Máximo o Confessor — Centúrias sobre a Teologia e a Economia da Encarnação do Filho de Deus
Tradução em grande parte feita a partir da versão francesa da Philokalia, mas eventualmente utilizada a versão inglesa.
Primeira Centúria
Gênese
48. Os monges zelosos devem investigar quais são as obras que se deve pensar que Deus começou a gênese, e quais são ao contrário aquelas que ele não começou. Pois se ele está em repouso de todas as obras que começou a criar, é claro que não se repousou daquelas que não começou a criar. Talvez, então, tudo que participa em ser, tais como as várias essências de criaturas, são obras de Deus que começaram a ser no tempo. Pois têm não-ser como anterior a seu próprio ser. Pois seres participantes nem sempre existiram. Mas as obras de Deus que não começaram sem dúvida a ser no tempo são os seres participados, aos quais, por graça, têm parte os seres participantes: por exemplo, a bondade e tudo que está contido neste termo de bondade e simplesmente toda vida, imortalidade, simplicidade, imutabilidade, infinidade, et aquilo que é essencialmente contemplado ao redor dele. Estas são também obras de Deus, e não começaram no tempo. Pois o que não foi não é mais antigo que a virtude, nem nada além daquilo que acabamos de dizer, mesmo se isto que participa nestas coisas começou a ser no tempo. Pois nenhuma virtude jamais começou: o tempo não é mais antigo que ela, do momento que deus absolutamente só engendra eternamente o ser.
49. Deus se eleva infinitamente ao infinito acima dos seres participantes e participados. Pois tudo isto que significa a razão do ser é obra de Deus, mesmo se tal coisa segundo a gênese (genesis) começou a ser no tempo, e se tal outra segundo a graça é infusa nas criaturas, como uma potência inata proclamando fortemente que Deus está em todos.
50. Tudo aquilo que é imortal e a imortalidade ela mesma, tudo aquilo que vive e a vida ela mesma, tudo aquilo que é santo e a santidade ela mesma, tudo aquilo que é virtuoso e a virtude ela mesma, tudo aquilo que é bom e a bondade ela mesma, tudo aquilo que é e a entidade ela mesma, são com toda evidência obras de Deus. Mas uma começaram a ser no tempo. Foi-se um tempo onde não haviam nem a virtude, nem a bondade, nem a santidade, nem a imortalidade. E é porque elas participam àquilo que não começou no tempo que as coisas que começaram no tempo são aquilo que elas são e se denominam como elas se denominam. Pois Deus é o Criador de toda vida, de toda imortalidade, de toda santidade, de toda virtude. Ele se eleva acima da essência de tudo aquilo que pensamos e denominamos.