Se Estrabão considera os armênios como sendo de origem ocidental, Khorenatsi sustenta a ascendência bíblica e afirma que “Haik” teria formado no país de Ararat, o “Haiastan” e a nação armênia. Um fato curioso merce ser assinalado a este respeito, é que se toda fração “nórdica” do judaísmo étnico e sinagogal porta o nome de Aschkenaz, a Bíblia dá ao filho de Gomer a mesma denominação de Aschkenaz, donde a designação de “Nação Aschkanaziana” por vezes utilizada em lugar de nação armênia.
Sem dúvida conviria levar muito mais adiante este estudo, e mesmo muito mais alto posto que a tradição bíblica faz repousar a arca de Noé sobre a montanha mais elevada de Armênia: o monte Ararat. Esta eminência geográfica teria desempenhado em tal “instante” do desdobramento cícilio, o papel “central” de um Montsalvat? Basta se lembrar que o Graal, ou a manifestação do xentro supremo, é assimilado ao depósito da tradição, depósito “que não é atingido pelas mudanças do mundo”.
A asserção é a princípio confirmada por Agostinho de Hipona e os Padres da Igreja para os quais o dilúvio não poderia ter atingido o paráiso terrestre, habitação de Enoque, terra dos Santos e Arca Suprema, e é significativo que o primeiro gesto de Noé, ao sair da Arca recoberta do sinal da aliança, o arco-íris, foi de plantar a vinha que se sabe a relação que gaurda com a tradição concernindo o “segredo” e o “vinho do Conhecimento”. Se a equivalência “hebraica” de “sod” e “yain” é familiar aos cabalistas, lembraremos que o criador da vinha é o Eterno ele mesmo, como o quer o ritual judaico das bendições “Barouch atah Adonai Elohenou, Melech há Olam, Boreh ha Goffen”.
A Cristianização armênia, devia favorizar as relações templárias com o povo “Hai”, pois como lembra Gérard de Nerval, “os templários foram, entre os Cruzados, aqueles que ensaiaram a mais ampla aliança entre as ideias orientais e aquelas do cristianismo romano”.
A tradição faz remontar a cristianização armênia aos primeiros “iluminadores”, São Tadeu e São Bartolomeu. Tertuliano, citando os Atos dos Apóstolos (XI,9) e relatando o “dom das línguas” de Pentecostes, menciona curiosamente, entre as nações representadas, além da Mesopotâmia e a Capadócia, a Armênia ao invés da Judeia.
De fato a data oficial da conversão armênia ao Cristo é geralmente fixada no início do século IV, sob a influência de Gregor Parthev Loussavoritch — Gregório o Partho, o Iluminador. A capital do país era então “Vagharschapat” que se tornou em seguida “Etchmiadzine”.
Segundo Tertuliano, centros cristão já existiam na Armênia por volta dos anos 200, sobrevivências mais ou menos secretas das primeiras comunidades cristãs nascidas na época do Cristo quando da célebre conversão do rei Abgar. Sabe-se que Abgar entreteve uma correspondência com o senado romano com o fim de decidir se depois da crucificação de Jesus, conviria fazer uma “expedição punitiva” na Palestina; sugeria também que em razão da Ressurreição, se ascendesse o Cristo no Panteão dos deuses romanos… ao qual o Senado respondeu fez responder ao rei da Armênia que iria nomear uma Comissão para estuda a questão”… Estes detalhes que figuram com textos de base em apoio na história de Moisés de Khoren, mostram por um lado que os eventos descritos no Evangelho não são historicamente duvidáveis, e por outro lado, que do Império Romano às democracias modernas, os métodos utilizados para se desembaraçar de uma affaire incômodo não mudaram!
Foi preciso aguardar o mártir Gregório o Iluminador para que a Armênia encontrasse a fé cristã. Gregório fez construir a catedral da “Descida do Filho Único”: Etchmiadzin, no lugar mesmo que o Senhor indicou a Gregório. O Iluminador foi nomeado Katholikos quando da assembleia de Vagharchapat depois foi ordenado padre e sagrado prelado da Armênia pelo Bispo Leôncio em 302. Após o Concílio de Niceia, Gregório viveu como eremita em uma gruta do monte Sepouh. Aí morreu deixando sua sucessão apostólica e pastoral a seu filho Aristakes.