Maria e Shekinah [CHCC]

Geneviève Javary: (trad. de Antonio Carneiro)

Mas, a teologia mariana muito cedo associou o nome de Jesus ao nome de sua mãe Maria. Ao Pantocrator propaga Maria Theotokos, a mãe de Deus. Ora, curiosamente, a simbólica da teologia mariana coincide em vários pontos daquela, tão rica, da “Sekina”, como também os cabalistas cristãos notaram analogias. G. de Venise, falando da rola (“Streptopelia turtur”, no Brasil é rolinha, “Uropelia campestres”) que é « a graça, ou a Divindade, que os Hebreus chamam Sachina », acrescenta:

Esta rola não é a bem-aventurada Virgem, cuja voz foi ouvida em nossa terra, quando disse: Eu sou a serva do Senhor, faça-se em mim segundo tua palavra (Lc 1,38 — Bíblia de Jerusalém)?

Para o « provar » propõe esta « equação »: Miriam (Maria) tem como valor numérico em hebreu 290 e Iesu (Jesus) 316: se acrescentar 290 a 316 ter-se-á 606, ora esse número é o valor numérico de Tur, « rola (“Streptopelia Turtur”) » em hebreu! Digamos também que esta rola, ou pomba, é na iconografia cristã o símbolo do Espírito Santo: fazer da rola um símbolo de Maria, é reconhecer nela a morada do Espírito Santo. Ora, a “Sekina” é para os cabalistas o Espírito Santo feminino.

Como a “Sekina”, Maria é a mulher forte (Prov. 31/10), a nova Eva, a mãe do gênero humano. Ela está envolvida de sol e tem a lua sob os pés. Maria é Rainha, como Bina, Rainha dos Céus e Rainha dos anjos, como Malkut, Rainha sobre a Terra, « Regente terrestre ». Quantas invocações e quanta piedade popular se dirigem à Maria nas Litanias, por exemplo, encontram eco na simbólica da Sekina! Citamos apenas:

Morada do Espírito Santo!
Casa de ouro!
Arca da nova aliança!