Oração Curta

Arte da Prece — Prece — Guarda do Coração
A oração deve ser curta, mas frequentemente repetida
Daqueles que têm experiência em elevar suas mentes a Deus, aprendi que, no caso da oração feita pela mente a partir do coração, um breve prece, frequentemente repetida, é aquecedora e mais útil que uma longa. Oração longa também é muito útil, mas somente para aqueles que estão alcançando a perfeição, não para iniciantes. Durante um longa oração, a mente do inexperiente não consegue permanecer muito tempo diante de Deus, mas é geralmente superada por sua própria fraqueza e mutabilidade, e afastada pelas coisas externas, de modo que o calor do espírito rapidamente se esfria. Tal oração não mais uma prece, mas apenas perturbação da mente, por causa dos pensamentos vagando de um lado para o outro: o que acontece tanto durante as orações e salmos recitados na igreja, e também durante a regra de orações para a célula, que leva um longo tempo. A oração curta porém frequente, por ouro lado, tem maior estabilidade, porque a mente, imersa por um curto tempo em Deus, pode desempenhá-la com maior calor. Portanto o Senhor também diz: ‘Quando orar, não use repetições vãs’ (Mt. VI. 7), pois não é pela prolixidade que serás ouvido. E S. João Clímaco também ensina: ‘Não tente usar muitas palavras, levando sua mente a se tornar distraída na busca por palavras. Devido a uma curta sentença, o Publicano recebeu a misericórdia de Deus, e uma breve afirmação de crença salvou o Ladrão. Uma multidão excessiva de palavras na oração dispersa a mente em sonhos, enquanto uma palavra ou uma curta sentença ajuda a reunir a mente’.

Mas alguém pode perguntar: ‘Porque disse o Apóstolo na Epístola aos Tessalonicenses, “Ore sem cessar” ?’ (1 Tess. V. 17).

Usualmente nas Escrituras Sagradas, a palavra ‘sempre’ é usada no sentido de ‘frequente’, por exemplo, ‘Os sacerdotes entravam sempre no primeiro tabernáculo, realizando o serviço para Deus’ (Heb. IX. 6): isto significa que os sacerdotes entravam no primeiro tabernáculo em certas horas fixas, não que eles fossem lá sem cessar dia e noite; eles iam frequente mente, mas não ininterruptamente. Mesmo se os sacerdotes estivessem todo tempo na igreja, mantendo acesso o fogo que vinha do céu, e adicionando combustível a ele de modo que não se apagasse, eles não estavam fazendo isto tudo ao mesmo tempo, mas em turnos, como vemos em S. Zacarias: ‘Ele executava o ofício de sacerdote diante de Deus segundo a ordem de seu curso’ (Lucas I. 8). Deve-se pensar do mesmo modo sobre a oração, que o Apóstolo ordena ser feita incessantemente, pois é impossível para o homem permanecer em oração dia e noite sem interrupção. Apesar de tudo, tempo é também necessário para outras coisas, para cuidados necessários na administração de sua morada; necessitamos tempo para trabalhar, tempo para falar, tempo para comer e beber, tempo para descansar e dormir. Como é possível orar incessantemente exceto por um frequente oração? Mas a oração frequentemente repetida pode ser considerada uma oração incessante.

Consequentemente não deixe sua oração frequentemente repetida mas curta se estender em muitas palavras. Isto é o que os Santos Padres também aconselham. Em seu comentário sobre o Evangelho de S. Mateus (VI. 7), S. Theophilacte afirma, ‘Não se deve fazer longas orações, pois é melhor orar pouco mas frequentemente’. E S. João Crisóstomo, em seu comentário às Epístolas de Paulo, observa, ‘Quem quer que diga muito na oração, não ora, mas indulgencia em conversa fiada’. S. Theophilacte também diz em sua interpretação de Mateus VI. 6: ‘Palavras supérfluas são conversa fiada’. O Apóstolo disse bem, ‘Eu prefiro falar cinco palavras com minha compreensão. .. .. do que dez mil palavras em uma língua desconhecida’ (1 Cor. XIV. 19): ou seja, é melhor para mim orar para Deus brevemente mas com atenção, do que pronunciar inúmeras palavras sem atenção, vãmente preenchendo o ar com barulho.

Há também outro sentido no qual as palavras do Apóstolo devem ser interpretadas. ‘Ore sem cessar’ (1 Tess. V. 17) devem ser tomadas no sentido de oração realizada pela mente: o que quer que um homem esteja fazendo, a mente pode sempre estar dirigida para Deus, e desta maneira pode orar para Ele incessantemente.

Portanto comece agora, Ó minha alma, o curso de treinamento proposto para ti, comece em nome do Senhor, de acordo com a instrução do Apóstolo: ‘E o que quer que faças em palavras ou atos, faça tudo em nome do Senhor Jesus’ (Col. III. 17). Faça tudo, quer dizer, não primeiramente para seu próprio benefício, mesmo espiritual, mas para a glória de Deus; e também em todas tuas palavras, atos e pensamentos, o Nome do Senhor Jesus Cristo, nosso Salvador, será glorificado.

Mas antes de começar, explique a ti mesmo brevemente o que é a oração.

A oração é voltar a mente e os pensamentos em direção a Deus. Orar significa manter-se diante de Deus com a mente, mentalmente olhando fixamente Ele, e conversar com Ele em temor reverente e esperança.

E assim reunir todos teus pensamentos: deixando de lado todas as preocupações mundanas, dirigir tua mente para Deus, concentrando ela integralmente sobre Ele.