Evangelho de Tomé — Logion 18 <= LOGION 19 => Logion 20
Jesus disse: bem aventurado aquele que era antes de ter sido. Se chegais a ser meus discípulos e escutais minhas palavras, estas pedras vos servirão. Tendes, com efeito, cinco árvores no paraíso que não se movem no verão nem no inverno e cujas folhas não caem. Aquele que as reconheça não provará a morte. Roberto Pla EVANGELHO DE JESUS: Sinal de Abraão; Eu Sou
Roberto Pla A bem-aventurança é o estado próprio do que descobre seu ser real, eterno, e chega depois a fazer-se Uno com ele. Deste, do Filho do homem, é de quem um nascido de mulher, o que foi reputado como o maior deles, disse como testemunho: "João deu testemunho dele, e clamou, dizendo: Este é aquele de quem eu disse: O que vem depois de mim, passou adiante de mim; porque antes de mim ele já existia" (Jo 1,15). Com este reconhecimento textual já pode qualquer discípulo de Jesus chegar a entender que ele "já era antes de ter nascido" ou, o que é o mesmo, que o homem pneumático, em Cristo, é ingênito, isento de mudança, e que nunca teve para ele nascimento, nem terá possibilidade de morte.
Quanto as pedras se tornarem servidoras, se diz que todo aquele que uma vez culmina sua metanoia batismal, a do fogo purificador do Espírito, recebe como alimento de todos os dias e horas o pão de Deus, segundo se descreve na perícope evangélica do deserto: "Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo Diabo. E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome. Chegando, então, o tentador, disse-lhe: Se tu és Filho de Deus manda que estas pedras se tornem em pães. Mas Jesus lhe respondeu: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus." (Mt 4,1-4) (vide Tentações de Cristo)
Nada disso é difícil de chegar a um entendimento superficial, intelectivo; mas ainda dentro desse entendimento, a dificuldade aparece quando o logion diz que cada homem tem cinco árvores no Paraíso, que há que reconhecer (entenda-se experimentar), para alcançar a vida eterna.
A interpretação de Roberto Pla prossegue se valendo de duas explicações importantes: