ANDREIA = CORAGEM

EVANGELHO DE JESUS:
Vigiai, estai firmes na , portai-vos varonilmente (andrizonai = ser homem, ser corajoso), sede fortes. (1Co 16:13)


Filosofia Antiga
António Caeiro: A ARETE COMO POSSIBILIDADE EXTREMA DO HUMANO
A excelência (arete) enquanto perseverança corajosa (andreia) é a possibilidade única que existe para automaticamente resolvermos uma situação destrutiva e perversiva (kakia) provocada pelo medo terrível (phobos) que a vida nos pode trazer, em que ela nos pode fazer cair.


Jean-Claude Larchet: TERAPÊUTICA DAS DOENÇAS ESPIRITUAIS — A CORAGEM

Pedro Damasceno: CONHECIMENTO ESPIRITUAL ATIVO

Há quatro formas de sabedoria: primeiro, a castidade, ou o conhecimento do que deve ou não ser feito, combinado com vigilância do intelecto; segundo, temperança, a arte de guardar à salvo o que se tem no espírito, de maneira a poder se manter a si mesmo fora de toda obra, de todo pensamento, de toda palavra que não agradem a Deus. A coragem, ou a força e a paciência nas penas segundo Deus e nas tentações. A justiça, quer dizer a partilha, que acorda a todos a mesma coisa.

As quatro virtudes gerais nascem dos três poderes da alma. Do pensamento ou da inteligência nascem dois, a prudência e a justiça, ou o discernimento. Da desejo nasce a castidade, e do ardor a coragem.

Cada virtude é um meio entre duas paixões contra natureza. A prudência se situa entre a presunção e a irresolução. A castidade entre a estupidez e o deboche. A coragem entre a temeridade e a lassitude. A justiça entre o sentimento de inferioridade e o sentimento de superioridade.

As quatro virtudes são a imagem do homem celeste. E as oito, a imagem do homem terrestre.

CORAGEM
O próprio da coragem não é de vencer e de destruir o próximo. Isso aí é uma arrogância, que visa mais alto que a coragem. O próprio da coragem não é também fugir por medo das tentações, para longe das obras e das virtudes votadas a Deus. É a lassitude, que visa baixo. Mas o próprio da coragem é preservar em toda obra boa e de vencer as paixões da alma e do corpo. Pois não lutamos contra o sangue e a carne, quer dizer contra os homens, como outrossim os judeus. Então aquele que triunfava outros povos nos combates acreditava fazer a obra de Deus. Mas lutamos contra os Principados, contra as Potestades, quer dizer contra os demônios invisíveis. Agora a vitória é aquela da inteligência. Ou bem se é vencido pelas paixões.

O combate dos homens era a figura de nosso combate. Pois estas duas paixões — a arrogância e lassitude —, mesmo se elas parecem contrárias, são uma e outra elevadas pela fraqueza. A arrogância carrega para o alto. Ela desejaria causar medo e confundir, como um urso impotente. Mas a lassitude foge como um cão caçado. Pois nenhum deles que têm uma destas duas paixões não espera no Senhor. E eles não podem conduzir o combate. Nem a arrogância, nem a lassitude não os ajudam. Mas o justo é como um leão. Ele confiou no Cristo Jesus nosso Senhor. A ele a glória e o poder nos séculos. Amem.


Jean Borella: AS DETERMINAÇÕES NATURAIS DA CARIDADE

Os psicólogos pensam que o medo é a emoção fundamental. Há algo de verdade nesta tese, no sentido que a alma, no homem, toma consciência dela mesma, como do que é «afetável». A resposta a esta tomada de consciência, é a cólera que é a forma primitiva da dinâmica psíquica. A virtude correspondente, quer dizer a resposta obtida, a alma dominada em seu elã primeiro por um esforço especificamente humano, é a coragem. Há coragem, com efeito, cada vez que há esforço para dominar um movimento natural. Temos então a tríade: medo, cólera, coragem, que define o homem a seu nível mais natural. É então notável constatar que o que denominamos afetividade, Platão chama — alma irascível, e que coragem se diz em grego: andreia. Ora, a andreia, é por excelência a virtude do homem, (andros em grego) um pouco como se disséssemos : o «humano»; cf. latim vir (o homem verdadeiramente homem) e o português: virilidade.