Rublyov Pantocrator

Andrei Rublyov — Cristo Pantocrator
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Simbolismo
Richard Temple

Escolásticos sugerem que esta composição é baseada em passagens no livro de Ezequiel no AT e em uma passagem similar no Apocalipse de João (vide Tetramorfo).

Os pintores russos de ícones do século XV produziram certo número de magníficas imagens do Cristo Pantocrator que claramente selecionam alguns elementos do Tetramorfo, mas não são exclusivamente nem inteiramente baseadas nele. Esta descrições bíblicas só parcialmente correspondem com a imagética dos Pantocratores russos que são encontrados na carreira da Déesis da Iconóstase e uma base iconográfica e escritural maior deve ser buscada.

Estas imagens se aproximam muito da aspectos da pinturas do século V e VI nos absides das igrejas coptas no Egito. Um destes está preservado no Museu Copta do Cairo e a iconografia parece vir de uma fonte alexandrina perdida.

Estes afrescos são identificados pelos escolásticos como representando a Ascensão do Cristo. Isto pode estar incorreto e é mais provável que seja um protótipo para as imagens posteriores do Pantocrator. É fácil ver isto se consideramos a pintura como duas cenas separadas: um Todo-poderoso Cristo e outro, justaposto abaixo mas não de outra forma especialmente relacionado, da Mãe de Deus com os Apóstolos. As duas cenas normalmente existem por direito próprio na arte bizantina e isto é sugerido aqui pela faixa reta horizontal que as separa, justamente como diferentes zonas de iconografia estão separadas mais tarde nas igrejas russas e gregas. Este ponto é confirmado pela pouco conhecida imagem, datando do século V, que pode ser vista no Monatério de São Antão remotamente situado no deserto egípcio. Aqui estão os principais elementos que constituem o Ícones do Pantocrator que foram pintados na Rússia do final do século XIV. Não parece serem conhecidos no mundo bizantino.

Se portanto tomamos a parte superior como uma imagem por direito próprio vemos de imediato quão próximo está das imagens do Pantocrator de mil anos atrás. Mas parece ter sido nenhuma elaboração da arte bizantina, como indicamos, sua forma final é um desenvolvimento da arte russa no século XV.

Não sabemos qual das imagens existentes do tipo russo é a mais antiga; embora a miniatura, tentativamente considerada de Andrei Rublyov com data sugerida em 1410-1415, pode ser um dos protótipos. Um exemplo por seu contemporâneo Teófano o Grego foi também sugerida. De qualquer modo estamos de novo confrontados com uma importante nova influência no desenvolvimento dos arte russa do século XV.

Analisando a estrutura do Pantocrator do século XV, descobrimos que é constituída de diferentes elementos geométricos e figurativos, cada um sobreposto ao outro. A base é um quadrado com lados convexos nos cantos dos quais estão os símbolos dos quatro evangelistas (as quatro criaturas viventes). Sobrepondo isto está uma figura oval contendo querubins e dentro disto um losango. Em seguida vem o trono e escabelo alado, e finalmente a figura assentada do Cristo no Juízo Final emitindo raios de luz.

Na imagem do século V só falta o losango e o quadrado e os anjos são postos de fora da mandorla ao invés de nela. As faces representando sol e lua estão ausentes nos ícones posteriores.

A presença nos ícones tanto do século V quanto do século XV dos anjos, do trono e dos serafins, junto com os poderes cósmicos sugeridos pelos círculos, ou raios de luz, sugerem elementos da Hierarquia Celestial de Dionísio o Areopagita. Poeria ser sugerido então que o Raio Divino é o elemento que, juntamente com aquelas características retiradas de Ezequiel e do Apocalipse de João, completam o significado da imagética do Cristo Pantocrator?