EVÁGRIO — CITAÇÕES DA PHILOKALIA
50. O que têm em vista os demônios, quando excitam em nós a gula, a impudicícia, a concupiscência, a ira, o rancor e as outras paixões? Querem que a nossa inteligência, engrossada por elas, não possa orar como se deve; pois, as paixões da parte irracional, vencedoras, impedem-na de mover-se de acordo com a razão (de acordo com as razões dos seres como objeto de contemplação) para procurar atingir a Razão (o Logos: o Verbo) de Deus.
51. Nós vamos às virtudes (primeiro degrau: vida ativa) em vista das razões dos seres criados (segundo degrau: contemplação inferior); vamos a estas, em vista do Senhor, que as estabeleceu (terceiro degrau: teologia); quanto ao Senhor, ele costuma aparecer no estado de oração.
52. O estado de oração é um “hábito” impassível que, por um amor supremo, arrebata aos cimos intelectuais a inteligência tomada pela sabedoria.
54. Quem ama a Deus conversa incessantemente com ele, como com um Pai, despojando-se de todo pensamento apaixonado.
55. Não é porque se tenha atingido a apatheia que se irá orar verdadeiramente, pois é possível ficar nos pensamentos simples (isto é, decantados de apego sensível) e distrair-se na meditação deles, estando, portanto, longe de Deus.
56. Empenhemo-nos que a inteligência não permaneça nos pensamentos simples; nem por isso terá atingido o lugar da oração pois ela pode encontrar-se na contemplação dos objetos e ocupar-se em suas razões: ora, essas razões, sendo ao mesmo tempo expressões simples, em sua qualidade de considerações de objetos, imprimem uma forma na inteligência e a afastam muito de Deus.
57. Suponhamos que a inteligência se eleve acima da contemplação da natureza corpórea; ela ainda não tem a visão perfeita do lugar de Deus pois pode encontrar-se na ciência dos inteligíveis e partilhar sua multiplicidade.
59. Quem ora em espírito e em verdade, não tira mais das criaturas os louvores que dá ao Criador: é do próprio Deus que ele louva Deus.
60. Se és teólogo, vais orar verdadeiramente; se oras verdadeiramente, és teólogo.
61. Quando tua inteligência, num ardente amor de Deus, sai, por assim dizer, pouco a pouco, de tua carne; quando rejeita todos os pensamentos que vêm dos sentidos, da memória ou do temperamento; quando ela se enche, ao mesmo tempo de respeito e de alegria, então podes considerar-te próximo dos limites da oração.