Marcos o Asceta, Marcos o Monge ou Marcos o Eremita

De acordo com a tradução inglesa da Philokalia, pouco pode ser dito com certeza sobre a vida de Marcos o Asceta, também conhecido como Marcos o Monge ou Marcos o Eremita. Nicodemos o Hagiriota data sua existência no século V, e isto parece ser correto. Como seu contemporâneo Nilo do Sinai, ele pode ter sido discípulo de João Crisóstomo, mas também disto não se tem certeza. Como indica um dos textos selecionados para a Philokalia, “Carta a Nicolau o Solitário”, Marcos viveu certo tempo de sua vida como eremita no deserto, mas não sabemos se no Egito ou na Palestina. Também se sabe que foi superior de uma comunidade próximo a Ankara na Ásia Menor. Além dos três trabalhos incluídos na Philokalia Marcos escreveu pelo menos seis outros tratados, sendo os mais importantes sobre o batismo, o arrependimento, e contra Nestorius. Dá uma ênfase maior ao papel da graça batismal e provê uma análise detalhada da natureza da tentação.

Segundo a apresentação da tradução francesa da Philokalia, a lei espiritual é para Marcos uma lei de liberdade. Implica no conhecimento das Escrituras e na prática dos mandamentos. Mas não poderia se realizar apenas pelas obras. As obras, se são boas, só podem levar à humildade. E a humildade demanda a compaixão do Cristo. A salvação depende finalmente da graça. O monge é portanto livre, mas sob uma condição, que a da ascese : recusar as três paixões cardeais (o amor ao dinheiro, o amor à vanglória, e o amor dos prazeres), nada jamais considerar além do Reino dos Céus e do tempo vindouro, mas se manter continuamente no mais baixo estado, e se apegar ao mínimo ao alcance das obras. Pois se a condição de ascese não é preenchida, o alcance é nulo, ou ilusório. Antes de abrir à salvação, a lei espiritual conduz assim ao arrependimento e permite o livre acesso ao portal: a lembrança de Deus e a oração pura.