NICETAS STETHATOS — CENTÚRIAS
Tradução feita da versão inglesa da Philokalia
Do Conhecimento Espiritual, Amor e a Perfeição de viver: Cem Textos
1. Deus é Intelecto desapaixonado (apatheia), além de todo intelecto e além de toda forma de apatia (apatheia); Ele é Luz e a fonte da luz abençoada. Ele é Sabedoria, Inteligência e Conhecimento espiritual, e o dador de sabedoria, inteligência e conhecimento espiritual. Se por conta de tua pureza estas qualidades foram concedidas para ti e estão ricamente presentes em ti, então este Dentro de ti que se conforma com a imagem de deus foi seguramente preservada e és agora um filho de Deus pelo Espírito Santo; pois “todos que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus” (Rom. 8:14).
2. Aqueles que através da prática ascética limpam-se eles mesmos “de toda poluição da carne e espírito” (2 Cor. 7:1) recebem os dons do Espírito Santo e assim se tornam vasos da realidade imortal. Tendo atingido este nível eles são preenchidos com a luz da glória. Seus corações agora serenos e em paz, eles exprimem palavras abençoadas, e a sabedoria-conhecimento de Deus das coisas divinas e humanas flui de seus conselhos, enquanto sua inteligência não perturbada interpreta as profundezas dos Santos Espíritos. Uma vez que tenham sido unidos com Deus e ter experienciado uma transformação abençoada, a lei não é mais comprometida com tais pessoas ( Gal. 5:23).
3. Aquele que de todo coração e assiduamente dirige-se para Deus alcança tal virtude da alma e corpo que se torna um espelho da imagem divina. Ele é tão comisturado com Deus, e Deus com ele, que cada um repousa no outro. Por causa das riquezas dos dons do Espírito que ele recebeu, doravante ele é e aparece ser uma imagem da benção divina e deus por adoção, deus sendo o aperfeiçoador de sua perfeição.
4. Somente em ignorância se afirmaria que o homem é criado à imagem de Deus com respeito a estrutura orgânica de seu corpo. Ele é à imagem pela virtude da natureza espiritual de seu intelecto, que não é circunscrito pleo peso morto do corpo. Posto que a natureza divina está fora de todo ser criado e de toda vulgaridade material, não está circunscrita, mas é ilimitada e incorpórea, além da substância e de toda condição, sem qualidades, impalpável, não quantificável, invisível, imortal, incompreensível e totalmente além de nossa apreensão. Similarmente, a natureza espiritual nos dada por Deus é incircunscrita e fora da vulgaridade material deste mundo, e assim é incorpórea, invisível, impalpável, incompreensível, e uma imagem de Sua glória eterna e imortal.
5. Posto que Deus, como Rei soberano de tudo, é Intelecto primordial, Ele possui dentro dEle mesmo Seu Logos e Seu Espírito, coessencial e coeterno com Ele. Ele nunca está sem o Logos e o Espírito porque a natureza divina é una e indivisível; nem é Ele a ser confundido com Eles, pois as três hipóstases em Deus são distintas e inconfundíveis. Assim em gerando naturalmente o Logos de Sua essência, o Pai não é Separado dEle posto que Ele é Ele mesmo indivisível. O Logos coeterno, não separado de seu Gerador, possui o Espírito, que procede eternamente do Pai (cf. Jo 15,26) e partilha com o Logos a mesma natureza não originada. Pois a natureza de ambos, Logos e Espírito, é una e não dividida, mesmo embora pela virtude da distinção das hipóstases o Deus uno seja dividido em pessoas e seja glorificado como a Trindade de Pai, Filho e Espírito Santo. No entanto as pessoas, posto que Elas constituem uma natureza e um Deus, nunca são separadas da co-eterna essência e natureza. Observe, então, uma imagem desta tri-hipostática e única natureza divina no homem, que é criado por sua natureza e é à imagem dela, não de acordo com seus si visível mas de acordo com seu si espiritual, não de acordo com o que é mortal e perecível nele mas de acordo com o que é imortal e sempre o mesmo.
6. Deus é Intelecto e transcende as criaturas que em Sua Sabedoria Ele criou; todavia Ele também imutavelmente gera o Logos como seu lugar de morada, e, como a Escritura diz (cf. Jo 14,26), envia o Espírito Santo para dotá-los com poder. Ele é assim tanto fora de todas as coisas e dentro de todas as coisas. Similarmente, o homem participa da natureza divina, e de acordo com seu si mesmo espiritual — quer dizer, como uma alma espiritual, incorpórea e imortal — é uma imagem de Deus, e possui um intelecto o qual naturalmente doa consciência de sua essência; e em virtude de tudo isto mantém o poder do corpo. Ele é assim tanto fora da matéria e das coisas visíveis, como dentro delas. E assim como o Pai criou o homem inseparável das outras duas hipóstases — ou seja, so Logos e do Espírito — assim a alma do homem é indivisível de seu intelecto e sua consciência, pois são de uma natureza e essência — uma essência incircunscrita pelo corpo.
7. Posto que a Deidade é adorada nas três hipóstases do Pai, Filho e Espírito Santo, a imagem formada por Ele — qual seja o homem — também subsiste em uma divisão tripartita, adorando Deus, o Criador de todas as coisas de coisas que não são, com alma, intelecto e consciência. Assim, as coisas pela natureza coeterna e coessencial dentro de Deus são também intrínsecas a e coessenciais com Sua imagem. Elas constituem a imagem divina em nós e através delas eu sou uma imagem de Deus, embora eu seja um composto de barro e imagem divina.
8. A imagem de Deus é uma coisa, e aquilo que é contemplado na imagem é outra. Pois a imagem de Deus é a alma noética, o intelecto e a consciência, que forma uma natureza invisível. O que é contemplado na imagem é o que é soberano, real e auto-determinativo. Assim a glória do intelecto é uma coisa, sua dignidade é outra, seu ser na imagem de Deus é outra, e seu ser em Sua semelhança é outra (cf. Gen. 1,26). A glória do intelecto é seu poder de ascensão, seu constante movimento para cima, sua acuidade, pureza, compreensão, sabedoria e imortalidade. A dignidade do intelecto jaz em sua inteligência, sua natureza real e soberana, e seu poder de auto-determinação. Seu ser na imagem de Deus reside na auto-subsistência da alma, intelecto e consciência e em sua coessencialidade, indivisibilidade e inseparabilidade. Pois intelecto e consciência pertencem à alma noética, divina, imortal e incorpórea; estes três são coessenciais e coeternos, e nunca podem ser divididos ou separados um do outro. O ser do intelecto à semelhança de Deus reside em sua justiça, verdade, amor, simpatia e compaixão. Quando estas qualidade são energizadas e guardadas em uma pessoa, aquilo que está na imagem e semelhança de Deus é manifestado claramente nela; ela age, quer dizer, de acordo com a natureza e desfruta uma dignidade mais alta que outras.
9. A alma deiforme tripartita possui dois aspectos, um noético e o outro passível. O aspecto noético, sendo à imagem da alma do Criador, não é condicionado pelos sentidos, é invisível a eles e não é limitado por eles, posto que é tanto exterior a eles e interior a eles. É pela virtude deste aspecto que a alma comunica com os poderes divinos e espirituais e, através do conhecimento sagrado dos seres criados, ascende naturalmente para Deus como seu arquétipo, assim entrando no desfrute de Sua natureza divina. O aspecto passível é partilhado entre os sentidos e está sujeito às paixões e dirigido à auto-indulgência. É pela virtude deste aspecto que a alma comunga com o mundo que é perceptível aos sentidos e obtém nutrição e crescimento; e desta maneira respira o ar, experimenta frio e calor, e recebe sustentação e crescimento para auto-preservação, vida, crescimento e saúde. Assim o aspecto passível é modificado pelo que toma contato, é algumas vezes incitado por impulsos contrários à natureza e desenvolve desejos desordenados; outras vezes é provocado e levado por ódio demente, ou é sujeito à fome e sede, a tristeza e dor, e finalmente à dissolução física; deleita-se em auto-indulgência, mas deprime-se na aflição. Assim é justamente chamado o aspecto passível da alma, posto que é encontrado na companhia das paixões. Quando o aspecto noético da alma domina e seu aspecto mortal é devorado pelo Logos da vida (cf. 2 Cor. 5,4), então a vida de Jesus é também manifestada em nossa carne mortal (cf. 2 Cor. 4,11) produzindo em nós a apatia da morte vivificante, e conferindo a incorrupção da imortalidade em resposta a nossa aspiração espiritual.
10. Anteriormente a Sua criação de todas as coisas do nada, o Criador possuía nEle mesmo o conhecimento e os princípios intrínsecos e essências de tudo que Ele trouxe à existência, pois Ele é soberano sobre as eras e têm conhecimento prévio de todas elas. Correspondentemente, quando em Sua imagem Ele modelou o homem como o soberano da criação. Ele o dotou com o conhecimento e os princípios intrínsecos e essências de todas as coisas criadas. Assim através de sua criação o homem possui as qualidade secas e frias do fluido gástrico do corpo, da terra, as qualidades mornas e úmidas do sangue, do ar e do fogo, as qualidades úmidas e frias do fleugma, da água, o poder de crescimento das plantas, o poder de nutrição dos zoófitos, seus aspecto passível dos animais, seus aspecto noético e espiritual dos anjos, e finalmente, a fim de existir e viver, sua respiração imaterial — sua alma imortal e incorpórea, compreendida como intelecto, consciência e poder do Espírito Santo — de Deus.
*§11-20
*§21-30
*§31-40
*§41-50
*§51-60
*§61-70