Roberto Pla: Evangelho de Tomé – Logion 92
v 26 Quando venha o Paracleto, o Espírito da verdade, que procede do Pai e que eu os enviarei de junto ao Pai, dará testemunho de mim.
Este versículo é paralelo, ou complementário de 14, 26: “ Mas o Ajudador, o Espírito Santo a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto eu vos tenho dito”.
O Paracleto é o Espírito santo e não uma pessoa ou instituição que deve custodiar e consumar a atribuição mediadora, quer dizer, como “auxiliar do auxiliador”, a revelação de Jesus. Se também é denominado o Espírito da verdade é por sua função própria, intransferível, de guiar ao homem até a verdade completa (16,13), pois como disse o apóstolo João em sua epístola: “O Espírito é a verdade”.
Que o Paracleto seja enviado pelo Pai em nome do Filho, ou enviado pelo Filho desde o Pai, é uma irrelevante diferencia de linguagem.
No entanto, é importante entender em que sentido se diz que o Paracleto dará testemunho de Cristo. Enquanto permaneceu Jesus na terra, ele foi o auxiliador manifesto, o paracleto, posto que foi ungido pelo Espírito Santo. Depois da glorificação de Jesus e de sua subida ao Pai, é o Filho do Homem — a Palavra oculta — quem mediante a unção do Espírito Santo — denominada o “outro” Paracleto — proporciona ao homem, a cada homem, o testemunho de si mesmo (do Filho), e recorda e ensina desde o interior do homem, toda a doutrina de Jesus, o Cristo manifesto .
Por, “dará testemunho de mim”, há que entender que merce ao Espírito da verdade é possível consumar a revelação e que o Cristo oculto se manifeste.