Macariana Copta

Macariana — Seleção de Jean Gouillard
O ciclo copta
… ( Abade Macário ) disse: não façamos com que a fonte, borbulhando, lance dessa mistura única ( o receptáculo do coração ) o que é maculado; mas, que lance incessantemente, para o alto, o que é doce em qualquer tempo, isto é, Nosso Senhor Jesus Cristo ( Op. cit., p. 142 ).

O irmão interrogou-o ainda, dizendo: Qual é a obra mais agradável a Deus, no asceta e no absti-nente? Respondeu-lhe, dizendo: bem-aventurado aquele que for encontrado perseverante no nome bendito de Nosso Senhor Jesus Cristo, sem cessar, e de coração contrito. Porque sem dúvida não existe, em toda a vida prática, obra tão agradável quanto esse alimento bem-aventurado, se o ruminares sempre; se o ruminares como a ovelha, quando o faz vir para cima, e experimenta a doçura de ruminar, até que a coisa ruminada entre no interior de seu coração e nele derrame uma doçura e um óleo ( unção ) bom para o estômago e para todo o interior. Não vês a beleza da sua expressão cheia da doçura do que ela ruminou na boca? Oxalá consigamos que Nosso Senhor Jesus Cristo nos conceda graça, em seu nome doce e macio ( untuoso ) ( pp. 152-153 ).

Um irmão interrogou o abade Macário, dizendo: explica-me estas palavras “a meditação de meu coração está em tua presença”. O ancião lhe disse: Não há outra meditação excelente, além do nome salutar e bendito de Nosso Senhor Jesus Cristo, habitando continuamente em ti, assim como está escrito: “Como uma andorinha eu gritarei e como uma rola meditarei”. É assim que faz o homem piedoso, constante no nome salutar de Nosso Senhor Jesus Cristo ( p. 153 ).

O abade Macário, o Grande, disse: Prestemos atenção a esse nome, Nosso Senhor Jesus Cristo, com coração contrito; quando teus lábios estão ardentes e tu o atrais para ti, não o conduzas a teu espírito para fingir “, mas pensa em tua invocação: “Nosso Senhor Jesus Cristo, tem piedade de mim”. No descanso verás sua divindade repousar em ti; o nome de Jesus expulsará as trevas das paixões que estão em ti, purificará o homem interior com a purificação de Adão quando estava no Paraíso; esse nome bendito que João Evangelista invocou, dizendo: “Luz do mundo”, “doçura que não sacia” e “verdadeiro pão de vida” ( p. 160 ).

O abade Evágrio disse: atormentado pelos pensamentos e paixões do corpo, fui procurar o abade Macário, e disse: Meu pai, dize-me uma palavra da qual eu viva. Disse o abade Macário: Amarra à pedra a corda da âncora; e, pela graça de Deus, a barca atravessará as vagas diabólicas, as ondas deste mar enganador e o turbilhão das trevas deste mundo vão. Disse eu: O que é a barca, o que é a corda e o que é a pedra? O abade Macário respondeu: A barca é teu coração; vigia-o. A corda é teu espírito; prende-o a Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele é a pedra que tem poder sobre todas as ondas e vagas diabólicas que combatem contra os santos, pois não é fácil dizer a cada respiração: “Nosso Senhor Jesus Cristo, tem piedade de mim; eu te bendigo, meu Senhor Jesus, socorre-me”. Quando o peixe estiver lutando ainda contra a onda, será pegado sem o saber. E nós também, se formos perseverantes nesse nome salutar de Nosso Senhor Jesus Cristo, ele pegará o diabo pelas ventas, por causa do que nos fez; mas nós, os fracos, saberemos que o socorro é de Nosso Senhor Jesus Cristo ( p. 161 ) ‘.

O abade Macário disse: Visitei um doente que estava de cama; o ancião recitava, mais que qualquer outra coisa, o nome salutar e bendito de Nosso Senhor Jesus Cristo. Como eu o interrogasse sobre suas melhoras, disse-me com alegria: como persevero nesse ( em tomar esse ) doce alimento de vida, o nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, encantaram-me com a doçura do sono; apareceu-me, numa visão, o Rei, o Cristo, como Nazareno, e disse três vezes: “Vê, vê que sou eu, e não outro senão eu”. Depois, acordei sob ressaltado, em grande alegria, de modo que esqueci a dor ( p. 163 ).

O abade Macário, o Grande, disse: um monge que fica sentado em sua cela, precisa é concentrar em si a inteligência, longe de toda preocupação do mundo. Que ele não a deixe vacilar nas vaidades deste século, mas que tenha um único objetivo, isto é, colocar o pensamento só em Deus, persistindo nele em todos os momentos, sem solicitude; e que não deixe nada de terreno entrar tumultuosamente em seu coração… mas que esteja, tanto no espírito quanto em todos os seus sentidos, como se fosse na presença de Deus… ( p. 170 ).

O abade Macário, o Grande, disse: se te aproximares da oração, presta atenção em ti com firmeza, para não entregares teus vasos nas mãos dos inimigos; porque eles querem levar teus vasos, que são os pensamentos da alma. São vasos gloriosos, com os quais servirás a Deus, pois o que Deus quer de ti não é que lhe rendas glória apenas com os lábios, enquanto os pensamentos andam vacilantes e esparsos por todo o mundo; mas, que a alma e todos os seus pensamentos sejam coerentes e olhem o Senhor sem solicitude ( p. 180-181 ).