SENTIDOS — PERFUME DO SER
CABALA CRISTÃ
Annick de Souzenelle: LE SYMBOLISME DU CORPS HUMAIN
Assim como a flor do lírio simboliza por sua forma e sua brancura o jorrar do coração Tiphereth nos dois braços, um do rigor, outro da misericórdia, da mesma maneira, ao nível do rosto, a flor do ser se desabrocha na raiz do nariz e distila seu perfume.
«Suas faces são como um perfume de aromas, canta a Sulamita, como uma cobertura de plantas odoríficas…»
Aqui, chegamos em estágios raramente vividos, então que falar dos «perfumes do ser» parece verdadeiramente uma frase de estilo.
E no entanto, nada é mais real que este perfume da flor do ser, tão inconscientemente buscado. Incapaz de exalar dele mesmo, o Homem o toma emprestado às flores das quais ele destila as essências para delas se perfumar.
Encontramos ainda sob este aspecto fenomenal a lei segundo a qual a humanidade transpõe ao exterior dela mesma o que ela é incapaz de viver interiormente, procurando artificialmente isto que não está pronta a se tornar.
O perfume não é um dos menores charmes ativos da sexualidade de ordem corrente.
No ser nascido a seu devir, ao contrário, o odor é a exalação mesma do corpo quintessenciado no cumprimento da Grande Obra alquímica. O corpo é então feito câmara nupcial do céu e da terra e o coração ritmo das pulsações da Vida universal.
Esta passagem citada por Hubert Lacher, sobre Narayana, o herói do romance de Makhali-Phal, ilustra ainda mais:
Na castidade lançarei minha seiva, e ela crescerá como uma árvore, e ela estenderá suas ramas ao infinito, e ela subirá dos testículos até o umbigo, do umbigo até o coração, do coração até a mente, e aí será o cimo de minha árvore, da árvore de minha virilidade que se lançou na castidade e ao redor da carga do mundo encontrará um apoio sólido.
E, como disse, esta virilidade tendo crescido nele como uma árvore, até a cabeça… e basta ver à luz de seus olhos para se deixar penetrar pelo poder super-humano de sua virilidade. Esta virilidade, a este ponto expandida, desprendia ao redor de Narayana o odor do herói que era talvez o odor de Adão no Paraíso Terrestre. Este odor que reconheceu instantaneamente e que ama uma tigresa, os cristão diriam que é o odor do Homem antes do pecado.
Este «odor de Adão antes do pecado», Isaac o Sírio, por seu lado, dele fala justamente em suas «Sentenças» (LXXXIV):
Quando Homem de humildade se aproxima dos animais selvagens, assim que eles o consideram sua natureza feroz de doma: eles avançam para ele como para seu mestre, baixando a cabeça, lambendo suas mãos e seus pés, pois eles sentem, emanando dele, o mesmo perfume que aquele de Adão antes da queda.
SUFISMO
Ibn Arabi: ”DA SABEDORIA DA SINGULARIDADE NO VERBO DE MAOMÉ