Milagre da Multiplicação (Mt XIV, 15-21; Mc VI,35-44; Lc IX,12-17, Jo VI, 2-14)

MILAGRES DE JESUS — MILAGRE DA MULTIPLICAÇÃO (Mt XIV, 15-21; Mc VI,35-44; Lc IX,12-17, Jo VI, 2-14)

EVANGELHO DE JESUS: Mt 14:15-21; Mc 6:35-44; Lc 9:12-17; Jo 6:2-14


Jean Canteins: MILAGRE DA MULTIPLICAÇÃO

Roberto Pla
A menção de Lucas de uma grande instituição discipular (Apostolado), fez muitos refletir, e não sem motivo, no paralelo que puderam apresentar estes dois grupos com as duas narrações da multiplicação dos pães. Em verdade, ambas coisas estão estreitamente relacionados desde alguns pontos de vista.

  • Segundo se diz em meios teológicos, a dupla multiplicação dos pães supões a coexistência de duas tradições paralelas de um mesmo caso; uma procedente do meio palestinense (margem ocidental do lago) se resolve em doze canastros, como as doze tribos de Israel; a outra, procedente de um meio cristão nascido do paganismo (margem oriental), termina em sete cestos como as sete nações pagãs de Canaã antes da conquista. Os lugares evangélicas onde se menciona a multiplicação dos pães, são para a primeira multiplicação (de 12 canastras). Quanto à segunda multiplicação dos pães (resíduo, sete cestos), só se menciona em (Mt 15, 32-39; Mc 8, 1-10). Alguém se perguntou se a não inclusão de Lucas da segunda multiplicação dos pães, está relacionada com ser Lucas o único evangelista que se refere ao bloco missionário dos Setenta.

O pão multiplicado é, sem dúvida, o mesmo do que no quarto evangelho diz Jesus: “Eu sou o pão de vida” (Jo 6,34). Deste pão, que é Cristo, e que levamos em nós mesmos, se pode dizer que é como uma levadura que quando um crê nela, fermenta e cresce até revelar ao homem a vida eterna e o conhecimento perfeito, que são seu patrimônio constitutivo. É este um pão divino, não humano, embora esteja destinado ao homem, e por isso diz dele o evangelista Marcos, que é muito superior ao que pode se fazer com a levedura dos fariseus, ou de Herodes, da qual diz Jesus que “há que se guardar”, e isto é seguro que o diz não por ser dos fariseus, senão por ser humana.

Da boa levedura, que como Cristo interior, “oculto”, semeado em todo homem, se converte em pão de Vida, é da qual se diz na “parábola do semeador” que dá três medidas de fruto, quer dizer, de conhecimento verdadeiro. Há que entender que as três medidas de tal fruto, vêm valoradas na parábola segundo a escala centupla que as apresenta como cem, sessenta e trinta; mas quando tais medidas aparecem no evangelho como expressão avaliadora que simboliza o Mistério de Cristo, as cifras simples empregadas para significar as duas medidas superiores dão Doze e Sete.

  • As medidas superior e média do Evangelho de Tomé – Logion 9 são de 120 e 60; mas vêm “centuplicadas” segundo insinua Lc 8,8. A medida inferior se valora em 30, ou às vezes em 20, pois é a medida de um pequenino de três ou dois anos, quer dizer, de um recém-nascido à vida do espírito.

Não se pode esquecer o signo que nos dão estas duas medidas, pois se como fruto semeado, da messe, se obtém Doze e Sete, outro tanto ocorre com o pão de vida multiplicado por Jesus e do qual resta como sobra, em um caso, Doze canastras, e em outro, Sete cestos. Quem come este pão de vida recebe o Mistério de Cristo na mesma medida em que o coma.


David Fideler: SÍMBOLOS DO MILAGRE DA MULTIPLICAÇÃO