PHILOKALIA-TERMOS — SKOTOS — TREVAS, ESCURIDÃO
VIDE: Trevas; Trevas Divinas; Noite e Dia EVANGELHO DE JESUS: Mt 4:16; Mt 6:23; Mt 8:12; Mt 22:13; Mt 27:45; Lc 1:79; Lc 11:35; Lc 11:36; Lc 12:3; Lc 22:53; Lc 23:44; Jo 1:5; Jo 3:19; Jo 8:12; Jo 12:35; Jo 12:46 Roberto Pla: Evangelho de Tomé - Logion 106
Quando Deus disse: “Haja luz” — e esta luz, a Palavra, há que entendê-la em seu sentido completo de ser a Sabedoria, o Filho de Deus —, então, “a luz brilhou nas trevas”. Isto significa que as trevas, assim como o abismo, o espaço, incondicionado e abstrato sobre o qual se colocam os céus e a terra criados, são como “nada” para o entendimento dos homens.
Por isso se pode dizer que as trevas e seu correlato subjetivo, a ignorância, só são explicáveis como negação, quer dizer, como ausência de luz-conhecimento. E é da presença dessa luz conhecimento, denominada trevas ignorância, do que diz o Gênesis que foi o primeiro Dia, o do primeiro Reino, não criado, formado pela luz (Dia) e as trevas (Noite).
As trevas genesíacas não existem como princípio; em verdade, não existem, e a denominada dualidade luz-trevas (ou Sabedoria-Ignorância), só aparece como dualidade ante quem a contempla com um olhar ingênuo, limitado, que esquece a unidade ao não ter em conta que o único que há no Reino de Deus é a Luz-Sabedoria.
Inclusive, quando falamos agora de ausência da luz-sabedoria, empregamos uma forma abreviada e incorreta de expressão, posto que não é que a luz-sabedoria, preexistente, esteja presente umas vezes e outras se ausente, pois essa luz-sabedoria é una já no princípio e jamais a vencerão as trevas, senão que nossa consciência não sempre a recebe.
Entre o receber e o não receber a luz-sabedoria está o “passar” de nossa consciência; é ela, como membro psicofísico do reino dos céus e da terra, a que “passa”, e não a luz-sabedoria, pois esta é eterna e somente uma. “A erva, se seca, a flor se murcha, mas a palavra de nosso Deus permanece para sempre”.