ENKRATEIA = TEMPERANÇA

Citações dos Padres — nosso site francês

Versão francesa da Philokalia

A ascese paradoxal do amor: o “tornar-se mestre” de todos os desejos.

Jean-Claude Larchet: TERAPÊUTICA DAS DOENÇAS ESPIRITUAIS

Pelo pecado o homem desviou de Deus seu poder desejante para voltá-lo para o mundo sensível, buscando, em lugar das alegrias espirituais que Deus lhe destinava, o prazer sensível. Muitas das doenças da alma, paixões, procedem desta perversão do poder desejante e do apego ao prazer sensível.

A cura da alma implica que o homem siga o caminho inverso, que volte sua parte desejante dos objetos sensíveis e a re-torne para Deus, que se desprenda correlativamente dos prazeres sensíveis e reencontre as alegrias espirituais que convêm a sua natureza.

Neste processo terapêutico que dá ao pder desejante, mas também às faculdades que dele dependem, de se exercer de novo segundo a natureza verdadeira e sua finalidade normal, dito de outro modo a Saúde, a virtude da temperança, tem o papel principal.

A virtude da temperança consiste com efeito essencialmente em um domínio do poder desejante que se caracteriza em primeiro lugar pela inibição dos desejos carnais, apaixonados, sensíveis, e pela abstenção correlativa dos prazeres que a eles estão ligados. No sentido mais imediato e também mais restrito, ela é o domínio dos desejos apaixonados do corpo.

No entanto a temperança vai muito além de se limitar à esfera corporal. Entendida em seu sentido mais amplo, ela é o domínio dos desejos apaixonados da alma, que entram na composição de quase todas as outras paixões. Assim a temperança se exerce sobre todas as manifestações corporais ou psíquicas que podem responder aos desejos apaixonados e à busca do prazer: ela visa portanto ao domínio das impulsões do corpo mas também de todos os pensamentos e fantasmas.

A temperança toma a forma de uma «guarda da alma» assim como de uma «guarda do corpo».


Patrologia
Raimundo Lulio: TEMPERANTIA