Natividade (Mt II, 1-13; Lc II, 1-20)

EVANGELHO DE JESUS — NATIVIDADE (Mt II, 1-13; Lc II, 1-20)

VIDE: NATAL, NASCIMENTO DE CRISTO; REIS MAGOS; ESTRELA DE BELÉM

EVANGELHO DE JESUS: Mt 2:1-13; Lc 2:1-20


Jerônimo: NATIVIDADE

Agostinho de Hipona: DOIS NASCIMENTOS DE JESUS; SERMÃO 121

Mestre Eckhart: SERMÃO 11

Segundo Ancelet-Hustache, interpretando este sermão, o tempo é cumprido quando as coisas temporais estão mortas e que o tempo é assim abolido. Ele deve ser assim mesmo dos dois outros obstáculos: a corporalidade e a multiplicidade. Quando estes três elementos são afastados, Deus entra. Por este nascimento do Filho na alma, esta possui também o Espírito Santo. Assim, Deus pode se dar totalmente à alma como o deseja. Eckhart emprega a comparação do fogo e da madeira. Então a madeira solta fumaça e estala porque é diferente do fogo, mas à medida que o fogo transforma a madeira em sua própria natureza, esta se acalma e finalmente se torna ela mesmo fogo, toda diferença excluída. Quando todas as outras coisas saem, o nascimento tem então lugar.

SERMÃO 101

Hoje, mesmo vivendo dentro do tempo, celebramos o nascimento eterno no qual Deus Pai nasce e incessantemente repete este ato de nascer na eternidade, por que este nascimento do qual falamos é realizado nesta natureza humana e inserido no tempo.

Diz Santo Agostinho: “Do que adiantaria que este nascimento ocorresse sempre se não fosse para ser realizado dentro de mim? Que isto ocorra dentro de mim é o que me interessa”.

Discorramos pois de tal nascimento, de como ele pode ser realizado em nós e como ocorre na pessoa virtuosa sempre que Deus Pai fala a sua palavra eterna na alma perfeita. Pois tudo aquilo que falarei aqui é para ser entendido do homem purificado e estável que trilha os caminhos de Deus; não, é claro, do homem natural e sem prática, pois este está totalmente distanciado deste nascimento, além de o ignorar.

Segundo Alain de Libera, toda a predicação alemã de Eckhart visa compartilhar este mistério: que o Verbo se fez carne, que assumiu a natureza humana com vistas a “minha” deificação: “Deve-se notar que (…) o primeiro fruto da Encarnação do Verbo, que é o Filho de Deus por natureza, é que sejamos filhos de Deus por adoção. Pois seria de pouco valor que o Verbo se tivesse feito carne para o homem no Cristo — supondo que fosse separado de mim — se não se fizesse também carne em mim pessoalmente, a fim de que eu também seja filho de Deus” (Comm. Jn, n.117). É a profundeza e a natureza mesma da relação entre a kenosis divina e a exaltação do homem que Mestre Eckhart se esforça por encontrar não somente no momento da eucaristia, mas bem em cada instante, onde, despojado dele mesmo e de tudo, o homem se faz o lugar de Deus, “abismo invocando o abismo”, centro apelando o centro — quando, no absoluto repouso da alma enterrada em Deus, Deus, descendo em seu próprio coração e desprendido de tudo que não é ele, nasce Ele mesmo dEle mesmo nEle mesmo: “A alma dá a nascer dela mesma Deus a partir de Deus em Deus; ela dá a nascer verdadeiramente a partir dela mesma; ela faz isso a fim de dar a nascer Deus a partir dela mesma, aí onde ela tem a cor de Deus; aí ela é uma imagem de DeusSERMÃO 43.

Johannes Tauler: SERMON POUR LA FÊTE DE NOÉL

Jacob Boehme: DA ENCARNAÇÃO DE JESUS CRISTO

Antônio de Pádua: NASCIMENTO DA VIRGEM

Romano Guardini: ENCARNAÇÃO

Jaroslav Pelikan

Os evangelhos de Mateus e de Lucas deixaram bem claro que Maria concebeu seu Filho como virgem. Porém, estudos ulteriores realmente revelaram uma intrigante discrepância sobre a qual o Novo Testamento permanece calado, como se, com efeito, esse assunto fosse pouco ambíguo e nada essencial. As epístolas de Paulo, as outras epístolas no Novo Testamento e as pregações dos apóstolos, como foram registradas no livro dos Atos, nem sequer mencionam a concepção virginal. Tanto Mateus como Lucas fazem menção a ela, e com isso os dois outros evangelhos passaram a ter um interesse especial. O Evangelho de Marcos começa com o ministério já adulto de Jesus e não traz nenhuma informação sobre sua concepção, nascimento e infância. O Evangelho de João principia muito mais cedo, “no início”, quando havia apenas Deus e o Logos. Mas ainda em seu primeiro capítulo, pouco antes da célebre exposição “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós”, ele apresenta uma curiosa variação textual que é bastante relevante para essa questão: “Mas a todos que o receberam, àqueles que creem no seu nome, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, nascidos não do sangue, nem da vontade do homem, mas de Deus”. Para alguns estudiosos latinos, autoridades em outras questões textuais, o plural “nascidos”, que se referia à regeneração dos crentes pela graça, foi substituído pelo singular “que nasceu” ou “nascido”, aparentemente se reportando ao nascimento virginal de Cristo. De acordo com a Bíblia de Jerusalém, “há fortes indícios de que o verbo deve ser lido no singular,’nascido’, nesse caso aludindo à origem divina de Jesus, e não ao seu nascimento virginal”. Mas, além dessas variantes, há a questão do suporte bíblico para a ideia do “nascimento virginal” em si. Na verdade, de maneira inconteste e estritamente falando, os evangelhos de Mateus e Lucas afirmam apenas a concepção virginal e deixam sem resposta a questão de seu nascimento, além de não mencionarem o assunto da virgindade de Maria depois desse nascimento. Um ponto correlato, o da identidade dos “irmãos” de Jesus, várias vezes mencionados no Novo Testamento, nos levará brevemente a um último tema. Os credos mais antigos ignoravam essas distinções ao confessarem simplesmente que Cristo havia “nascido da Virgem Maria”.


Michel Henry: ARQUE-NASCIMENTO

Reiner Schürmann: NASCIMENTO DO FILHO

GNOSTICISMO: NATIVIDADE

MISTICISMO: NATIVIDADE