Quando vier o Espírito da Verdade (Jo XIV, XV e XVI)

DITOS DE JESUS — QUANDO VIER O ESPÍRITO DA VERDADE (Jo XIV, XV e XVI)

EVANGELHO DE JESUS: Jo XIV (Jo 14:16-26); Jo XV (Jo 15:26-27); Jo XVI (Jo 16:5-16)


Roberto Pla: Evangelho de ToméLogion 92

Esta doutrina, de perguntas e respostas ao Cristo, está claramente exposta na densa passagem do capítulo XVI de João na qual Jesus anuncia seu próximo retorno. Em verdade, Jesus anuncia sua Paixão, isto é, sua morte e sua ressurreição (v. morte e ressurreição), mas o evangelista transmite este fato em seu sentido interior, oculto.

A quem os discípulos deixarão de ver dentro em pouco, é Jesus, o Cristo manifesto, que não há de tardar em ser “levantado” na cruz; e o que pouco depois “voltarão a ver” é ao Cristo, mas oculto, interior, uma vez que o tenham glorificado, se é que antes foram capazes de olhá-lo transpassado na cruz: “Olharão para aquele que traspassaram” (Jo, 19,37). Este é o sentido oculto de “ver” o Cristo interior.

A ausência de Cristo manifesto, será uma fonte de tristeza, de pranto e lamentação, para os discípulos, mas haverá de converter-se em gozo quando sua alma der à luz ao nascimento nela do homem “de acima” (vv 20-22). É seguro que os discípulos alcançarão a ver o Cristo interior, e então se alegrará seu coração com gozo inesgotável, pois olhar a presença do Cristo oculto é igual a ter alçada a porta para pedir ao Pai em nome do Cristo, coisa que não fizeram até agora. Se pedem em nome do Cristo oculto, “receberão” e seu gozo será satisfeito (vv 22-24). Por isso diz Jesus Jo 16:25-26.

A dupla doutrina do Cristo manifesto e oculto, quer dizer, o ensinamento do Cristo vivo, manifesto em Jesus, e do Cristo preexistente, oculto, cujo Dia viu Abraão porque nele — em Abraão — se fez manifesto em “sua hora”, só pode ser explicada pela ação do Espírito Santo, da qual depende (v 13; vide PARACLETO e parakletos).