BIBLIOTECA DE NAG HAMMADI — CÓDICE II — APÓCRIFO DE JOÃO
Códice II: The Apocryphon of John (TEXTO EM INGLÊS]
Frederik Wisse: Minha tradução adaptada do resumo de Frederik Wisse Trata-se de um importante trabalho de gnosticismo mitológico. Usando a estrutura de uma revelação dada pelo Cristo ressuscitado a João, o filho de Zebedeu. Oferece uma descrição clara e notável da criação, queda e salvação da humanidade; a descrição mitológica se desenvolve em termos similares aos primeiros capítulos do Gênesis. Relatos do primeiros Padres indicam que tinham alguma familiaridade com este trabalho, o que indica que este tratado devia estar circulando antes do final do século II DC.
O tratado oferece respostas a duas questões básicas: Qual a origem do mal? Como se pode escapar deste mundo mau para nossa morada celestial? A cosmogonia, apesar dos detalhes exóticos, busca também respostas as estas questões. A suprema deidade é definida em termos de conceito abstrato grego de perfeição, uma perfeição que exclui todo antropomorfismo e todo envolvimento no mundo. Desta suprema deidade emana uma série de seres-luminosos, incluindo o Cristo e Sophia.
De acordo com o tratado, a queda se dá quando Sophia deseja produzir um ser sem a aprovação do grande Espírito ou seu consorte. Consequentemente, ela produz um deus-criador monstruoso Yaldabaoth, que ainda possui algum poder-luminoso de sua mãe. Yaldabaoth cria anjos para governar o mundo e ajudar na criação do homem; o homem ele mesmo é moldado depois à imagem do Pai perfeito, que foi espelhado na água. O Homem vem à vida quando Yaldabaoth é enganado para soprar poder-luminoso nele. Assim começa um combate incessante entre os poderes da luz e os poderes da escuridão pela posse das partículas divinas no homem. Os poderes do mal põe o homem em um corpo material para mantê-lo prisioneiro, e também criam a mulher e o desejo sexual para espalhar as partículas da luz e tornar a fuga mais difícil. Finalmente o Cristo é enviado para salvar a humanidade para relembrar às pessoas sua origem celestial. Somente aqueles que possuem este conhecimento e viveram vidas ascéticas podem retornar ao reino da luz; os outros reencarnam-se até alcançar o conhecimento salvador.
Bentley Layton O "Livro Secreto de acordo com João" contém uma das narrativas mais clássicas do mito gnóstico (v. ESCRITURA GNÓSTICA CLÁSSICA). Após uma descrição filosófica de deus como a fonte de todo ser, o autor gnóstico segue descrevendo a estrutura do mundo divino em complexidade gloriosa, afirmando, "o que aconteceu antes do Gênesis 1:1". Depois deste pesado prelúdio, os eventos da história do Gênesis são recontados de uma perspectiva gnóstica. A história termina com a exortação do salvador gnóstico da raça humana para "despertar" e ser salva.
Além da complexidade e terminologia do preâmbulo à criação relatada no Gênesis, e ao desdobramento ampliado do relato do Gênesis, depreende-se que o criador do mundo material identificado como deus no Gênesis, não é o verdadeiro deus mas Satã (aí denominado Ialdabaoth e Saklas). Além do mais a criação de Adão é bem mais complexa do que no Gênesis: uma criação dupla — primeiro um Adão "animado" feito apenas de alma, embora com partes anatômicas, e segundo uma casca para abrigá-lo.
O relato do Gênesis assim desdobrado de modo mais complexo vai atá o nascimento de Set; depois disso segue a história subsequente da raça humana em termos gerais, dentro do contexto do discurso teológico sobre a atividade do Espírito Santo. Nada é dito da história de Israel, nem sobre Jesus como uma encarnação do Cristo pré-existente. No entanto, Cristo ("o ungido") é uma figura importante do mito.
Toda esta narrativa do mito gnóstico está encapsulada dentro de uma estória que parece implicar que o conteúdo da obra é um ensinamento pós-ressurreição de Jesus. O que confirma a crença gnóstica que depois de sua ressurreição Jesus permaneceu na terra por 18 meses e ensinou a "verdade plena". Entretanto em termos do mito gnóstico a identidade do revelador não é Jesus mas Barbelo, o segundo princípio, talvez aqui manifestado como a reflexão da luz.
O autor e lugar da composição são desconhecidos. A data é provavelmente final do século II. A língua da composição é grega. O plano da obra é o seguinte:
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