A. e R. Goettmann — Prece de Jesus — Prece do Coração Excertos do livro Prece de Jesus — Prece do Coração
Referências em ordem cronológica
No Novo Testamento, ela se configurou no apelo do cego à beira do caminho: "Filho de David, tende piedade de mim!" (Mat. 9:27). E também do publicano: "O Deus, tende piedade de mim pecador!" (Luc. 18:13).
Algum tempo transcorreu até chegar a sua fórmula atual: "Senhor Jesus Cristo, filho de Deus, tende piedade de mim, pecador". No amadurecimento desta forma de oração delineia-se a prática espiritual (praktike) de alguns Padres da Philokalia.
Cassiano foi primeiro a sistematizar uma forma de oração, ao compilar uma verdadeira Philokalia avant la lettre em 399. O primeiro versículo do salmo 70 é sua fórmula preferida: "O Deus, venha em minha ajuda, Senhor, apresse-se em socorrer-me!"
St. Antão o Grande, o "Pai do monaquismo", utilizava também uma curta fórmula e aconselhava "ruminar" continuamente uma frase da Escritura. Como explica Hausherr esta ruminação "desperta em nós a piedade (pistis), faz vencer todas as tentações (peirasmos), combate todas as doenças da alma (pathe, vide pathos)".
St. Arsênio, campeão do hesicasmo (hesychia), repete: "Senhor, conduza-me de maneira que eu seja salvo" ou "Deus não me abandone". S. Macário por sua vez, não acha necessário pedir nada, pois Deus sabe o que é necessário, basta portanto dizer: "Senhor, socorro!", ou em uma atitude de abandono "Seja feito como Tu queiras Senhor, e como Te apraz". Quanto a Evágrio recomenda as orações jaculatórias (curtas) tiradas da Bíblia.
Lucius repete sem cessar o primeiro versículo do Salmo 51: "Senhor tende piedade de mim em tua grande misericórdia apague meus pecados!" Enquanto S. Nilo dirá que se deve combater (agon) os demônios (diabolos) pela "lembrança de Nosso Salvador, a fervorosa invocação do venerável Nome noite e dia, a ruminação das palavras inspiradas ..." (vide Nome Jesus).
S. João Crisóstomo interpreta a injunção de Cristo de não orar como os pagãos, como um convite à "sobriedade mental" (nepsis), pois esta "que nos vale ao invés da multiplicidade de palavras. O Cristo nos ensinou aí uma medida de oração (euche). Ele nos comandou, assim como S. Paulo), a fazer preces curtas e freqüentes em pequenos intervalos ... Fazendo assim, te será fácil permanecer desperto e farás tuas preces com muita presença de espírito." De Octo Vitiis