Prudencio

Prudencio, Aurélio (348-405)

Aurelius Clemens Prudentius nasceu em Saragoça. Governador e perito do direito, foi homem de confiança do imperador Teodósio, em cuja corte gozou de alta estima. Cansado da vida da corte, dedicou o resto de seus dias — desde 392 — a compor poemas sobre temas cristãos. Prudencio foi o poeta latino que compôs o primeiro poema totalmente alegórico da literatura europeia, chamado Psychomachia. Gozou de uma influência imensa na Idade Média, sendo imitado por poetas e escritores espirituais.

Entende-se a obra poética de Prudencio sob diferentes pontos. Em primeiro lugar, o literário: a poesia do saragoçano que dá forma literária clássica aos temas cristãos. Em segundo lugar, encontra o conteúdo de sua poesia e inspiração na Bíblia, nas Atas dos Mártires e em autores como Tertuliano e Santo Ambrósio. Finalmente, sua poesia — seus hinos em particular — entra na liturgia do Ocidente e é conhecida do povo culto. Sob esses pontos de vista, é considerado o primeiro poeta cristão por seu profundo conteúdo e mensagem.

Suas obras: o Cathemerinon ou livro das horas. Compreende doze poemas líricos sobre as horas do dia e sobre as festas cristãs. Predomina neles o simbolismo contínuo da luz e das trevas. Muitos desses poemas passaram a ser hinos das horas litúrgicas do breviário. Segue-lhe o Peristephanon ou poemário das coroas dos mártires. Contém catorze poemas sobre os mártires espanhóis e romanos. Esses dois livros de poemas são os que melhor nos conduzem à alma sensível e exaltada, ao mesmo tempo, de Prudêncio.

Há ainda outras quatro obras nas quais a poesia está mais a serviço da ortodoxia cristã. Assim, a Apotheosis é dirigida contra os que não aceitam a Trindade nem a divindade de Cristo. A Hamartigenia é um ataque contra Marcião e seus seguidores, que defendiam o dualismo gnóstico. Na Psycomachia descreve a batalha da , apoiada pelas quatro virtudes cardeais, contra a idolatria e seus correspondentes vícios. Em seus dois livros Contra Symmachum responde ao senador que pedia que o altar voltasse ao Senado.

Em qualquer caso, Aurelio Prudêncio continua sendo o poeta cristão elegante e clássico, cujos versos e estrofes ainda ressoam em nossas igrejas.

BIBLIOGRAFIA: Obras completas de Aurelio Prudêncio. Edição bilíngue preparada por A. Ortega e I. Rodriguez (BAC); Patrologia, Hl. La edadde oro de la literatura patrística latina; A. di Bernardino, Patrologia, (BAC). (Santidrián)