Torre (Lc XIV, 28-33)

PARÁBOLAS DE JESUS — A TORRE (Lc XIV, 28-33)

EVANGELHO DE JESUS: Lc 14:28-33

28 Sim, qual dentre vós, se quiser construir uma torre, não se sentará primeiro para calcular a despesa
e se tem como concluí-la?
29 De outra forma, tendo posto as fundações, se não tem força para concluí-la,
todos os que o vissem
por-se-iam a escarnecer dele, dizendo:
30 “Este homem começou a construir e não teve força para acabar!”
31 Ou então, que rei,
se vai entrar em guerra contra outro rei, não se senta primeiramente para examinar se pode, com dez mil homens, ir confrontar-se com quem vem contra ele com vinte mil?
32 Senão, enquanto o outro ainda está longe, ele lhe enviaria emissários
para perguntar as condições de paz.
33 Assim, então: quem dentre vós
não se despedir de todos os seus bens não pode ser meu adepto. [Chouraqui]


Os dois exemplos dados na parábola, para então concluir com a afirmação, “quem não renuncia a tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo”, não parecem implicá-la de maneira alguma. Um possível elemento de articulação entre os dois exemplos e a afirmação da necessária renúncia, é a insuficiência em ambos exemplos de condições ou disposições “próprias”, ou de “tudo quanto tem” cada personagem (construtor e rei), para realizar o que almeja, a edificação ou a guerra. E o que faz justamente aparecer e evidenciar esta insuficiência de condições próprias, nos exemplos, é a inteligência de cada personagem exemplificado, é a disposição de sua parte mais elevada (noûs), de examinar “tudo quanto tem”, e assim se dar conta de que mesmo o que tem é sempre insuficiente, sem a filiação a Jesus Cristo, diante de qualquer empreitada. Neste sentido, se justifica e se torna clara a necessária renúncia de cada um a “tudo quanto tem”, para que enfim sua inteligência se converta em discípula de Jesus Cristo.


Beda o Venerável: COMENTÁRIO AO EVANGELHO DE SÃO LUCAS

Hay diferencia entre renunciar a todas las cosas y dejarlas, porque es de un pequeño número de perfectos el dejarlas -esto es, posponer los cuidados del mundo- mientras que es de todos los fieles el renunciarlas -esto es, tener las cosas del mundo de tal modo que por ellas no estemos ligados al mundo-.

Tomás de Aquino: Catena aurea