Antigo Testamento
Annick de Souzenelle: VA VERS TOI : LA VOCATION DIVINE DE L’HOMME
Brit Milah, «Aliança da circuncisão», pode também ser traduzido por «Aliança da palavra». Este ritual tem por origem a Aliança que Deus estabeleceu com Abrão, Aliança ao termo da qual Deus promete àquele a retirada da esterilidade de seu casal, Abrão, por seu lado, devendo praticar a circuncisão sobre todo macho de sua casa e de sua posteridade. Seu nome não será mais Abrão mas Abraão, aquele de sua mulher Sarai será Sarah. O Yod do nome de Sarai, de valor 10, se parte em dois He de valor 5, que vêm habitar respectivamente os dois nomes do casal fundador de Israel. Sua união construirá o Santo NOME YHWH, o Verbo.
Aqui se tem em uma referência cativante a lei segundo a qual a árvore deve ser talhada para garantir sua frutificação. A circuncisão ao nível do sexo masculino em Israel dá crescimento à Árvore que se tornará Árvore de Jessé e essa dará seu fruto na pessoa do Cristo, YHWH, o Verbo. Do sexo ao Verbo se levanta a seiva da Árvore do Conhecimento cujo Santo NOME YHWH é o fruto. Ao longo desta subida de seiva, todo Homem deverá em decorrência praticar a circuncisão do coração na matriz do fogo. Deverá trabalhar com seu Senhor sobre a selva interior, «cortar as peles» das feras de sua alma, energias que, em uma alquimia – alquimia secreta, o Senhor transmutará em luz-informação, seja em conhecimento, até que tudo esteja cumprido e que a Árvore do Conhecimento dê seu fruto, YHWH, o Verbo.
Do sexo ao Verbo, tal é portanto o caminho do Homem que, procriador em um primeiro tempo, é chamado a cooperar com Deus no ato interior.
Mas, vimos, a Aliança da circuncisão é também aquela da palavra. Se o primeiro sentido de Brit Milah conduz à fecundidade do Homem em sua identidade divina, a Aliança da palavra que, neste mesmo substantivo, implica uma circuncisão, concerne a fecundidade dos textos sagrados escritos de palavras lançadas ao vento do Verbo divino. «Cortar os prepúcios» das palavras vai assim de parelha com a obra que acabo de descrever e que, nos curando de nossa cegueira e de nossa surdez, nos permitirá dissipar os véus do Espírito Santo – sopro divino e de ver a Voz.