JACOB BOEHME — Citações de sua obra, organizadas por Franz Hartmann
Retiradas da tradução oferecida pela SCA
XII – REDENÇÃO
Deus também vive no homem. Portanto, se amamos e buscamos, não mais que ao nosso (verdadeiro) ser, então amamos a Deus. Aquilo que fazemos uns aos outros fazemos a Deus. Aquele que busca e encontra seu irmão e irmã buscou e encontrou a Deus. Nós estamos Nele, todos em um só corpo com muitos membros, sendo que cada um tem sua própria função. (Threefold Life, XI 106).
O espírito desse mundo capturou o corpo, tornando-o terrestre; o corpo e a alma tornaram-se corruptos. Desta forma, não mais estamos em posse do elemento puro necessário para a formação de um corpo (puro), mas de uma protuberância dos quatro elementos em combinação com a influência das estrelas. Este corpo não pertence à Divindade. Deus não Se revela num corpo impuro, mas somente no homem santo (interiormente regenerado), na pura imagem que Ele criou no princípio. Nada mais havia de ser feito além de regenerar a imagem através do coração e da luz de Deus. (Three Principles, XXIII 21).
O homem deve, novamente, deixar o espírito dos planetas e elementos e penetrar um novo nascimento, na vida de Deus. Isso a alma não pode realizar pelo próprio e, portanto, a vida de Deus que emana do amor e da misericórdia veio até nós em carne e tomou nossa alma humana novamente para si, na vida divina, no poder da luz; assim, nesta vida devemos ter um novo nascimento e penetrar em Deus (Threefold Life, I 17).
Para o espírito humano (como tal) seria impossível sair da tormenta de angústia e penetrar a região do céu; Deus teve que surgir novamente, no seio da humanidade e ajudar o espírito humano a romper as portas das trevas, a fim de poder penetrá-lo (revestido) de poder divino. (Threefold Life, XXI 21).
O Cristo veio para curar o dano que Adão sofreu quando morreu para o reino celeste; para despertar o homem interior, desaparecido em Adão; para regenerá-lo em Seu poder; para esmagar, para sempre, a cabeça da serpente, cheia de ira e falsidade, (ou seja), para matar a vontade terrestre (egoísta). (Stiefel, II 168).
Foi da vontade de Deus transmutar a humanidade numa qualidade celeste, após esta ter se tornado terrestre, transformar a terra humana (elemento material) em céu, fazer dos quatro elementos apenas um e transformar a ira de Deus, na qualidade humana, em amor. Mas a ira de Deus, tento sido inflamada no homem, era um poder de fogo e fúria, ao qual se deve resistir e transformar em amor, era necessário que o amor propriamente dito, penetrasse a ira, circundando-a totalmente. Não bastava para tanto, que Deus permanecesse no céu (em Sua própria auto consciência divina) olhando para a humanidade de forma amorosa. Isso não teria subjugado o poder da fúria e da cólera, a humanidade tão pouco poderia penetrar um estado de amor. (Signature, XI. 7).
A essência humana não poderia ser concebida na santidade de Deus, sem a presença de um mediador apropriado; a vontade encontrava-se separada dessa essência. Portanto, Deus tornou-se homem, a fim de que pudesse doar ou abençoar a humanidade com Sua divindade, e para que Ele pudesse ser concebido por nós. (Baptism, II. 36).
Os piedosos se revestiram em Cristo antes de Sua encarnação, no pacto da promessa, não em substância, mas meramente em poder; não na carne, mas meramente no espírito. (Stiefel, II 442).
Como consequência do pecado, não havia salvação para o homem; a menos que o Verbo eterno, coração de Deus, se tornasse humano e penetrasse o terceiro princípio, a carne e o sangue humano e tomasse para si (o estado de) uma alma humana, penetrando a morte de uma alma destituída, através da qual pudesse afastar da morte o seu poder e do inferno a sua picada terrível, conduzindo assim a alma para fora da morte e redimindo-a do inferno. (Threefold Life, VII 39).
A alma de Adão havia se afastado de Deus e morrido com relação a essencialidade da luz. O segundo Adão trouxe novamente a alma para o fogo, ou seja, na fonte da cólera, e acendeu novamente a luz na morte. A luz foi portanto novamente manifestada nas trevas, e a morte morreu, e para a cólera ou inferno foi criada uma praga. (Tilk I. 513).
Como nos afastamos da liberdade do mundo angélico e adentramos a tortura escura, o poder e o verbo da luz tornou-se homem, e nos conduziu para fora das trevas, através da morte no fogo para a liberdade da vida divina, na essencialidade divina. O Cristo tinha que morrer e penetrar a essencialidade divina através do inferno e através da cólera da natureza eterna, para abrir um caminho para a nossa alma através da morte e através da cólera, onde devemos entrar com Ele pela morte, na vida divina. (Menschwerdung, I 3, 7).
Quando os dois reinos, a cólera de Deus e o amor de Deus estavam lutando um contra o outro, o Cristo surgiu como herói. Desejando render-Se à cólera (ao sofrimento causado pelos princípios baixos despertados para a consciência em consequência do pecado), Ele a extinguiu com Seu amor. Ele veio de Deus para este mundo e tomou nossa alma para Si, a fim de poder nos tirar do estado terrestre para Si próprio e nos conduzir à Deus. Ele nos regenerou em Si próprio, para que fossemos capazes de viver novamente em Deus, e para que pudéssemos colocar nossa vontade Nele. Com Ele fomos conduzidos ao Pai, à nossa primeira morada, ou seja, ao Paraíso, o qual Adão havia deixado. (Menschwerdung, I II 6).
O Verbo tomou nossa própria carne e sangue na essencialidade divina, e quebrou o poder que nos mantinha aprisionado na cólera da morte e fúria. Ele quebrou aquele poder na Cruz, ou seja, no centro da natureza (a quarta forma natural, cujo símbolo é a Cruz), e inflamou novamente em nossa alma (que havia se tornado trevas) um fogo-luz branco e ardente. (Menschwerdung, II 6 9 ).
Adão deveria tomar posse do trono real de Lúcifer, pois este havia se voltado contra Deus. Daí resulta a grande inveja e rancor do demônio contra a humanidade. Dai origina-se também a tentação de Cristo no deserto, porque o Cristo deveria tomar posse do trono que o demônio exigia, para quebrar seu poder, e se tornar o juiz que o rejeitaria eternamente. (Grace, VI 13).
Tudo o que seduziu e tornou Adão prisioneiro, na morte das trevas, foi oferecido ao Salvador na ocasião da tentação. (Signature, VII 46).
A tentação é a dura batalha no jardim do Éden, onde Adão caiu; mas o novo guerreiro saiu vitorioso, e permaneceu como o conquistador. (Three Principles, XII 91).
Quando o Cristo resistiu à tentação, no lugar de Adão, o recém introduzido Ens celestial quebrou a espada na morte do corpo externo de Cristo; através da santa substância Ele trouxe o corpo externo, tomado da semente de Maria, para o estado santo, pela espada da cólera Neste mesmo poder o corpo externo surgiu da morte, conquistando tanto a morte como a espada ígnea. (Mysterium, XXIV 24).
Depois que a alma de Cristo recebeu o pão celeste, era preciso observar se ela se manifestaria no poder do fogo da vaidade, ou, se plena de humildade, se manteria unicamente no coração e na vontade de Deus, entregando Sua alma e se tornando um anjo da humildade. Nota-se aqui, a astúcia do demônio, pois ele toma as Escrituras e diz: ‘Os anjos irão conduzi-lo sobre suas mãos’. Esta passagem tem sido mal aplicada, pois não se refere ao corpo físico, mas à alma. Isso ele quis introduzir no orgulho, para que se confiasse em ‘ser carregado pelos anjos’; mas o Redentor disse: ‘Também está escrito: Tu não tentarás o Senhor teu Deus’. Desta forma, ele venceu o orgulho do demônio para penetrar a humildade e o amor de Seu Pai celestial. (Three Principles, XXII 108).
Após o demônio ter falhado por duas vezes, ele se aproximou com a última e poderosa tentação (dizendo) que lhe daria todo o mundo se ajoelhasse e o adorasse. Adão já havia estado ansioso pela possessão deste mundo; ele desejou torná-lo seu; mas ao proceder desta forma, Adão afastou-se de Deus e foi capturado pelo espírito deste mundo. Agora, o segundo Adão havia que se submeter à essa tentação do primeiro Adão. Havia que ser testado se a alma permaneceria com o homem novo, santo e celestial, vivendo na graça de Deus ou no espírito deste mundo. Mas a alma de Cristo disse ao demônio: Afasta-te de mim, Satã! Pois está escrito: ‘Deves adorar ao Senhor teu Deus, e Servir à Ele unicamente!’. Assim, o valente guerreiro conquistou, e o demônio teve que partir; tudo o que é terrestre foi superado pelo Cristo. Agora o Senhor está acima da lua, e tem todo o poder no céu e no inferno; Ele é Mestre da vida e da morte. Ele deu início ao Seu reino sacerdotal com sinais e milagres. Ele transformou a água em vinho, tornou são o doente, fez com que o cego enxergasse, e o coxo andasse e até despertou o morto para a vida. Ele se sentou na cadeira de Davi e passou a ser o verdadeiro sacerdote na ordem de Melquisedeck. (Three Principles, XXII 3).
Na carne externa do Redentor encontrava-se a parte demoníaca, aquela que surgiu em Adão ao morrer para Deus. Ora, esse produto tinha que ser novamente recebido no amor de Deus, como Isaias afirmou sobre o Cristo: ‘Ele tomou todos os nossos pecados para Si’. O Adão amaldiçoado ficou pendurado na Cruz, como uma maldição, mas o Cristo o redimiu pela dor do sofrimento inocente e pelo derramamento de Seu sangue. O corpo de Adão morreu na Cruz e Cristo, nascido de Jesus e da semente santificada da mulher, o tingiu (abençoou) com Seu precioso sangue de amor. (Stiefel, II 494).
Cristo, o homem interior, tomou nossos pecados para Si, e deixou o corpo, no qual havia derramado a maldição de Deus, pendurando na Cruz como uma maldição de Deus. Assim Ele morreu, e em Sua morte espalhou Seu sangue, o sangue do homem santo, na essência do homem externo, onde reside a morte. Mas quando seu sangue santo penetrou a morte (com a essência externa), então a morte se tornou terrificada diante da vida santa, e a cólera, terrificada diante do amor, e caiu em seu próprio veneno, como que morta ou aniquilada. (Stiefel, II 205).
Quando o Verbo pronunciado de Deus na qualidade humana aprisionou-se no Redentor, a essencialidade que havia morrido em Adão, mas que se tornou novamente viva em Cristo, clamou juntamente com a alma: ‘Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonastes?’ Isso significa que a cólera de Deus havia penetrado, através da qualidade da alma, a imagem da essencialidade divina, e que havia absorvido a imagem de Deus, porque era essa a imagem da serpente na alma ígnea, a cabeça da cólera de Deus, para transformar seu poder ígneo na vida-sol eterna. Como uma vela se extingue ao queimar-se, e assim como desta morte surge a luz e o poder, da mortificação e da morte de Cristo havia que surgir o sol divino e eterno na qualidade humana. Assim, havia que morrer, neste caso, não só o egoísmo da qualidade humana, ou seja, a vontade-própria da alma com relação à (seu desejo pela) vida no poder do fogo, e se perder na imagem do amor; mas, essa mesma imagem do amor havia que penetrar a cólera da morte, a fim de que tudo mergulhasse na morte e através da morte e da humildade perfeita, e na vontade e misericórdia de Deus, surgisse novamente na substancialidade paradisíaca, a fim de que o espírito de Deus pudesse ser tudo em tudo. (Signature, XI 87).
A humanidade de Cristo se entregou como sacrifício à cólera do Pai, penetrando inteiramente em Seu fogo-essência; o amor-espírito de Deus venceu a essência colérica do fogo, de modo que esta não pode consumir a humanidade (a qualidade humana). Ele simplesmente retirou da humanidade sua vontade-própria, trazendo-a novamente para a vontade universal primordial, de onde a vontade foi originalmente concedida ao homem. A vontade humana veio novamente ao encontro da vontade do Pai, como se estivesse em sua primeira raiz (fonte ou origem). (Mysterium, XXXIX 24).
A crença de que o Cristo teve uma morte natural em Sua qualidade humana não deve ser compreendida como se Sua alma criada houvesse morrido, e menos ainda que Ele houvesse perecido em Seu aspecto de ser divino, ou com relação à Sua essencialidade celeste e tintura celeste. Ele morreu unicamente com relação à Sua egoidade, ou seja, com relação à vontade e regime do mundo externo que governava no homem. Ele morreu com relação à vontade própria e aos poderes próprios da egoidade criada. Ele entregou tudo isso inteiramente nas mãos do Pai, o fim da natureza, o grande mistério do Pai; mas não para que isso fosse a morte, mas para que o Espírito de Deus estivesse ali, com toda a sua vida, e o poder divino existisse na personalidade de Cristo. (Signature, XII I).
Quando o Cristo morreu, Ele não jogou fora o corpo que havia estado em Sua possessão sobre a terra, nem o deixou ser consumido pelos quatro elementos, mantendo (ou tomando) um corpo totalmente estranho (para a forma terrestre); Ele simplesmente repousou o sofrimento (a consciência exterior) deste mundo, e Se revestiu da imortalidade, a fim de que Seu corpo pudesse viver no poder divino, e não no espírito deste mundo. (Three Principles, XXV 53).
De fato, o Cristo assumiu a substância terrestre, mas em Sua morte, ou seja, como Ele superou a morte, o ser divino fez com que o estado terrestre desaparecesse tirando dele a sua supremacia. Não que o Cristo tenha colocado algo de lado (o que Ele não fez), mas aquele ser externo fora conquistado, e por assim dizer, consumido. (Menschwerdung I 8 II).
A verdadeira essencialidade em Cristo não afastou a consciência terrestre, mas a penetrou como senhor e conquistador. A verdadeira vida deveria ser a primeira a ser conduzida à morte e à cólera de Deus. Isso ocorreu na Cruz, ocasião em que a morte foi destruída e a cólera aprisionada e extinta pelo amor, consequentemente conquistada. (Menschwerdung, IX 16).
Quando Jesus venceu a morte em (Sua) humanidade e afastou o sentido do ego, Ele não descartou a qualidade humana, onde residia a morte e a cólera de Deus, mas as aceitou na plenitude de sua extensão; isso quer dizer, foi só neste momento que Ele extraiu o reino externo do interno. (Signature, XI 41).
A atividade externa e a vida sensível, onde a cólera de Deus estava queimando, morreram, mas não que se tornaram um nada, apenas descenderam ao nada; ou seja, neste caso, na vontade de Deus, em Sua ação e sentimento. Com isso, ela se tornou livre da vontade do mundo externo, cuja vontade é boa e má, e não mais viveu no mundo e nas constelações com os quatro elementos, mas buscou a natureza do Pai, no elemento puro e divino. Assim, a verdadeira vida humana veio novamente a ocupar a posição que havia sido perdida por Adão, e entrou novamente no Paraíso. (Signature, XII 5).
Quando o Cristo derramou Seu sangue celestial, o desejo ígneo aceso na humanidade transformou-se em desejo-amor, e da angústia da morte nasceu a alegria e a força do poder divino. (Signature, XI 5).
Quando o Filho de Deus derramou Seu sangue santo em Cristo, o veneno da cólera na carne, alma e espírito de Adão, que tomou para Si, foi santificado e transformado em amor. Assim, a inimizade cessou e Deus tornou-se Emanuel; ou seja, homem com Deus e Deus com o homem. Então a carne de Adão foi tingida e preparada para a ressurreição. (Stiefel II 209).
É errôneo supor que a alma de Cristo havia deixado o corpo e descendido ao inferno, e que ali, havia, no poder divino, atacado os demônios, atando-os com correntes, destruindo com isso o inferno. É melhor compreender que no momento em que o Cristo prostou o reino deste mundo, Sua alma penetrou a morte e a cólera de Deus, e com isso a cólera foi reconciliada no amor. Os demônios e todas as almas descrentes na cólera foram aprisionadas em si mesmas, e a morte foi rompida; mas a vida floresceu através da morte. (Three Principles, XXV 76).
A morte estava lutando com o homem externo (com a vida do), pensando que agora, a alma deveria permanecer na Turba; mas havia um forte poder na alma, ou seja, o Verbo de Deus. Esse verbo capturou a morte e a destruiu, extinguindo a cólera. Trava-se de um grande veneno para o inferno quando a luz o penetrou, e o Espírito de Cristo aprisionou o demônio, conduzindo-o da alma-fogo para as trevas, trancando-o ali, na dureza colérica e no amargor. (Forty Questions, XXXVII 13 — 15).
Pelo poder da tintura celestial Deus acendeu o fogo que havia se tornado escuro na essência da alma, dali por diante, aquele fogo passou a queimar num poder limpo, branco e majestoso, na luz e glória, e a cólera de Deus foi extinta na essência da alma e foi feita amor. (Tilk II 259).
A alma de Cristo veio com a luz de Deus para a cólera, e os demônios tremeram; pois a luz aprisionou a cólera, e Sua alma tornou-se um paraíso, enquanto que a cólera permaneceu no inferno. A luz encerrou o princípio do inferno, de modo que nenhum demônio tem a permissão de aparecer na luz. Mas isso ele também não vê, e a luz é seu terror e sua vergonha. (Tree Principles, XXV79).
Os santos, que colocaram sua fé no Messias, receberam então o elemento puro para um novo corpo, de acordo com a promessa. Pois, como o herói prometido penetrou a morte através da vida, suas almas se revestiram do corpo de Cristo, como num novo corpo, e viveram Nele através de Seu poder. Eram eles os santos patriarcas e profetas, que neste mundo foram ungidos no poder do Verbo de Deus, esmagando a cabeça da serpente e quem, pelo poder do Verbo havia profetizado e realizado milagres. Eles tornaram-se vivos no poder de Cristo. (Three Principles, XXIV 52).
Os patriarcas judeus não conheceram o Cristo na carne, mas apenas em seu protótipo, e se revestiram unicamente do poder que possuíam, procedente do primeiro pacto incorporado e verbo; mas agora se revestiram em Sua substância, pois todos aqueles que colocaram sua fé Nele e se revestiram do pacto no espírito, nestes o pacto fora preenchido com substância celestial. Portanto, muitos se elevaram com Ele após a sua ressurreição, e se fizeram visto em Jerusalém, para testemunharem de que foram elevados em Cristo. (Grace, X 45)
Como as prisões do mundo de trevas deveriam ser destruídas na morte de Cristo, a terra tremeu e o sol se tornou negro, simbolizando que, como a luz eterna havia renascido, a luz temporal havia que deixar de existir. (Grace, VII 8).
Quando a terra recebeu o sangue de Cristo, tremeu e chacoalhou, pois a cólera de Deus fora conquistada, e nela penetrou o sangue vivo, procedente do céu e da substancialidade de Deus. (Menschwerdung, I 10).
A cólera do pai havia que consumir a vida de Cristo, na morte; mas quando a cólera engoliu a vida na morte, a vida santa do mais profundo amor de Deus movimentou-se na morte e na cólera, engolindo a cólera. Então a terra começou a tremer, as pedras rolaram e as tumbas dos santos foram abertas. (Mysterium, XXVIII 123).
Depois que o Pai trouxe a alma do redentor, que havia penetrado Sua cólera, de volta ao amor, ou seja, na imagem do Paraíso, que havia desaparecido, o mundo tremeu no terror da morte, como se fosse um terror de alegria, alegria que penetrou os corpos mortos daqueles que haviam esperado pela vinda do Messias, e os despertaram para a vida. Foi esse mesmo terror que rasgou a cortina do Templo, ou seja, o véu de Moisés, pendurado diante da clara face de Deus, a fim de que o homem não visse à Deus. (Signature, XI 71).
O corpo no qual o Cristo surgiu dos mortos não podia ser detido por pedras ou lápides. Ele passa por todas as coisas sem nada quebrar; ele se apodera deste mundo, mas este mundo não pode apreendê-lo. Nada o pode fazer sofrer, pois nele encontra-se toda a plenitude da Divindade. (Three Principles, XXV 87).
Não havia necessidade de remover uma pedra para liberar o corpo do Senhor da tumba. Isso ocorreu unicamente para mostrar aos judeus a tolice de imaginarem poder brecar Deus, e também para os discípulos de pouca fé, para que pudessem ver que Cristo havia verdadeiramente se elevado. (Three Principles, XXV 85).
Embora o Cristo nem sempre caminhava visivelmente entre os discípulos, Ele frequentemente se mostrava visível, tangível e substancialmente a eles, na forma do corpo que havia ocupado sobre a terra, e o qual o novo corpo havia absorvido, tendo o poder de representar novamente. (Three Principles, XXIV 97).
O fundamento mais interno no homem é Cristo; mas não de acordo com a natureza humana do homem, mas segundo a natureza de Cristo, a qualidade divina em Sua essência celestial, a qual Ele regenerou. O segundo fundamento é a alma, ou seja, a natureza eterna, onde o Cristo (a luz) se revelou; e o terceiro fundamento é o homem exterior, proveniente do limus da terra com as estrelas e os quatro elementos. No primeiro fundamento está a vida ativa do amor divino; no segundo fundamento está a vida-fogo natural da alma criada, onde Deus é chamado de Deus ígneo; e no terceiro, está a criação de todas as qualidades nas quais Adão permaneceu na temperatura, e que foi objetificada na queda. (Grace, IV 37).
Cristo significa um penetrador; o ato de afastar o poder da cólera; a iluminação das trevas pela luz; a transmutação (na alma do homem), pela qual a satisfação do amor rege sobre o brilho do fogo em seu aspecto colérico; a superioridade da luz sobre as trevas. (Signature, VII 32).
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