Ícone da Mãe de Deus Entronada

Ícone da Mãe de Deus Entronada
Simbolismo
Richard Temple
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O Ícone da Mãe de Deus Entronada está no [wiki base=”pt”]Monte Sinai[/wiki] e data do século VI. Para sua compreensão é preciso se valer do pensamento de Dionísio o Areopagita (v. LUZ), escrevendo em [wiki base=”pt”]Alexandria[/wiki] aproximadamente à mesma época, ou talvez algumas década mais cedo da pintura deste ícone usando a técnica de cera encausticada.

O ícone preservado no [wiki base=”pt”]Monastério de Santa Catarina[/wiki] mostra a Mãe de Deus em um trono com o Menino Cristo em seu colo. Em ambos os lados estão de pé São Jorge e1, e atrás dela estão dois arcanjos. O estilo reflete as características do período helenístico tardio. Nesta pintura pode ser observado muitos elementos que estão nas fundações da arte cristã primitiva. Os dois arcanjos, com seus cabelos enrolados e faces inteiras são derivados na arte helenística. A ideia do personagem central em um trono suportado por duas figuras em pé pode ser encontrada na arte imperial romana embora seja oriental na origem. A técnica de cera encausticada é a mesma dos Quadros de Fayum e sua influência pode ser vista nas faces, especialmente aquelas dos dois guerreiros em pé. Os dois santos estão ricamente vestidos em vestes da corte imperial de Roma. A Virgem, por outro lado, está simplesmente vestida em roupagens de uma moça de Alexandria e Cristo, embora uma criança, veste roupas de filósofo-mestre grego e carrega um [wiki base=”en”]rotulus[/wiki].

No topo da figura está um segmento em forma de luneta do qual aparece a mão de Deus. Isto tem um significado cosmológico importante. Notemos que da mão de Deus desce um feixe de luz que cai direto na Virgem, iluminando sua face e a do Cristo. Ela permanece quieta, interiormente calma e magistral, recebendo a luz. Os dois guerreiros santos em pé firmes, com olhos bem abertos e expressões intensas, como se fazendo um esforço interior para manter seu equilíbrio espiritual. Olham intensamente para nós que olhamos a figura.

A composição é baseada em uma estrutura hierárquica. O nível mais alto — o Reino Divino — é sugerido por um círculo; ou melhor pela borda de uma círculo cujo restante está fora de vista. Deste aparece a mão da deidade e desta, por sua vez, a luz emana para fora e para baixo. Em seguida à ordem hierárquica vêm os anjos que propriamente representam o mundo intermediário entre céu e terra. Eles são a “luz mais próxima” enquanto que abaixo deles estão a Mãe de Deus e o Menino Cristo em suas formas humanas. Abaixo deles, pois notamos que não estão no mesmo nível que o trono elevado, estão dois guerreiros santos.

O círculo completo que se estende além do quadro do ícone comporta graus também da Hierarquia ou Raio Divino. Todos os elementos estão conectados por seu relacionamento comum à luz.

A parte frontal da figura dispondo os personagens, junto com o desafio diretamente pessoal de seus olhares tem o efeito de incluir o observador. Este é ainda mais acentuado pelo alto muro no fundo da figura, que não somente corta o espaço atrás deles mas ajuda a criar o lugar diante onde o observador se posiciona. O muro cerca a área na qual o Cristo e sua entourage aparece de modo que nenhuma elemento estranho pode entrar. Nada de fora entra dentro do espaço cercado, que pode ser compreendido como espiritual, ao invés do atual. Nada distrai nossa atenção da força e equilíbrio da simetria que pode ser vista como simbolizando um estado psicológico. Uma exceção ao “selo hermético” do interior para o exterior (v. Interior-Exterior) é o feixe de luz descendo de Acima.

Uma característica surpreendente do ícone é a expressão dos olhos de várias pessoas dispostas. Os dois anjos olham para cima, a Mãe de Deus e o Cristo parecem olhar para uma distância remota, enquanto os dois guerreiros diretamente confrontam o observador.

Podemos relacionar estes olhares ao ensinamento contemporâneo de Dionísio o Areopagita sobre a influência da luz espiritual? Podemos supôr que o olhar nos olhos de São Jorge é o sinal da “luz espiritual que mexe e abre os olhos”? Podemos pensar que os anjos “olham para cima de acordo com sua instância próxima à luz que brilha em mais abundância neles”? É possível ver nos olhos de2 a expressão de um homem que deseja ser “verdadeiramente bom e gentil e sempre unido com Deus (cultivando) com todo poder a virtude da atenção”? Estes dois são famosos na lenda como guerreiros, mas certamente a ideia de gurra, introduzida aqui em um contexto de profundo simbolismo espiritual, significa o “combate interior” ou “luta espiritual” dos Hesicastas?


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