).
“Aquele que espera realizar algo bom e perfeito, onde possa regozijar-se eternamente e disso desfrutar, que saia de seu egoísmo e vontade-própria e penetre a submissão na VONTADE de Deus. Mesmo que o desejo terrestre pelo egoísmo o perseguir em sua carne e sangue, se sua vontade-alma não é infectada por aquele desejo do eu, tal eu não será capaz de produzir nada; pois a VONTADE interna da alma, repousando na submissão de Deus, destrói continuamente a essência da auto afirmação, e desta forma a cólera de Deus não pode alcançá-la. Se a cólera atingisse a essência, então a VONTADE submetida surgiria ali com seu poder, e permaneceria ali, firme, diante de Deus, como um produto da vitória que irá herdar a infância”. (Quietude…, XI I).
“Cara alma, se desejas a luz de Deus, e também a luz deste mundo, se desejas alimentar seu corpo (e mente), e (ao mesmo tempo) busca os mistérios de Deus, faça aquilo que o próprio Deus faz. Um olho de sua alma olha a eternidade, o outro a natureza. Esse busca continuamente no desejo e cria um espelho atrás do outro. Que assim seja. Assim deve ser, pois Deus assim o quer. Mas o olho voltado para a eternidade não pode se voltar para o desejo (longe de Deus); é através dele que se busca virar o outro para si mesmo, e não deixá-lo se desviar de ti; ou seja, não deixe ele se afastar do olho que mira a liberdade. Coloque sua VONTADE naquilo que está fazendo, lembrando de que é um servo da vinha de Deus; quer dizer, do Eterno; mergulhe sua VONTADE a cada instante na humildade diante de Deus; então sua imagem irá caminhar na humildade com sua VONTADE na majestade de Deus, e será iluminada perpetuamente pela triunfante luz de Deus”. (Quarenta Questões…, XII 28).
“No fim, todas as coisas devem ser uma e a mesma coisa para o homem. Ele deve ser um com a fortuna e com o infortúnio, com a pobreza e com a riqueza, com a alegria e com o pesar, com a luz e com as trevas, com a vida e com a morte. O homem passa então a ser um nada para si mesmo, pois está morto com relação a tudo em sua VONTADE. Deus está em tudo e através de tudo, e, no entanto, Ele é um nada, e nada pode compreendê-Lo. Tudo se torna manifestado através Dele, e Ele próprio é tudo. No entanto ele nada tem (objetivamente), porque aquilo que está diante Dele, nada é em sua compreensão, pois não O compreende. Este será o estado de uma pessoa segundo sua VONTADE submetida, caso ela se renda totalmente à Deus. Então sua VONTADE irá recuar para a VONTADE insondável de Deus, de onde surgiu no princípio, adquirindo a forma da VONTADE insondável, onde Deus reside e realiza Sua VONTADE”. (Mysterium, LXVI).
“A VONTADE, entregue a Deus diz: ‘Senhor, se é Vosso desejo que eu esteja na prisão ou na miséria, assim desejarei estar. Se me levas ao inferno, convosco irei, pois Vós estais no Céu. Se eu tiver unicamente a Vós, porque me preocuparia com o céu ou com o inferno? Mesmo que meu corpo e minha alma pereçam, em Vós devo permanecer e Vós em mim. Ao Vos possuir, tenho tudo o que quero. Usa-me segundo a Vossa VONTADE”. (Mysterium, LXVI).
“Se teu domínio sobre todas as criaturas é apenas exterior (através de meios externos), sua VONTADE encontra-se numa qualidade animal, e teu governo é do tipo exterior, lidando apenas com formas. Seu desejo será então levado para uma essência animal, que irá te infectar e capturar, e irás receber qualidades animais. Mas se deixares aquilo que está relacionado unicamente com a forma, serás superior a ela, e capaz de governar sobre todas as criaturas, no fundamento, onde foram criadas”. (Vida Suprasensual…, VIII).
“Por teu próprio poder não há como manter a tranquilidade, que nenhuma criatura pode alcançar. Deves te entregar completamente à vida de nosso Senhor Jesus Cristo, oferecendo a Ele toda tua VONTADE própria e desejo, a fim de que não desejes nada fora Dele. Estarás então neste mundo e em suas qualidades, no que concerne ao teu corpo. Com tua VONTADE estarás nos pés da Cruz de Cristo, e com tua VONTADE irás caminhar no céu, no ponto de onde surgem todas as criaturas, e para onde todas retornarão”. (Vida Suprasensual…, IX).
“Durante sua vida terrestre a alma pode mudar swa VONTADE, mas após a morte do corpo nada permanece no seu poder através do qual possa mudar sua VONTADE”. (Tilk I 267).
“O que quer que a alma receba em sua VONTADE. Durante sua vida terrestre, e seja com o que for que ela se envolva, isso irá levar com sua VONTADE após a morte do corpo; ela não pode mais se livrar disso, pois ela nada mais tem do que aquilo em que se meteu, e que agora constitui seu próprio ser. Mas durante a vida terrestre ela pode destruir aquilo em que envolveu sua VONTADE”. (A Vida Tríplice…, XII 25).
“Enquanto uma pessoa permanece numa VONTADE estranha a sua verdadeira natureza, e não quer ser curada, penetrando o Verbo santo, esse ser estranho vai tomando substância e mantendo a essência celestial na sujeição; essa permanece aprisionada após a morte e não pode alcançar o reino de Deus, e disso resulta a morte eterna”. (Mysterium, XXIV 13).
“Cada um precisa simplesmente examinar sua própria qualidade e ver em que direção é carregado pela sua VONTADE. Então saberá a que reino pertence e se é realmente um homem (na imagem de Deus), como ele fantasia ou pretende ser, ou uma criatura do mundo de trevas, um cachorro raivoso, um pavão vaidoso, um macaco luxurioso ou uma cobra venenosa. Se, então, a essência dos quatro elementos o deixarem na morte, nada irá permanecer com ele senão a consciência interna, má e envenenada”. (Seis Pontos Teosóficos…, VII 37).
“Se o espírito permanece não regenerado com seu princípio original, então irá aparecer na ruptura da forma tal criatura correspondente à qualidade da VONTADE (caráter) adquirido durante a vida terrestre. Se, por exemplo, durante a vida se tem a invejosa disposição de um cão, rancoroso com tudo e com todos, então este caráter do cão irá encontrar sua expressão numa forma correspondente após a morte do corpo; pois de acordo com isso, a alma (animal) toma (assume) sua forma, e esse tipo de VONTADE permanece contigo na eternidade, pois as portas das profundezas que levam à luz de Deus são então fechadas diante de ti”. (Três Princípios…, XVI 50).
“Se a alma-fogo não se tornou substancial no Espírito de Deus, nem buscou esta substância em seu desejo, é então um fogo negro, queimando em grande angústia e terror, pois há em sua constituição apenas as quatro qualidades inferiores da natureza. Se a VONTADE nada tem do poder divino da verdadeira humildade, não poderá haver em nela penetração da vida através da morte; a alma fica como uma roda viva furiosa, buscando continuamente elevar-se, enquanto se afunda cada vez mais do outro lado. Há neste estado, com certeza, uma espécie de fogo, mas não uma combustão, pois ali governa uma severa dureza e amargor. O amargor busca o fogo e quer aumentá-lo; mas a acidez o mantém aprisionado, o que resulta uma terrível ansiedade que assemelha-se a uma roda viva, girando perpetuamente em torno de si mesma”. (Quarenta Questões…, XVIII 14).
“Durante a vida terrestre o descrente sente a presença do inferno dentro de sua falsa consciência, mas ele não o compreende; pois ainda vive na vaidade terrestre, onde se distrai, e o qual lhe proporciona prazer e luxúria. Além do mais, sua vida externa está em possessão da luz da natureza externa, e sua alma revela-se ali; de modo que a dor interna não pode se manifestar. Mas quando o corpo morre, a alma não mais desfruta de tal proteção e dos prazeres temporais. Somado a isso, a luz externa terá sido extinta. A alma entra numa eterna ânsia pela vaidade à qual cedeu durante sua vida na terra; mas ela nada pode reter além de sua própria falsa VONTADE concebida. Ela agora possui muito pouco daquilo que antes possuía tanto, e com o que tampouco estava satisfeita. Ela certamente cometeria mais mal, mas não tem como realizá-lo, e assim ela interpreta esse papel dentro de seu próprio ser”. (Vida Suprasensual…, XXXIX).
“A alma é como uma pessoa que sonha estar em grande angústia e tortura, buscando alguma coisa que a alivie, sem poder encontrar. Ela então se desespera, e não encontrando saída rende-se ao seu condutor (ao impulso interior que a conduz), para que este faça com ela o que quiser. Assim, a alma abandonada cai no poder do demônio, onde não pode, e nem lhe é permitido seguir suas inclinações; mas o que quer que o demônio faça, ela também é compelida a fazer. É desta forma que ela se torna um inimigo de Deus, e facilmente ergue-se ali o orgulho e o fogo sobre o trono principesco dos anjos. Na terra e em seu corpo físico ela se fazia de tola; agora, ela continua sendo tola e traquina, e seja qual for a bobagem que cometeu na vida, é o que agora passará a representar. A própria tolice é seu tesouro, e isso é, como diz o Cristo, seu coração e sua VONTADE”. (A Vida Tríplice…, XVIII 10).
“Se a VONTADE interna batalha a cada instante, diariamente, contra as qualidades demoníacas que a aflige, apaziguando-as e não permite que tomem substância em si, ao mesmo tempo em que as qualidades malignas perturbam a pessoa, não permitindo que ela atue sempre com sua boa VONTADE, essa pessoa deve acreditar e saber, com certeza, que o fogo de Deus está queimando dentro dela e tentando tornar-se luz; e quando quer que o corpo maligno com sua condição maligna é rompido, a fim de não mais impedir que a centelha flamejante queime, então o fogo divino, em sua essência, irá queimar numa chama, e a imagem divina será reconstituída de acordo com a qualidade mais forte que aquela pessoa tenha introduzido em seu desejo”. (Seis Pontos Teosóficos…, VII 41).
“Aquelas almas sinceras que operaram as maravilhas de Deus em Sua VONTADE aos pés da Cruz, tendo recebido o corpo de Deus, ou seja, do Cristo, e que caminharam ali em justiça e verdade, todos os seus feitos também o seguirão, em sua forte VONTADE e desejo, e experimentam um enorme prazer no amor e misericórdia de Deus, pelos quais estão continuamente rodeados. As maravilhas de Deus são seu alimento; elas vivem na glória, poder, força e majestade além de qualquer descrição”. (A Vida Tríplice…, XVIII 12).
“As almas que partiram não reivindicam nada a Deus por nós. Por que fariam isso? Nossa salvação não depende daquilo que imploram, mas da nossa penetração. Aquele que coloca sua VONTADE em Deus será ajudado por Ele. Seus braços estão abertos, dia e noite, a fim de auxiliar o homem. Não seria muita prepotência de uma alma querer fazer de Deus um Juiz severo, não desejoso de receber um pecador convertido?” (Quarenta Questões…, XXVI 23).
“Sabemos que a comunidade de Cristo tem grande poder de redimir uma alma, por fazerem seu trabalho sinceramente, como se fazia entre os primeiros Cristãos, quando ainda eram pessoas santas e sacerdotes santos em existência. Eles, com certeza, tinham sucesso, mas não aqueles que afirmam possuir as chaves e que poderiam libertar as almas do purgatório, segundo a sua VONTADE e segundo a quantidade de dinheiro que recebem por isso. Para tais pessoas, seria melhor que nunca recebessem dinheiro algum, para que não se apegassem à ele com seu Desejo”. (Quarenta Questões…, XXIV 12).
“A VONTADE de Deus está aberta a todos os homens, seja qual for o nome que o homem é designado… De que vale crenças e opiniões para aqueles que alcançaram o auto conhecimento? Opiniões não constituem o Espírito de Cristo, que dá a vida, mas o Espírito de Cristo dá testemunho ao nosso espírito, de que somos filhos de Deus. Ele está em nós, e não precisamos busca-Lo em opiniões”. (A Vida Tríplice…, XI 82).
“Não é preciso ir a lugar algum para encontrar o Espírito Santo; pois, desde o nascer e do brilho do sol, até o seu pôr, o Cristo brilha em todos os lugares e em todos os países, onde quer que o homem e a mulher evitem o pecado e penetrem a VONTADE de Deus”. (A Vida Tríplice…, XI 88).
“A alma origina-se de três princípios; ela vive, portanto numa angústia ternária, e está presa por três laços. O primeiro laço liga a alma à eternidade e alcança o abismo do inferno (a VONTADE ígnea); o segundo é o reino do céu; o terceiro é a região das estrelas com os elementos. O terceiro reino não é eterno, mas tem um certo período de existência; no entanto, é o reino que faz o homem crescer, dotando-o de hábitos, VONTADE e desejos relacionados ao bem e ao mal. Ele lhe confere beleza, riqueza e honras, e o torna um rei terrestre. Este reino permanece com ele até o fim de seu tempo, depois o abandona; da mesma forma que o auxilia a obter a vida, o auxilia na morte, libertando-o da alma astral”.
“Se queres seguir o caminho (da luz), é preciso grande sinceridade. Não pode ser só palavras e pretensão, enquanto o coração encontra-se longe; pois deste modo nada conseguirás. É preciso unificar toda sua mente, com todos os seus sentidos e razão, em uma só VONTADE, se queres ser restaurado e sair de suas abominações. É preciso colocar seu sentido em Deus, em Sua caridade, com plena confiança e segurança, então irás conseguir. Se o demônio em ti disser: ‘Não pode ser, és um grande pecador’, não se deixe aterrorizar, pois ele é um mentiroso, e o pai da dúvida”.
“O corpo animal não é seu lugar de origem, próprio dele, onde está em casa; o verdadeiro homem, regenerado e recém-nascido em Cristo, não está neste mundo, mas no paraíso de Deus; e embora o corpo animal morra, nada acontece ao novo homem, que surge da VONTADE contrária e da casa do tormento para o seu lugar de origem. Não há necessidade de remoção para qualquer lugar ou distância, pois Deus encontra-se revelado em nele, por toda parte”. (The Epistles, XXV 13).
“Deus é a unidade eterna, o imensurável bem único, não tendo nada antes ou depois dele que pudesse dotá-Lo de algo ou movimentá-Lo. Não há Nele qualquer inclinação ou qualidades, não há princípio no tempo, dentro de si apenas a unidade. É a própria pureza, sem nenhum contato; não necessita lugar ou localidade para sua habitação, estando ao mesmo tempo fora e dentro do mundo. Em sua profundidade nenhum pensamento pode penetrar, nem pode sua grandiosidade ser expressa em números, pois é infinito. Tudo o que pode ser contado ou medido é natural ou figurativo, mas a unidade de Deus não pode ser definida. Ele é tudo, e tem sido reconhecido como bom, e é chamado “bom”, pois é eterna brandura e beneficência com a sensibilidade da natureza e da criatura, o mais doce amor. Pois, a unidade em seu aspecto bom, emana de si mesma, introduzindo-se em VONTADE e movimento. Ali, a unidade vive e penetra a VONTADE ou o movimento, os quais experimentam a brandura da unidade. Este é o fundamento do amor na unidade, do qual Moisés diz: ‘O Senhor ou Deus é um Deus santo, e não há outro além dele’” (Theosophical Questions I I).
“Deus é o centro do homem, mas ele reside apenas em si mesmo, a menos que o espírito do homem torne-se um espírito com Deus; neste caso, ele se tornará manifesto na natureza humana, na alma, na mente e no desejo, por onde se tornará perceptível aos sentidos interiores do homem. A VONTADE envia os sentidos para Deus, e Deus grava os sentidos e se torna um ser com eles. Então, os sentidos passam a carregar o poder de Deus para a VONTADE, e a VONTADE os recebe com gratidão, mas com tremor; pois reconhece ser indigna e sabe que vem de uma morada instável. Assim, ela recebe aquele poder ao mergulhar-se diante de Deus e de seu triunfo surge a doce humildade. Essa é a verdadeira essência de Deus, e essa essência concebida na VONTADE é o corpo celestial, e é chamado de fé verdadeira e justa, recebida pela VONTADE, no poder de Deus. Ela mergulha na mente e reside no fogo da alma”. (Menschw. X 8).