Em 1582 o Papa Gregório reformou o calendário originário do Imperador romano Juliano, para corrigir um desequilíbrio. Ele havia notado que no calendário Juliano que se estendia por 365 dias e 1/4, lá pelo século XVI, 10 dias haviam se “perdido”.
Tanto no antigo Egito como no mundo clássico, os dias introduzidos já faziam parte do calendário considerados como especiais, sendo dedicados a honra dos deuses, costume que os cristão mantiveram em seu calendário reservando certos dias para honra dos santos.
Os dias que compõem a grande festa do Natal são 12, sendo em alguns locais acesa uma vela a cada dia em homenagem a um dos 12 apóstolos. Seja na celebração cristão ou do solstício uma ordem tradicional se impõe com associações apropriadas a cada dia.
Segundo Alan Watts em seu livro Mito e Ritual na Cristandade, no ciclo do Ano Cristão os ritos da Encarnação são governados pelo calendário solar, pois estão conectados com o Nascimento do Sol e assim caem em datas fixas. Por outro lado, os ritos da Redenção, da Morte de Cristo, Ressurreição e Ascensão, são governados pelo calendário lunar.
Os ritos da Encarnação começam com a solene celebração da Missa da Meia-Noite do Natal, uma festa única que requer ainda mais duas missas:
- Missa da Meia-noite — centrada no mistério do aparecimento da Luz no fundo da escuridão, de Deus “que fez esta noite sagrada para brilhar com o brilho da verdadeira luz”; e dele primogênito “do ventre diante da luz estelar”.
- Missa da Aurora — com o nascer do sol celebra-se a iluminação e transfiguração do mundo, abrindo com o introito Lux fulgebit — “uma luz deve brilhar sobre nós este dia, pois nosso Senhor nasceu para nós”.
- Missa para celebrar, durante o dia, a eterna geração do Verbo Divino do pai, pois o Filho nascido neste dia é aquele que no princípio criou todos os mundos.
Doze dias depois do Natal celebra-se a Epifania.
Segundo John Matthews, The Winter Solstice, esta é a celebração em cada um dos doze dias:
- Dia 0 — 25 — Natal
- Nascimento de Jesus, Mitra, Attis, Aion, Horus, Dionísio e o Sol Invicto.
- Dia 1 — 26 — Dia de São Estevão
- Primeiro mártir, fundador da cristandade na Suécia; conta a lenda que fazia sua pregação viajando em cinco cavalos (dois vermelhos, dois brancos e um malhado), quando um se cansava ele montava outro; foi atacado por bandidos que o mataram e amarraram seu corpo no cavalo malhado que o levou de volta para casa; onde foi feito seu túmulo venerado como milagroso na cura de animais, sendo São Estevão o patrono dos cavalos.
- Dia 2 — 27 — Dia da Mãe, Dia de São João Evangelista
- É costume na Alemanha e na Áustria o padre abençoar o vinho neste dia, sendo o “vinho de São João” considerado afortunado e com poderes curativos, sendo preservado através do ano e as outras garrafas de vinho postas ao seu lado para receberem os bons fluidos.
- A Mãe Natal, ou a Frau Holle (Holda ou Hulda) cristianizada, representa o princípio feminino venerado neste dia por trazer a fertilidade, abundância e justiça; representada como uma mulher alta, bela, vestida de branco, com uma cinta dourada, que viaja em um trenó puxado por cachorros, durante os doze dias, dando presentes; provavelmente foi esta figura ou uma variante que os Saxões celebravam nesta época do ano, sob o nome de Modranicht, Mãe Noite.
- Embora a Igreja tenha tentado substituir a veneração pela Virgem Maria, a homenagem a Holda perdurou nos países germânicos, como refletido em um dos contos de Grimm.
- Dia 3 — 28 — Dia dos Inocentes, Missa das Crianças
- Celebração dos inocentes mortos por Herodes, temendo a profecia dos Reis-Magos.
- Dia considerado infeliz, onde qualquer tarefa iniciada no dia 28 de dezembro teria insucesso.
- Dia 4 — 29 — Festa dos Tolos
- Espécie de festa carnavalesca onde a ordem é suspensa e se libera sem restrição todo tipo de comportamento.
- Dia 5 — 30 — Trazendo o porco
- Na Escandinávia o porco é importante durante o solstício, assim como para os celtas.
- Dia 6 — 31 — Véspera de Ano Novo
- Festa de origem céltica celebrada com o nome de Hogmanay, relembrando o corte do visco (mistletoe) pelos druidas
- Momento de balanço do passado e disposição para o futuro ano.
- Dia 7 — 1 — Ano Novo, Calendas de Janeiro
- Festeja-se a vida renovada.
- Dia 8 — 2 — Dia da Neve
- Tributo á neve.
- Dia 9 — 3 — Dia da Sempre-viva
- Celebração das árvores e plantas que como a sempre-viva manifestam em qualquer época do ano a força da vida, como o pinheiro.
- Dia 10 — 4 — Dia do Santo Fuso
- Celebração do fuso de fiar e do arado.
- Dia 11 — 5 — Véspera da Epifania, Festa dos Reis Magos
- Celebra-se na Igreja Ortodoxa a Natividade de Cristo.
- Dia 12 — 6 — Epifania
- Desfazem-se as decorações de Natal, que tradicionalmente eram então postas no fogo.